Economia Titulo Indústria
Polo de cosméticos deve ganhar apoio

Prefeitura de Diadema, junto com o Ciesp
e outras entidades, articula criação de APL

Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
30/03/2015 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Retomar iniciativas para fortalecer o setor de cosméticos de Diadema e de todo o Grande ABC. Com esse foco, a Prefeitura do município, junto com entidades como a regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e a Fatec (Faculdade de Tecnologia) articulam o desenvolvimento de APL (Arranjo Produtivo Local) do segmento. APL é o formato em que instituições da sociedade civil e poder público dão apoio para que empresas de mesma atividade concentradas em uma região realizem ações em conjunto para ganhar competitividade.

A cidade já teve experiência desse tipo, que foi descontinuada há alguns anos. O diretor da empresa de dermocosméticos Valmari, Silvestre Resende, conta que, quando foi montada, em 2006, a iniciativa reunia 80 companhias da cadeia produtiva e contava com o apoio da administração municipal, que depois se afastou. O grupo se tornou associação privada e a gestão ficou difícil, porque os empresários passaram a priorizar seus próprios negócios. Ao mesmo tempo, na década passada, algumas grandes fabricantes fecharam as portas, como a Cooper, ou saíram da região, como a Pierre Alexander.

Os planos para o APL ainda estão em gestação, assinala o coordenador do Observatório Econômico e do Trabalho da Prefeitura, Wilson Abreu. Haverá a primeira reunião do grupo gestor no dia 16 de abril para, depois disso, começar a mobilização de empresas. Ele destaca que a atividade mantém a força na cidade. Pelo último dado disponível, da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), de 2013, há 51 indústrias de cosméticos no Grande ABC e, praticamente a metade (26), está em Diadema. Em 2007, havia número semelhante (27) no município. Isso sem falar nas empresas que fornecem produtos (como embalagens e tampas) ou serviços para esse segmento.

Além da iniciativa, já está agendada a segunda edição da feira Diadema Beleza, entre os dias 22 e 24 de junho, informa o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Trabalho, Jorge Biali. A primeira, com 27 empresas de ramos diversos, foi em agosto do ano passado e recebeu 5.000 visitantes.

PROMISSOR

Considerado um dos setores mais promissores da indústria química brasileira e que pode ser atrativo para investidores aportarem recursos na produção local, de acordo com estudo encomendado pelo BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), o segmento de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos do País registrou crescimento nominal de faturamento de 11% em 2014 (descontada a inflação, de 6,41%, ainda fica bem acima da alta de 0,1% do PIB nacional), chegando a R$ 101,7 bilhões. E o Brasil é o terceiro maior mercado consumidor desses produtos, atrás apenas dos Estados Unidos e da China.

O estudo aponta que a atividade nacional deve ter expansão anual média de 8,9% até 2017, e tende a ganhar ainda mais impulso se contar com a ajuda do petróleo do pré-sal, que pode ampliar a disponibilidade de insumos petroquímicos e, se houver atualização no marco regulatório de acesso ao patrimônio genético, contribui para facilitar o acesso à biodiversidade. Além disso, identifica potencial para ampliação das exportações, para a América Latina, mercado estimado em US$ 700 milhões em 2017.

Indústria em Mauá faz insumo para o setor

O Grande ABC, além de reunir muitas indústrias de cosméticos, também é forte em insumos para esse segmento. É o caso da Oxiteno, com fábrica em Mauá, que produz tensoativos, substâncias que ajudam a dar limpeza e espuma para as formulações de xampus e sabonetes. A companhia é a segunda maior do mundo em produção de um tipo de tensoativo chamado etoxilado, bastante utilizado em produtos de home & personal care (cuidados pessoais e limpeza doméstica). O chefe de marketing dessa área na Oxiteno, Leandro Soncini Rodrigues, salienta que a empresa vem reforçando investimentos na substância nos últimos dez anos.

Anualmente, destina 1,5% do faturamento líquido (em 2014, a companhia faturou R$ 3,4 bilhões) em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) e conta com mais de 100 pessoas dedicadas à área em Mauá. em busca de inovação para oferecer às empresas clientes. O potencial de crescimento do mercado ajuda. “O consumo per capita de xampu no País é da mesma ordem que dos Estados Unidos”, diz. 




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