O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), atacou publicamente o único gestor do Grande ABC que não apoiou a presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) na corrida presidencial, caso de Lauro Michels (PV), de Diadema. Segundo o petista, Lauro “não está dando conta do recado” no município vizinho.

A crítica contrasta com bom relacionamento de Marinho e Lauro. Embora pertencentes a partidos rivais em Diadema, os prefeitos hoje dividem o comando do Consórcio Intermunicipal – Marinho como presidente e Lauro de vice – e constantemente são vistos juntos em atividades públicas. O prefeito de Diadema, inclusive, teceu elogios ao colega e não é raro vê-lo pedindo conselhos administrativos.

Anteontem, durante inauguração de obra no Jardim do Mar, em São Bernardo, Marinho partiu para cima de Lauro, no momento em que discursava sobre municípios que optaram pela mudança de governo na eleição de 2012. “Muitas vezes vejo uma cidade indo bem com um projeto, mas aí chega um pessoal dizendo que cansou do partido tal. Como agora entrou em moda dizer que cansou do PT. A população de Diadema disse que cansou do PT e agora parece que está arrependida de ter trocado, porque o prefeito não está dando conta do recado. Espero que o povo de São Bernardo não entre nessa e depois se arrependa”, afirmou Marinho, que encerra seu mandato em 2016 e terá de apontar sucessor.

O chefe do Executivo de São Bernardo foi coordenador da campanha da presidente no Estado – foi a pior performance de um candidato do partido em âmbito estadual na história – e, antes da eleição, reuniu demais prefeitos integrantes do Consórcio Intermunicipal para pressioná-los por apoio a Dilma. Lembrou aos gestores a importância da reeleição da petista sob risco de perder generosa fatia no Orçamento federal já separada para obras de Mobilidade Urbana e intervenções habitacionais.

A pressão deu resultado com a maioria dos prefeitos – até mesmo o tucano Gabriel Maranhão, de Rio Grande da Serra, pendeu para Dilma. Somente Lauro optou por outra frente. No primeiro turno, caminhou com seu correligionário Eduardo Jorge. Na etapa final, pediu votos a Aécio Neves (PSDB).

Lauro afirmou ter recebido com estranheza os ataques desferidos pelo prefeito são-bernardense. “Marinho é meu amigo. Achei estranha a declaração. Nunca prometi que apoiaria a Dilma. Isso nunca saiu da minha boca. O que disse é que haveria possibilidade de eu apoiar. O PT em Diadema é meu adversário. Só que criticaram demais meu governo, com campanha leviana, com inverdades sobre minha gestão e ataques à minha família. Fiquei desanimado (em seguir a campanha do PT)”, destacou.

Mesmo afirmando que não iria entrar na provocação, o verde alfinetou. “Acredito que houve equívoco (na frase de Marinho). Não vou ficar mandando recado para ele em meus discursos. O que é fato é que o PT perdeu na cidade. Essa é a maior prova que a população tem aprovado meu governo.”