Economia Titulo Sindical
Mercedes não fechará
fábrica de S.Bernardo

Empresa contraria afirmação de entidade e
diz que negociações duraram cerca de um ano

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
30/09/2014 | 07:26
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Claudinei Plaza/DGABC


A Mercedes-Benz garantiu ontem que não vai fechar a fábrica de São Bernardo. Desta maneira, a montadora contraria a possibilidade levantada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC aos funcionários da unidade, na quinta-feira, em assembleia.

“A Mercedes nunca teve a intenção de fechar a planta de São Bernardo”, assegurou a montadora, por meio de nota. Durante a assembleia, porém, antes de iniciar a apresentação da proposta de campanha salarial, o diretor de comunicação da entidade, Valter Sanches, gritou no carro de som para que os trabalhadores não duvidassem que a matriz da companhia, na Alemanha, tome a decisão de fechar a fábrica. “Em poucos lugares no mundo se consegue reverter uma decisão tomada pela Alemanha”, observou.

Na sequência, o diretor rebateu críticas de alguns trabalhadores à entidade. “Sindicato dividido é sindicato fraco. E sindicato fraco tem conquistas baixas. Em Juiz de Fora (Minas Gerais), por exemplo, teve três chapas na última eleição. O salário médio lá é de R$ 3.684. Enquanto em São Bernardo é de R$ 6.038.”

A entidade informou aos trabalhadores, ainda, que a Mercedes investiria 1 bilhão de euros, o mesmo que cerca de R$ 3 bilhões, em troca da aprovação da proposta salarial. A montadora disse que não se pronunciaria, por ora, em relação ao investimento.

Em seguida, o presidente do sindicato, Rafael Marques, tentou explicar a comparação que Sanches fez com o sindicato de Juiz de Fora e anunciou que a votação, desta vez, seria por urna, inédita na Mercedes, destacando que em votações com grande número de trabalhadores (10,5 mil), cerca de 40% podem votar contra. A assembleia contou a presença dos funcionários de lay-off (suspensão temporária de contrato de trabalho), que segundo a montadora, são 1.200.

A companhia confirmou que recebeu a informação de que os trabalhadores aprovaram a proposta de acordo salarial. E destacou que essas negociações tiveram início há cerca de um ano. O sindicato, por sua vez, preferiu não se manifestar sobre o assunto, após ser procurado pela equipe do Diário, ontem.

ACORDO - A proposta, prevista para durar até 2017, terá reajuste da inflação, neste ano pago em forma de abono, de R$ 5.250, para redução de encargos, mais aumento real de 2% transformados em 44 horas no banco de horas. Em 2015, 2016 e 2017, as correções repõem as inflações acumuladas direto em incrementos nos salários e altas reais, de 2%, em forma de abonos, de R$ 2.427 até R$ 2.661. A PLR (Participação nos Lucros e Resultados) atingirá neste ano R$ 10.102. O fim do lay-off dos cerca de 1.200 funcionários foi postergado de 30 de novembro para 30 de abril. Também serão abertos dois PDVs (Programas de Demissão Voluntária) em novembro e janeiro.

Segundo o sindicato, entre os pedidos da Mercedes, no acordo, está ainda a mudança das seções de pintura e montagem bruta para Juiz de Fora, porém, com a realocação, em São Bernardo, e requalificação dos cerca de 600 operários dessas áreas.
 




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