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Ex-ídolos: falta de planejamento é razão para fiasco
Thiago Bassan
30/09/2014 | 07:52
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Falta de planejamento. Isso é o que prejudicou o São Caetano nos últimos anos e o colocou na última divisão do futebol brasileiro. Pelo menos é essa a opinião de dois dos maiores ídolos da história do clube: o atacante Adhemar e o lateral-direito Ânderson Lima.

Com a experiência de maior artilheiro dos quase 25 anos do Azulão – a serem completados em 4 de dezembro –, com 68 gols, Adhemar lamentou a falta de preparo da equipe para disputar a Série C, a exemplo do que, na opinião dele, havia acontecido em outras ocasiões.

“A maneira como foi tratado o futebol serviu estritamente para fazer dinheiro. Tentaram achar um time ideal, mas sem dar tempo para treinador ou jogador se adaptar ao clube. Hoje, o atleta vem ao São Caetano para cumprir contrato e usá-lo com ponte para chegar ao futebol internacional ou aos grandes clubes. Deveria ter sido feita triagem melhor com esses jogadores que passaram por aí”, explicou Adhemar.

A opinião do ex-atacante é compartilhada pelo ex-lateral-direito Ânderson Lima. “Falta planejamento sério. Infelizmente, acontece isso. O clube precisa de profissionais à altura nos setores do departamento profissional. Se o São Caetano se planejasse, poderia estar na Série A, por exemplo. Não adianta ir ao mercado e procurar jogadores de Série B ou C, mas, sim, o que for melhor para o clube. Se não fizer isso, não vai ter sucesso nunca”, destacou.

Adhemar evitou pôr a culpa no presidente Nairo Ferreira de Souza e no diretor de futebol, Genivaldo Leal, mas afirmou que ambos poderiam ter atitudes mais firmes em relação às cobranças e manter os técnicos por mais tempo no clube.

“O presidente não entra em campo. Tenho muito respeito pelos dois. Mas vejo que ambos deveriam ter pulso firme para segurar a bronca e manter os treinadores por mais tempo no cargo. Não adianta tirar 30 jogadores e contratar mais 40. Não é a quantidade que faz a diferença. Não é porque jogou no Corinthians ou no Palmeiras que vai ser craque. Existe uma série de fatores”, disse Adhemar. “Se formos analisar o São Caetano da minha época, cheguei ao clube no fim de 1996 e, no ano seguinte, o time tinha o (lateral-esquerdo) César, o (goleiro) Sílvio Luiz, <CF51>(os zagueiros) Daniel e Dininho, o (volante) Magrão. Depois, em 1998, acrescentou-se ao elenco Adãozinho, Claudecir, Vagner. No ano seguinte, saíram um ou dois, mas tinham seis ou sete jogadores na base que já estavam preparados. Hoje, quando terminar a Série C, apenas um ou outro atleta ficará, assim como foi com o Luiz (goleiro)”, completou.

“É praticamente um trabalho que fizemos naquela época todo jogado fora, uma perda de tempo enorme. De 1997 até 2000, para levar à Série A, foi um espaço de vários anos. Subia em um ano e no outro batia na trave. Jogaram fora todo um trabalho de pessoas que se doaram, fizeram muita coisa pelo São Caetano. A gente largava a família para viver o dia a dia do clube. Hoje, a molecada sai e vai para a balada. Se você perguntar a data de fundação do São Caetano, nenhum jogador sabe”, afirmou Adhemar.

Demonstrando o mesmo sentimento de amor pelo clube, Ânderson Lima ressaltou que já se ofereceu em várias oportunidades para ajudar. “Temos pouca abertura no clube para auxiliar. Eu já me coloquei à disposição diversas vezes, mas não tive chance”, destacou o ex-atleta.

 

“Hoje, o Azulão vive situação muito complicada. Alguma coisa precisa mudar. Sinceramente, não sei o que acontece lá dentro. Gostaria de ajudar, mas existe certa dificuldade. Então, não sei dizer o que está certo ou errado. Espero que o clube possa virar esse jogo. Não existe mais espaço para amadorismo. Tem gente lá dentro que nunca vestiu a camisa do clube e outros de fora, querendo ajudar”, completou Ânderson Lima.   




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