Economia Titulo Investimento
Região vai criar polo tecnológico

Governo de São Paulo apoiará a iniciativa, que se
destina a estimular pesquisa e aplicá-la na região

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
03/08/2009 | 07:00
Compartilhar notícia


Uma ideia que começou a ser discutida no início dos anos 2000 finalmente começará a sair do papel. O Grande ABC terá um polo tecnológico que vai integrar os sete municípios. O plano consiste basicamente em estimular a pesquisa de desenvolvimento em tecnologia e aplicá-la, de maneira integrada, aos setores tradicionais da região: metal mecânico, plástico, petroquímico e cosmético. Outro ponto é fomentar a diversificação da economia regional, essencialmente dependente dos manufaturados.

Hoje, o secretário do Desenvolvimento do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, vem ao Consórcio Intermunicipal do Grande ABC para apoiar a constituição de um grupo de trabalho que deve orientar as ações do polo. O chamado GT do Polo Tecnológico será coordenado pelo secretário de Desenvolvimento Econômico e Trabalho de Diadema, Luis Paulo Bresciani.

A implementação de um parque tecnológico regional, que não se constituirá em um só local físico para abrigar equipamentos e laboratórios, depende da ação conjunta das empresas do segmento de TI (tecnologia da informação), faculdades públicas e federais, escolas técnicas, centro de pesquisas privados, áreas de engenharias de grandes empresas, entidades representativas e poder público.

"O objetivo é criar uma rede com equipamentos espalhados pelo Grande ABC. E o GT possui a função de buscar a sinergia e a cooperação entre esses atores, para que tenhamos um esforço conjunto de modernização. Hoje não existe um esforço coordenado, cada um trabalha da sua forma", afirmou Bresciani.

De acordo com Fausto Cestari Filho, diretor-executivo do Consórcio, o grupo de trabalho vai promover a governança entre os participantes. "O GT vai estruturar as diversas ações existentes, detectando as necessidades das empresas, oferecendo um norte a todos os agentes. Atualmente, temos um sem-número de atividades que não se ordenam".

Entre as ações de apoio e suporte do GT, Bresciani aponta a realização de eventos técnicos relevantes na região, a fim de elevar o nível de conhecimento das empresas de TI e promover a inovação nos demais setores. "As grandes companhias, assim como as universidades, também terão papel fundamental, como o de difundir informação, capacidade de produção e auxiliar na oferta de estrutura e modernização tecnológica aos menores".

Aqui existe uma importante questão. Segundo Renato Grau, diretor do APL (Arranjo Produtivo Local) de TI, que reúne 25 empresas da região e será colocado em prática neste mês, a maior parte das pequenas companhias não tem competência para desenvolver um projeto de inovação tecnológica e concorrer a editais que proponham seu financiamento. "Esses empresários não têm estrutura. Ficam atolados com as questões do dia a dia e não conseguem ter tempo para pensar em algo inovador ou ter verba ou estímulo para se reciclar. Muitas vezes falta competência técnica", desabafou Grau.

Em sua opinião, é ótimo que esteja havendo um crescimento na oferta de linhas de crédito para as pequenas do segmento, com meses de carência para começar a pagar o financiamento, mas "não é como solicitar um empréstimo no banco, esses editais são bastante exigentes. Na contrapartida, oferecem benefícios como os juros baixos e o prazo longo".

Captação de recursos para projeto ainda não foi definida

Ainda não foi definido com recursos de quem o polo terá sua largada. Como ressaltou Cestari, existe um processo que está acabando de começar e não se sabe se o governo do Estado vai investir e nem quanto.

O que se sabe é que o Grande ABC, até o final de 2007, vinha sendo preterido pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento, que por meio do Sistema Paulista de Parques Tecnológicos, priorizou a criação de sete parques, localizados na Capital, Campinas, São José dos Campos, São Carlos, Ribeirão Preto, Piracicaba e São José do Rio Preto. À época, a justificativa para a escolha das cidades foi que elas já faziam parte do ciclo de tecnologia.

De fora dos projetos do governo, no final do ano seguinte, a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC encaminhou um projeto à secretaria de Alckmin e a região passou a ser incluída no sistema. "Mas certamente vamos trabalhar com a captação de recursos junto aos governos federal, estadual e até a órgãos internacionais", salientou Bresciani.

Parque tecnológico deverá fortalecer indústrias da região

O parque tecnológico do Grande ABC, além de trazer mais uma atividade para a região, poderá fortalecer, ainda, as competências já existentes no Grande ABC. "Não vamos jogar o passado no lixo, vamos aprimorar o que temos. E o parque pode trazer uma nova formatação a isso tudo. Seremos realmente bons no que? Essa é uma pergunta que a região ainda tem de discutir", avaliou Fausto Cestari Filho, diretor-executivo do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.

Como paralelo, Cestari Filho cita a indústria aeronáutica em São José dos Campos, em que existem a Embraer, o ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), o CTA (Centro Técnico Aeroespacial). "Lá eles são focados nisso, e são o centro de desenvolvimento e inovação do setor no País".

Em relação ao polo de São Caetano, que pretende se estabelecer no Espaço Cerâmica, construído pela Sobloco, a diferença fundamental consiste no esforço regional, e não apenas municipal.

"Inclusive, o que já foi desenvolvido hoje no município pode agregar ao que pretendemos estender a todo o Grande ABC. E essa será uma das competências que o município terá dentro das ações do parque regional", afirmou Cestari.

Na cidade, como disseminadores da ideia, existem a ETE (Escola Técnica Estadual), que oferece o Ensino Médio em TI, a Fatec (Faculdade de Tecnologia), que forma profissionais para atuarem nessa atividade, as Casas Bahia, que instalaram seu CPD (Centro de Processamento de Dados) na cidade e, segundo Cestari, pretendem ampliar o investimento nessa área. E há a USCS (Universidade Municipal de São Caetano), que embora não seja focada em uma só área de formação, tem cursos voltados para o tema.

Mas não somente São Caetano vai ajudar na implementação do parque. Mauá pode contribuir com o desenvolvimento de plásticos diferenciados, São Bernardo, com a metal mecânica, e Diadema, com seu polo cosmético.

Ao incorporar tecnologia ao produto já existente, agrega-se valor a ele, e seu custo se eleva. "Não é uma frustração. É uma evolução. Vamos ter de fazer um arranjo e, em suma, pegar o que temos de melhor para nos tornarmos mais competitivos".

EDUCAÇÃO - No Centro Tecnológico da General Motors, em São Caetano, há dois anos foram abertas 1.200 vagas para engenheiros. No entanto, houve dificuldade para o preenchimento de todas as vagas. "As entidades educacionais da região terão de rever seus currículos, readequar suas grades, para formar profissionais focados e com competências voltadas a um objetivo comum na região", alertou Cestari.

Esse será mais um trabalho que o Grupo de Trabalho do Polo de Tecnologia, liderado pelo secretário do Desenvolvimento Econômico de Diadema, Luis Paulo Bresciani, vai ter de solucionar. "Se queremos crescer em TI, elas terão de rever a necessidade de cursos de pós-graduação voltado para a área e de investimento em pesquisas de ponta", ressaltou Bresciani.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;