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Famílias pobres dividem sonhos

Esperança de algumas mães é que filhos ainda pequenos
tenham um endereço, uma casa que não traga riscos à vida

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
08/03/2013 | 07:00
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Embora ocupem posições distintas no mapa, as donas de casa Marlene Aparecida Souza, 33 anos, e Magali Serafim Pereira, 50, enfrentam as mesmas dificuldades no dia a dia e almejam sonho comum: moradia digna para a família. A esperança é que os filhos ainda pequenos tenham um endereço, uma casa que não traga riscos à vida e onde não seja preciso recorrer a ligações clandestinas para ter acesso a água e energia elétrica. Essas mulheres estão entre os cerca de 250 mil moradores do Grande ABC que vivem no limite da extrema pobreza segundo o IPVS (Índice Paulista de Vulnerabilidade Social).

Magali é ex-auxiliar de limpeza e mora há 12 anos próximo ao antigo lixão do Alvarenga, em São Bernardo. A família, composta pelo marido aposentado e dois filhos, de 11 e 14 anos, vive com cerca de R$ 500 por mês. A principal preocupação é o risco de os filhos adquirirem doenças oriundas da convivência com ratos e em área pouco arejada.

O lar da família de Magali está em área de muito alta vulnerabilidade. O cenário é de ruas de terra batida, postes de iluminação irregular, conhecidos como ‘gatos', para abastecer as residências e nenhum conforto. O barraco de madeira tem três cômodos bem apertados. No quarto maior, ocupado quase todo por uma cama de casal, dormem a dona de casa e os dois filhos. "Eles são minhas paixões. Meu sonho é tirá-los daqui." O mais novo, Henrique, diz gostar de onde vive. "Tenho amigos."

São Bernardo tem 86.399 pessoas vivendo em condições semelhantes às da família de Magali. O número corresponde a 11,4% da população de 760.543 habitantes. Em contrapartida, apenas 5% do total de moradores da cidade vive bem.

DIADEMA

Na vizinha Diadema, Marlene é uma das 40.630 pessoas que moram em aglomerados subnormais em alto grau de pobreza - 10,6% da população total. Na outra ponta da pirâmide, 508 munícipes estão em situação de baixíssima vulnerabilidade.

Ao lado do marido, operador de máquinas, e de quatro filhos, a dona de casa vive há 17 anos no Sítio Joaninha, um dos mais precários loteamentos irregulares de Diadema. Apesar de ser de alvenaria, a casa da família tem quatro cômodos e não possui piso nem azulejo. O telhado é vulnerável e deixa o lar descoberto toda vez que chove. No entanto, o que mais preocupa a ex-diarista é a falta de vigas de sustentação na residência. "Teria que derrubar tudo e construir de novo."

Na área externa, barris guardam a água recebida via caminhão-pipa e utilizada para lavar a roupa e o quintal. Para beber é preciso comprar. Em caso de temporais, a família fica isolada, pois o córrego próximo dali transborda. "Meu principal desejo é ter uma casa com laje", diz. A família vive com R$ 900, considerando os R$ 190 que recebe do Bolsa Família, do governo federal.

REGIÃO

A pesquisa divulgada na quarta-feira pela Fundação Seade indica que 10% da população do Grande ABC ocupa posição preocupante, na linha da pobreza. A pior situação está em Mauá, onde 16,2% dos moradores estão nesse grupo. Santo André tem 8% da população em área de muito alta vulnerabilidade, e Ribeirão, 2,3%. São Caetano e Rio Grande da Serra não têm moradores com este perfil.




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