Atletas brasileiros treinam há tempos para a Olimpíada de Pequim. Mas não são os únicos que se preparam com antecedência. As emissoras de TV também estão de olho na China, onde os jogos começam na próxima sexta-feira.

Boa parte dos profissionais da Globo e da Band, únicas redes de TV aberta com direito de exibição, já está do outro lado do mundo. Na Globo, por enquanto, o confirmado é que os telejornais não serão ancorados da China, diferentemente do que aconteceu na Copa do Mundo do Japão e da Coréia em 2002 - que tinha fuso horário parecido.

"É difícil ancorar um evento poliesportivo. Escolher um cenário único para falar de várias modalidades não faz sentido. Optar por outro neutro, mas mudá-lo todo dia, também não é simples", justifica João Pedro Paes Leme, chefe de redação de esporte da Globo, ao alertar sobre restrições impostas pelos chineses.

A Band promete transmissão ininterrupta das 21h às 12h seguinte, no horário de Brasília. É o período em que ocorre a maioria das competições. A emissora só não confirma o que vai fazer se programas como o Jornal da Noite de Bóris Casoy, por exemplo, baterem com momentos importantes dos Jogos. "Damos espaço inclusive para modalidades em que o Brasil não tem atletas de ponta. A Globo não tem a mesma flexibilidade que nós para abrir sua grade de programação", compara Carlos Gomes, diretor de esportes da Band, que leva 80 profissionais para Pequim.

Já a Globo terá uma equipe de 190 profissionais, entre eles, Pedro Bial, Tadeu Schimidt e Marcos Uchôa. Do total, 120 saem do Brasil e 70 são contratados na China.

Canais pagos - Para os canais pagos especializados em esportes, a Olimpíada é um prato cheio. A Bandsports simplesmente vai suspender sua programação habitual para se dedicar aos Jogos. Além da exibição ao vivo do evento, noticiários sobre o que acontece ao longo dos dias e reprises dos melhores momentos completam a grade.

O SporTV, que em Atenas ofereceu quatro canais aos seus assinantes, desta vez trabalhará com cinco, um dos quais 24 horas voltado para Pequim. "Um deles é um mosaico com o que é apresentado nos outros quatro. Há também um ícone com o quadro de medalhas", explica Pedro Garcia, diretor de negócios do SporTV e do Globosat HD.

Já o ESPN Brasil trabalha com menos canais, dois no total. Mas o diretor de programação e de jornalismo José Trajano aposta na experiência que sua equipe tem no assunto. "Quantidade não é qualidade. Ao contrário de outros que só aparecem nessas horas, vamos fazer o que fazemos todos os dias, há 13 anos", valoriza, ao dizer que foram feitas palestras sobre a China e parte da equipe teve aulas de mandarim. Ao todo, serão 30 horas por dia de transmissão ao vivo, distribuídas pelo ESPN e ESPN Brasil, e mais seis horas de jornalismo.

Alta definição - São eventos com visibilidade mundial como os Jogos Olímpicos que possibilitam às TVs, abertas ou fechadas, alardearem sobre os investimentos em tecnologia. Desta vez, no entanto, o lugar-comum é falar da primeira olimpíada transmitida em alta definição. Mas também há câmaras exclusivas. "Temos uma no estádio olímpico e no local onde acontecem as partidas de vôlei de praia", conta Carlos Gomes, da Band.

Para as emissoras abertas que não têm o direito de exibição, a alternativa são as matérias comportamentais sobre um país com cultura e costumes bem diferentes dos brasileiros. SBT e RedeTV! terão repórteres na China, que vão entrar ao vivo nos telejornais de suas emissoras.

A mesma situação limitada vale para a Record, que tem os direitos exclusivos sobre os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. "Desejamos que essa experiência sirva como aquecimento para nossos profissionais. Eles também vão produzir reportagens para a Record News", afirma o gerente de comunicação da emissora Ricardo Frota.

Nervosismo na véspera - A maratona de eventos da Olimpíada aumenta a ansiedade daqueles que fazem a cobertura do evento. Alguns deles, inclusive, são ex-atletas e não escondem que o nervosismo às vésperas do início das transmissões é grande, mesmo com experiências anteriores no currículo.

É o caso de Robson Caetano, medalha de bronze em Seul e Atlanta. "O nervosismo como atleta era menor. Com flash ao vivo a voz sempre embarga, mas a gente consegue mostrar um bom trabalho", revela Robson, que nos seus terceiros Jogos como analista, segue para China com a equipe do SporTV.

No caso de Álvaro José, da Band, o fato de estar a caminho de seus oitavos Jogos não diminui seu entusiasmo. Ele acredita, inclusive, que o Brasil fará a melhor campanha da história, e aposta em algumas medalhas em especial. "Pela primeira vez teremos uma medalha com as mulheres do atletismo. Jadel Gregório e Diego Hipólito também podem trazer o ouro", prevê.

Há quem prefira ser mais comedido nos palpites. "O Pan criou falsas expectativas e temos de tomar cuidado. Não somos uma potência olímpica. Arrisco minhas fichas no vôlei masculino", pondera Luiz Carlos Jr., do SporTV.

Notícias na madrugada

Os Jogos Olímpicos começam oficialmente na próxima sexta-feira, com a cerimônia de abertura às 9h, no horário de Brasília. O evento será exibido pela Globo e pela Band, além de todos os canais especializados em esportes na TV fechada. As partidas de futebol feminino e masculino, no entanto, iniciam antes, no dia 6, para que dê tempo de realizar todos os jogos até as finais, marcadas para 21 e 23 de agosto.

A partida que abre as transmissões da Olimpíada de Pequim é a disputa entre Brasil x Alemanha de futebol feminino, às 6h. Os homens entram em campo no dia 7, também às 6h, na partida Brasil x Bélgica.

Já no dia 9, várias modalidades começam a ser disputadas, algumas com finais que dão direito a medalhas, como ciclismo, esgrima, halterofilismo, judô e tiro. O vôlei feminino também tem início nessa data, com uma partida entre Brasil e Argélia, à 1h30. As meninas do basquete entram em quadra no jogo Brasil x Coréia do Sul, às 5h45.

Como é costumeiro, os últimos esportes a estrearem são do atletismo. As provas começam no dia 15 de agosto e, tradicionalmente, a maratona encerra mais uma edição do evento no dia 24.

Globo - Os programas esportivos da emissora vão dar destaque à Olimpíada e o Fantástico dará o pontapé inicial na cobertura dos Jogos. Os repórteres presentes em Pequim entram neste domingo no programa com os últimos detalhes sobre a organização. O Globo Esporte será ancorado por Tino Marcos, no Brasil, e trará um resumo das competições de cada dia. O programa ainda vai mostrar diariamente uma personalidade que esteja se destacando nos Jogos. Durante o Esporte Espetacular acontecerá a transmissão de algumas das principais competições. Haverá quadros criados especialmente por causa do evento.

Rede Band - A Band promete privilegiar modalidades menos conhecidas. Já a Bandsports deve exibir um conteúdo diferente da ‘irmã', para que os assinantes tenham alternativa. A Bandsports, inclusive, promete comentaristas exclusivos para cada um dos esportes olímpicos. Além disso, o programa Maratona Bandsports terá duas edições diárias, uma das 13h às 15h e outra das 19h às 22h, com comentários e resultados do dia, além de agenda de programação para o dia seguinte.

SporTV - Em cada um de seus quatro canais, a SporTV mostrará um esporte diferente, ampliando o leque de opções ao telespectador. O Bem Amigos, apresentado por Galvão Bueno nas noites de sexta-feira, sai do ar durante os Jogos. O SporTV, entretanto, não deixa de lado o Campeonato Brasileiro de futebol, que continua acontecendo nesse período. Arena SporTV e Tá na Área não saem da grade.

ESPN - A programação olímpica fica mais diversificada em seus dois canais. Durante partidas mais longas, como as de vôlei e de futebol, pretende inserir flashes de outros esportes. Além dos programas Boa Noite Pequim e Bom Dia Pequim, que trazem os melhores momentos e comentários da Olimpíada, os canais vão reprisar partidas em que o Brasil esteja presente em diferentes horários da programação.

Globo News - No canal de notícias, Eduardo Grillo entra ao vivo diariamente no Jornal das Dez, direto de um set no centro de TV da Olimpíada.