Cultura & Lazer Titulo Literatura
Livros para brincar

Com cartolina, fósforo, cola e giz de cera,
editora de Sto.André cria obras artesanalmente

Por Vinícius Castelli
Do Diário do Grande ABC
21/09/2014 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Imagine um universo lúdico na literatura, cujo livro é algo que aguça, que brinca com a imaginação. Um mundo em que a obra é parte do leitor e que vai muito além de páginas, tem histórias para contar. É assim que funciona a Fariaria Livros Inusitados, editora independente de Santo André.

A meta é divertir e provar às crianças e também aos adultos que eles podem deixar a imaginação rolar solta e criar seus próprios livros. O trabalho é realizado por duas pessoas: Victor Faria, 29 anos, formado em Letras, cuida de dar vida às histórias e sugerir como serão esses livros; André dos Santos Sereno, 31, professor de Educação Física, é o co-editor e responsável por fazer com que as sugestões ‘malucas’ de Faria ganhem vida.

Eles trabalham em casa com ambiente tranquilo, onde tudo é pensado e produzido na raça, com carinho e cuidado. A fábrica de contos funciona na mesa da cozinha, colorida e ilustrada por tubos de cola, cartolina, tesoura, régua, retalhos, giz de cera e sim, acredite se quiser, bolhas de sabão. É claro que as canecas com café para espantar o sono das madrugadas e deixar que as ideias flutuem também não ficam de fora.

A primeira obra da dupla, A Incrível, Porém Breve, História de Um Palito de Fósforo, surgiu em 2010. A capa traz um palito de fósforo e as folhas que, montadas uma a uma, se desdobram e formam espécie de caminho até o desfecho do conto. Cada peça desse livro leva, em média, duas horas de trabalho.

“Eu queria mostrar que a literatura pode ser um jogo”, conta Faria ao Diário. “A história é sobre como duas cabeças pensam melhor do que uma. O fósforo pede chance para reencarnar”, diz o escritor. Mas para saber o que acontece com o palito, só brincando com o livro. Criar histórias para revelar o que acontece com o tal fósforo depois que reencarna não é carta fora do baralho. “As pessoas pedem”, afirma Faria.

A ideia de outro livro surgiu em oficina que Faria ministrou. A criança escrevia sua história em bolachas, assava e depois as comia. A partir daí, veio a segunda obra da editora: Vovó Maria, lançada em 2013. Faria escreveu o livro e Sereno fez nascer a peça. “Meu trabalho é dar formato à imaginação do Victor. Decidir o melhor material para usarmos. É um trabalho em conjunto”, explica o artista.

A história é embalada num pequeno pacote que parece ser de biscoito. Dentro, bolachinhas de papel relatam a memória de quatro netos a respeito de sua avó. “O André falou para fazermos em papel que fosse réplica de bolacha, e deu certo”, conta Faria. “Essa história saiu de supetão, fiz em 1h30. São 40 bolachas, algumas delas estão em branco, para que a pessoa possa criar algo”, diz Faria. “Tem adulto que compra, fala que é para presentear alguma criança e depois eu descubro que era para ele mesmo”, conta.

A editora tem também uma peça chamada Brisa. Feito com varetas de pipa, o livro tem um detalhe em suas folhas coloridas: os artistas estouram bolhas de sabão nas páginas. “Tenho de me divertir enquanto trabalho”, brinca Faria. A história, voltada aos adultos, fala de como não percebemos a beleza de diversas situações, por sempre estarmos preocupados com compromissos e coisas do cotidiano.

“Já listamos várias sugestões para as próximas obras. Temos A Árvore, que será feita em madeira, tem o Labirinto. A ideia é sempre continuar a produção de forma artesanal”, diz Sereno. Qualquer peça criada pela dupla custa R$ 25 e pode ser comprada por meio da página no Facebook (fariariali) ou pelo telefone 2786-2665.




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