Turismo Titulo Escócia
Terras altas e baixas
cheias de charme

Cheia de espírito e tradições a Escócia da vida
real é ainda mais surpreendente do que nos filmes

Por Andréa Ciaffone
do Diário do Grande ABC
18/09/2014 | 07:07
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Divulgação


Whisky, homens de saia xadrez e joelhos à mostra, gaitas de fole e castelos, muitos dos quais assombrados, e o monstro do lago Ness. Sim, esses são os elementos que o imaginário popular – no Brasil e no mundo – atribui à Escócia. E quem já esteve lá pode afirmar: é tudo verdade. Ok, a parte dos fantasmas pode exigir certa dose de comprovação. Mas, enquanto o Padre Quevedo não faz estudo detalhado sobre os fênomenos sobrenaturais relatados, dá para dizer que sim, eles existem. Afinal, sua forte presença os transforma em entes bastante ‘palváveis’ nas conversas e nas histórias.

Paisagens lindas fazem da Escócia um destino de viagem de alto valor agregado para qualquer turista, mas o fato é que para curtir o local de forma superlativa é preciso ter boa dose de bom humor e imaginação. Quem não tiver, pode sempre recorrer a algumas doses de whisky nacional e, assim, garantir o estado de espírito exato para entrar na vibração dos escoceses, repleta de mitologia.

Por exemplo, diz a lenda que as pessoas ficam mais felizes na Escócia. E os locais explicam a razão que, como tudo por lá, misturam ciência e imaginação. Segundo os highlanders, existe certo índice de evaporação dos milhares de litros de whisky em processo de envelhecimento nos barris nas destilarias. Esses vapores residuais, chamados de spirits (espíritos) da bebida seriam responsáveis pelo bom humor das pessoas nas Terras Altas, região que concentra a produção da bebida baseada em malte. Lá, o líquido alcança qualidade especial graças à combinação de sofisticadas técnicas de produção com a água de extrema pureza dessa região no Norte das Ilhas Britânicas.

A parte dos kilts (o tal saiote pregueado) feitos de tartan (os variados desenhos xadrezes que correspondem aos diversos clãs) mostra o apego dos escoceses às suas raízes e à sua civilização, que ocupa a região desde a Pré-História e que mostrou muito mais resistência à invasão romana do que a dos ingleses. Na verdade. foi nesse ponto geográfico que os romanos construíram a Muralha de Adriano, limite do Império, que separava o mundo civilizado dos bárbaros do Norte. O local da fortificação marca até hoje a fronteira entre Escócia e a Inglaterra.

Plebiscito de hoje pode separar a Escócia

Hoje os escoceses vão decidir nas urnas uma questão que está pendente há mais de 1.000 anos. A Escócia será um país independente e desvinculado dos outros que formam o Reino Unido – a saber, Inglaterra, País de Gales e Irlanda do Norte – ou seguirá junto sem alterar a relação que se formou quando, na alta Idade Média, as nações das Ilhas Britânicas se uniram para melhorar suas chances contra os ataques dos bárbaros vikings.

De acordo com as pesquisas de intenção de voto divulgadas na imprensa, o sim e o não estão praticamente empatados e, tudo indica, que o resultado será definido por diferença pequena de votos.

Quem viu o vencedor do Oscar de 1996, Coração Valente Braveheart dirigido e estrelado por Mel Gibson e que conta a luta do escocês William Wallace – para que seu país não caísse sob o domínio inglês no fim do século 13 – deve achar no mínimo estranho que agora que existe a oportunidade de independência pacífica, ainda tenha hesitação.

Afinal, desde os tempos imemoriais os escoceses reforçam sua origem étnica; são descendentes dos escotos e dos pictos. Já os ingleses se formaram a partir dos anglos, povo germânico, e foram intensamente influenciados pelos romanos.

Economia forte e desenvolvimento podem manter país no Reino Unido

Os tempos em que os escoceses eram considerados bárbaros estão bem distantes. Hoje, o país de 5,3 milhões de habitantes é considerado referência em prosperidade e seu IDH (Indice de Desenvolvimento Humano) é mais alto do que a média do Reino Unido e de países como Alemanha, França e Japão.

Para o turista, entretanto, tudo isso se traduz em tranquilidade e segurança na hora de aproveitar as belas paisagens, os esportes típicos e os sabores locais. E é justamente o desejo de manter o clima de prosperidade que faz com que muitos escoceses traiam o desejo histórico de libertação e autonomia.

A principal razão que leva parte dos escoceses a continuar no Reino Unido é a moeda forte. A libra esterlina ajuda a manter os países das ilhas britânicas blindados dos aspectos mais rigorosos das crises econômicas das últimas décadas. Se a separação ocorrer, o país não poderá adotar o euro imediatamente e terá de criar moeda, cujo valor será afetado por sua dívida pública, que não é pequena. 




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