Depois de carreata ontem em São Bernardo, reduto do padrinho político Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a presidente da República, Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, sugeriu que a concorrente do PSB, Marina Silva, ilude o eleitorado ao fazer promessas sem esclarecer a fonte do investimento para programas de Educação e Saúde. “Se não explicar como (garantir dinheiro) está enganando (a população)”, frisou. Esta foi a primeira agenda eleitoral que a petista cumpriu no Grande ABC.

A atividade foi dirigida pelo prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), coordenador da campanha de Dilma em São Paulo. Mais uma vez, o petista utilizou horário de expediente para participar de ato eleitoral. Ele ficou por volta de três horas e meia no evento, que começou às 11h30, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, e finalizou às 15h, seguindo para almoço com correligionários na sequência. O local estava recheado de comissionados da Prefeitura.

Pouco antes da carreata, que percorreu o tradicional centro comercial da Rua Marechal Deodoro, Dilma concedeu entrevista no sindicato, e acusou a socialista de propor em seu plano de governo o fim da política industrial do País, o que provocaria desemprego. “Fiquei muito preocupada com o programa da candidata, porque ela reduz a pó a política industrial”, atacou. Segundo a petista, a adversária pretende tirar o poder dos bancos públicos de fomentar financiamento da indústria e agricultura.

Diante dos números da pesquisa Datafolha, na qual Dilma aparece empatada com Marina no patamar de 34% das intenções de voto, o PT mudou a estratégia de campanha, estabelecendo discurso de medo contra a ex-senadora. A tática é semelhante à adotada pelo PSDB no páreo de 2002, ano que Lula – em sua quarta disputa à Presidência – surgiu com força para tirar o tucanato do poder do Palácio do Planalto.

Demonstrando receio com o crescimento de Marina, Lula convocou os aliados a assegurarem apoio à sua sucessora na tentativa de transferir votação. “Peço (adesão) àquelas pessoas que votaram em mim por acreditar no que eu falava em 2006, 2002 e até mesmo quando perdi três eleições”, sinalizou, em ato simbólico na Igreja Matriz. “Ela tem todos os defeitos que todo mundo tem, até de ser mandona.”

Marinho alegou que a adversária “das incertezas veio com conversa mansa”, dizendo-se da nova política, mas já foi vereadora, deputada e senadora. “Onde está a nova política, companheira Marina?”