Diarinho Titulo Mais do que o mel
O doce trabalho das abelhas

Especialistas estão preocupados com o desaparecimento das abelhas, fundamentais para a natureza

Caroline Ropero
Do Diário do Grande ABC
24/08/2014 | 07:00
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As abelhas são conhecidas pela produção de mel, substância doce muito nutritiva usada também pelo homem. No entanto, possuem outra função de grande importância para a natureza. Elas fazem a polinização das plantas, ou seja, espalham o pólen (minúsculos grãos produzidos pelas flores) para que o vegetal se reproduza. Assim, nascem frutas, legumes e verduras.

Desse modo, o inseto tem papel fundamental na nossa alimentação. Até os animais que comemos precisam das plantas polinizadas por ele.

A preocupação dos especialistas é que algumas espécies estão desaparecendo. Até o ano passado, 31% das abelhas norte-americanas deixaram de existir. O motivo ainda é desconhecido. Alguns pesquisadores acreditam que o uso de pesticidas nas plantações seja um dos vilões. Há vírus, fungos, bactérias e outros parasitas que também causam a morte desses insetos. O principal deles é o ácaro Varroa destructor.

No Brasil, existem cerca de 20 mil espécies. Os apicultores (criadores de abelhas) de Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul também foram afetados pelo desaparecimento.

Para ajudar as colméias das cidades, os norte-americanos criaram jardins nos telhados de prédios. No campo, existe o incentivo para diminuir o uso de pesticidas.

Há pessoas que têm medo de abelhas, mas elas só costumam ferroar quando se sentem ameaçadas. Ao fazer isso, morrem em poucas horas, pois liberam a bolsa do veneno e parte do intestino junto do ferrão. A picada é perigosa só para quem tem alergia ao veneno. Se uma pousar em você, o ideal é não fazer barulho nem movimentos bruscos e esperar que vá embora.

Espécies brasileiras não usam ferrão

Das 20 mil espécies de abelhas conhecidas, cerca de 500 têm ferrão atrofiado, ou seja, não conseguem usá-lo. Pertencem à tribo Meliponini. Algumas das mais conhecidas no Brasil são jataí, arapuá, iraí, corta-cabelo, jandaíra, sanharó e tubiba.

Em geral, são bem pequenas. Como toda abelha, alimentam-se de néctar e pólen. Ao tentar se defender, usam a mandíbula para morder, se enrolam no cabelo ou tentam entrar no nariz, ouvido e boca.

A espécie tataíra, também conhecida como caga-fogo, libera substância que queima a pele do intruso que lhe pareça uma ameaça.

Abelhas operárias produzem o mel

A abelha é o único ser capaz de produzir mel. Algumas espécies podem fazer de 20 kg a 60 kg por ano, enquanto a maioria das brasileiras consegue apenas 1 kg. O alimento tem sabor diferente dependendo da planta da qual foi extraído o néctar.

A colmeia pode ter até 80 mil abelhas. Em geral, há uma rainha, responsável por colocar os ovos, os zangões, que fecundam a rainha, e as operárias, que produzem o mel. Elas retiram o néctar (líquido bem doce) das flores e o carregam em um tipo de bolsa no sistema digestivo. A substância passa por processo de desidratação e adição de substâncias, como vitaminas e sais minerais. Quando está pronto, colocam o líquido no favo (buraquinhos feitos com a mistura de pólen e cera), dentro da colmeia.

Outros polinizadores

Além das abelhas, outros insetos, como marimbondos, vespas e borboletas, fazem a polinização. Ao alimentarem-se do néctar, produzido no interior das flores, os grãos de pólen ficam grudados nos pelos de seu corpo e são carregados de uma flor para outra.

O beija-flor também é polinizador importante. O néctar é seu principal alimento. Em único dia, a ave consegue ingerir quantidade equivalente a até três vezes o seu peso. Em geral, o pólen gruda no bico e nas penas da ave. Assim, ao se aproximar de outras plantas, espalha os grãos reprodutores. Algumas espécies de morcegos, conhecidas como nectarívoras, alimentam-se da substância doce das flores e exercem a mesma função na natureza.

Saiba mais

Na animação Bee Movie – A História de uma Abelha (2007) Barry descobre que os humanos usam o mel das abelhas e decide processá-los. O problema é que, sem o trabalho delas na natureza, todas as plantas com flores começam a morrer. Só então a abelha percebe que precisam fazer algo urgente para salvar a vegetação.


Consultoria de Lúcio Antonio de Oliveira Campos, do departamento de Biologia Geral da Universidade Federal de Viçosa, Eduardo Almeida, do departamento de Biologia da USP de Ribeirão Preto, Marilda Laurino, bióloga colaboradora do Laboratório de Abelhas da USP. e Antonio Padovani Júnior, do SOS Abelhas, e do biólogo Guilherme Domenichelli.




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