Economia Titulo Emprego
Indústria da região
reduz ritmo de cortes

Em julho, fabricantes fecharam 756 postos;
quase 50% dos 1.491 eliminados em junho

Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
22/08/2014 | 07:21
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Ricardo Trida/DGABC


A indústria segue eliminando postos de trabalho com carteira assinada no Grande ABC, mas o ritmo dos cortes está diminuindo nos últimos meses. É o que apontam os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho.

Por esse levantamento, em julho, as fabricantes da região tiveram saldo (diferença entre contratações e demissões) negativo, com o fechamento de 756 vagas formais, o que foi praticamente a metade dos 1.491 empregos encerrados em junho. Também já tinha sido bem menos que a redução de 2.812 empregos em maio.

Os números sinalizam que o setor produtivo está desacelerando as demissões porque já fez volume significativo de desligamentos. “Não é uma observação muito animadora, mas seria pior se esse ritmo estivesse acelerando”, destaca o professor Sandro Maskio, que é coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista.

É bom lembrar que, no acumulado do ano (de janeiro a julho), as indústrias dos sete municípios já eliminaram quase 8.600 vagas formais e, nos últimos 12 meses, fecharam cerca de 13,5 mil postos. Outro levantamento, do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), mostra cenário ainda mais crítico, com 19,1 mil empregos eliminados em 12 meses. Porém, esse estudo pode incluir também autônomos e pessoas sem registro, enquanto o Caged contabiliza apenas o emprego com carteira assinada.

Apesar da tendência apresentada nos dados do Caged, o diretor da regional do Ciesp de São Bernardo, Hitoshi Hyodo, assinala que o clima entre os empresários não é de otimismo. “Há muita preocupação com (a perspectiva de) aumento da energia elétrica. E só não temos racionamento pela redução do consumo”, diz.

Ainda de acordo com o Caged, de janeiro a julho o comércio eliminou quase 1.700 vagas. Para Maskio, isso é explicado pela queda da massa salarial (renda média do trabalhador multiplicada pelo número de vagas) do setor industrial. “O comércio é movimentado pela renda disponível na economia e a indústria é a que mais gera massa salarial, porque paga salários maiores”, explica o economista. A situação seria pior se os ramos de serviços não tivessem se mantido com geração de vagas positiva (5.785) no acumulado do ano. Somando todos os setores, desde o início do ano a região tem saldo negativo de 2.903 postos; no ano até junho, o volume era negativo em 2.927.

Maskio não vê muito espaço para melhora do emprego no segundo semestre, por causa do processo eleitoral que, segundo ele, traz incertezas em relação à futura política econômica, levando os empresários a aguardarem para investir. Para ele, o anúncio feito pela General Motors de que vai investir US$ 6,5 bilhões no País nos próximos cinco anos é algo atípico, e pode ter a ver com a necessidade da companhia de renovar produtos e elevar a eficiência produtiva.

No entanto, há fatores que podem colaborar para a reação da atividade econômica nos próximos meses, aponta o professor de Economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Volney Gouveia. “O segundo semestre normalmente é mais ativo, haverá menos feriados e as indústrias se preparam agora para atender à demanda de Natal.”  




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