Cultura & Lazer Titulo Música
Jazz 2.0 no
Bourbon Street Fest

Edição 2014 do evento traz diversidade
do ritmo que fez do improviso uma arte

Por Andréa Ciaffone
Do Diário do Grande ABC
20/08/2014 | 08:14
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Divulgação


O tumtumtum do contrabaixo acústico, o piano atrevido, a guitarra envolvente, a bateria sutil, a energia dos metais e a voz humana para temperar. Essa é a receita base do jazz, produto típico da cidade norte-americana de Nova Orleans, que permite a mistura com molhos de vários sabores como o R&B (Rhythm & Blues), o zydeco e até o hip hop e o funk. Essas diferentes variações que compõem a lista de atrações do Bourbon Street Fest, que começou sábado com um show de abertura no Ibirapuera e vai até domingo. As apresentações realizadas na casa noturna Bourbon Street, em Moema, são pagas. Mas, domingo, para fechar o festival, haverá um grande show gratuito no Parque do Ibirapuera.

“A ideia é sempre trazer um pouco de tudo que está acontecendo. O jazz é o território da criatividade, da expressão, da inovação. É natural que evolua sempre e queremos trazer isso para o público brasileiro”, diz o criador do evento, que chega à sua 12ª edição, Edgar Radesca. Neste ano, o festival acontece simultaneamente em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

“Quando venho cantar aqui sempre sinto que parte da platéia conhece muito bem os clássicos e que também tem muita gente que ouve pela primeira vez e rapidamente se entusiasma”, diz a cantora Germaine Bazzle, que veio acompanhada da banda 504 Experience, com uma formação tradicional. Cantora e músicos mostram standards em um estilo muito elegante. “Essas músicas têm poesia poderosa, que toca as pessoas. Jazz tem a ver com viver a experiência da beleza sem medo”, diz Germaine, que aos 83 anos é uma diva no palco, embora recuse esse título. Ela se apresentou na abertura do festival e volta ao palco no sábado, dia 23, para um show na casa noturna.

Enquanto Ms.Bazzle representa o clássico, a Brass-A-Holics traz o que há de mais moderno na terra do jazz. Formada por nove jovens entre 20 e 30 anos, a banda criou o ritmo Go-Go Brass Funk, que é uma mistura das raízes das brass bands, bandas de metais típicas de New Orleans com o groove e ainda adicionou a guitarra roqueira de Matt Clark e o teclado da japonesa Keiko Komaki.

“Jazz é liberdade, então, a gente usa isso”, diz o trompetista Tannon Williams. “Queremos ter sempre um pé no passado e outro no futuro”, diz o guitarrista. O resultado desta proposta é um som denso, intenso, empolgante e alto-astral, com fluxo sonoro rico e set list surpreendente pela diversidade: inclui desde clássicos como Miles Davies e John Coltrane até versões sensacionais de Smells Like Teen Spirit (Nirvana), Girl on Fire (Alicia Keys), Livin'''' on a Prayer (Bon Jovi) e Don''''t Stop Believin'''' (Journey).

A Brass-A-Holics se apresentou na abertura do festival e fez o público dançar na chuva por mais de uma hora e volta ao palco na sexta-feira, dia 22, depois de Mia Borders, cantora e guitarrista que está cotada como um dos maiores talentos da nova geração nos Estados Unidos e que também toca hoje. Na sequência, o palco do Bourbon Street recebe Walter ‘Wolfman’ Washington & The Roadmasters, que foca seu show em blues e R&B e está entre os mais prestigiados músicos da cena de Nova Orleans.

Amanhã e na despedida do festival, no Ibirapuera, tocam Glen David Andrews, que foca seu trabalho em uma linha mais melódica que transita entre gospel, blues e soul, e Rockin’Dopsie Jr. & the Zydeco Twisters, que são aqueles que incendeiam o público com ritmo quente e instrumentos pouco vistos por aqui, como o washboard, que surgiu do aproveitamento sonoro das velhas tábuas de esfregar roupa. Prova de que, em Nova Orleans, tudo vira música.

12º Bourbon Street Fest – Música. De hoje a sábado, a partir das 21h30. No Bourbon Street – Rua dos Chanés, 127. São Paulo. Tel.: 5095-6100. Ingr.: R$ 65 a R$ 95, dependendo da atração. Domingo – Parque do Ibirapuera, Portão 10. A partir das 15h30. Grátis. 




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