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EJA de Santo André integra ensino formal e profissionalizante

Alunos podem cursar Marcenaria, Alimentação, Construção Civil, Comunicação Visual e Imagem Pessoal junto com ensino regular

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
18/08/2014 | 07:01
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Orlando Filho/DGABC


O técnico em elétrica e hidráulica José Oliveira Santiago, 40 anos, voltou aos estudos depois de 25 anos. A principal motivação para que o retorno aos bancos escolares acontecesse foi a oportunidade de aprender uma segunda profissão durante as aulas da EJA (Educação de Jovens e Adultos).

O aluno do 5º ano do Ensino Fundamental da rede de ensino de Santo André está entre os 80 matriculados na Ejafic (Educação de Jovens e Adultos com Formação Integrada Continuada), projeto retomado pela Prefeitura em 2013. No caso de Santiago, a área escolhida foi marcenaria, que inclui certificação como auxiliar de marceneiro, conhecimento básico e avançado sobre o tema e confecção de móveis.

“Comecei a pegar gosto pela marcenaria porque faço alguns trabalhos com meu irmão na área”, explica o morador da Vila Bastos. A primeira profissão, segundo ele, foi alternativa prática encontrada aos 15 anos, quando abandonou os estudos ao receber a notícia de que seria pai. Já a segunda merece planejamento. “Tenho planos de concluir os estudos e já engatar num curso avançado de Marcenaria. Com todo o conhecimento que a gente tem aqui, quem sabe não monto uma cooperativa com um grupo de amigos”, almeja.

A proposta da Ejafic é oferecer currículo integrado entre as disciplinas tradicionais e as específicas, explica a diretora da EJA, Maria Auxiliadora Elias. “Nosso intuito é que o aluno possa reconhecer a ciência presente no trabalho”. Para isso, entre as disciplinas está a FTG (Formação Técnica Geral), que propõe apresentar ao aluno todos os aspectos culturais, econômicos, políticos e geográficos da área escolhida.

Além da Marcenaria, é possível obter certificação nas áreas de Alimentação (que inclui formação em auxiliar de cozinha, padeiro e confeccionador de produtos de confeitaria), Construção Civil (pedreiro assentador, pedreiro revestidor de massas, revestidor de pisos e azulejos e permacultura), Imagem Pessoal (assistente de cabeleireiro, cabeleireiro, maquiagem e vendas) e Comunicação Visual (auxiliar de designer gráfico e auxiliar de diagramação). As inscrições seguem até o dia 28 nos cinco centros públicos de formação profissional da cidade.

“Queremos que a EJA seja mais significativa para a vida do aluno”, ressalta Maria Auxiliadora. O atrativo se torna necessário tendo em vista que cerca de 140 mil moradores da cidade com 15 anos ou mais ainda não concluíram o Ensino Fundamental. “Trata-se de formação integral para que essas pessoas tenham leitura completa do mercado de trabalho”, diz. São 1.600 horas de cursos, sendo 1.320 de conhecimentos gerais e 280 de profissional.


EXPANSÃO

A cidade oferece EJA para os dois ciclos do Ensino Fundamental tradicional (1º ao 9º ano) nas 27 Emeiefs (Escolas Municipais de Educação Infantil e Fundamental). São 3.640 alunos matriculados atualmente.

De acordo com Maria Auxiliadora, devido à exigência de local para laboratórios específicos, a Ejafic não pode ser ampliada. Uma alternativa é avançar em áreas que não exijam espaço para a prática, como o curso de Administração. “Estamos estudando para, ainda neste ano, levar essa opção para os alunos que concluírem a escolarização”, destaca.


Conhecimento se transforma em projetos para o dia a dia


A curiosidade e o desejo de aprender a lidar com a madeira se transformaram em oportunidade de aplicar, dentro de casa, os conceitos recebidos nas aulas. Pelo menos é essa a realidade da autônoma Shirley Freire, 43 anos, aluna do curso de Marcenaria e moradora da Vila Guiomar.

“Quando via madeira na rua, sempre me chamava a atenção e achava que poderia transformar aquela peça em algo útil”, afirma a aluna. Um dos objetivos após a conclusão do curso, segundo Shirley, é a confecção de um armário para sua cozinha. “Já tenho o desenho pronto na cabeça e aprendi até qual madeira é melhor para isso.”

O uso da técnica adequada para o manejo de cada tipo de material é, inclusive, uma das propostas do curso, esclarece o marceneiro Adelson Rodrigues, 45, instrutor da Ejafic. “Costumo dizer que a árvore continua com vida até depois de cortada e queimada”, ressalta.

Durante as aulas práticas, os estudantes aprendem desde o manuseio de ferramentas como esquadro e serrote até a refinar a coordenação em busca de trabalho mais elaborado.
 




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