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Choque na quebrada

Ela chegou quieta. Olhar penetrante. Seca pelo novo. Um lugar inóspito. Feio e largado. Desértico

Do Diário do Grande ABC
31/07/2014 | 09:01
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Artigo

Ela chegou quieta. Olhar penetrante. Seca pelo novo. Um lugar inóspito. Feio e largado. Desértico. Poeira no ar. O frio cortava os lábios finos e belos. Os mesmos apertam. O que será que vem? Surpresa? Tiro? Correria? Encara a realidade de frente. Chega. Desce. Olha nos olhos. Um silêncio de palavras. De descobertas. De aprendizados. A infância rica ficou pra trás. O sobrenome diferente não tem nenhum peso.

Ainda é bem-sucedida. As prioridades são outras. Quer saber do ser. Da vida. Da morte. Da vontade de matar ou de viver. Dos sonhos deles. Eles que são abandonados. Escuros. Não belos. Não vistos. Não mimados. Não desejados. Por outro lado, o suor escorre no frio. O bumbo bate. Sôfrego. Os goles descem batizados e abençoados por São Jorge. Os abraços se multiplicam. As vozes surgem. Os ouvidos se concentram ainda mais. O corpo se aconchega.

Os passos são curtos. Ela observa absolutamente tudo. Capta mensagens indecifráveis. Questiona para compreender o novo idioma. Está a 20 quilômetros da sua casa. O local belo. Rico. Zona Sul. De quem é bem-nascido e instruído. Seu coração pulsa a força dos oprimidos. Subempregados. Terríveis. Bandidos? Na realidade, pobres do capital, da Educação, do destino, da ganância.

Ao ouvir as primeiras sentenças sente as marteladas despejadas na lata. Na cara. A pureza do viver. A suposta alienação uspiana é colocada na mesa. Questiona. Abre palavras vivas. Se enturma. Como assim? Com marginais? Com assaltantes? Com o PCC? Com favelados? Não. Com seres humanos pobres da periferia. Apenas sorri. Não é efeito Estocolmo. Recebe carinho de seres racionais crivados de preconceitos. De bloqueios de oportunidades. Do racismo hipócrita brasileiro.

Falam do amor e da paixão, da mulher que tem de ser bem cuidada, bem tratada, do futebol, dos comezinhos da vida. Tipo dos problemas menores da relação. Da traição. Informam com a simplicidade de um gol perdido o destino do parente homicida. Do vizinho noia. Do amigo traficante.

Todos convivem e vivem rindo. Das incertezas, dos problemas e para a vida. O choque é da realidade. Não de gestão para inglês de pluma ver. Não foi morta, estuprada ou muito menos assediada. Não roubaram nenhum beijo. A mão foi tocada com leveza inúmeras vezes. O anel continuou no mesmo lugar.

Roubada foi a sua calma. A alma, por outro lado foi socada. Como o bumbo que dava o tom para 22 homens correrem atrás da bola. O troféu levado foi da amizade conquistada. Da união simples com os que moram da ponte pra lá. Barreiras quebradas. E, não um mero safári antropológico realizado num canto frio da maior cidade brasileira.

Willian Novaes é jornalista.

Palavra do leitor

Skaf
Gostaria de registrar minha decepção e repúdio ao me deparar com a notícia de que a coligação do candidato Paulo Skaf vai à Justiça tentar barrar pesquisa eleitoral do DGABC Pesquisas, ainda mais por motivos tão baixos, sujos e sem coerência. Nasci e moro no Grande ABC e me sinto ofendido ao ter meu voto menosprezado pela coligação e seu candidato. Não podemos ser julgados pelo simples fato de a região ter nomes fortes do PT, ser o berço do partido e ter o ex-presidente Lula como morador. A forma como se colocam, demonstram medo de enfrentar as urnas, acovardando-se. Menosprezar um instituto de pesquisa e toda uma população com 2 milhões de eleitores é muito arriscado. Antes de ler a matéria, confesso que estava em dúvida em quem votar. Até porque ainda não começou no rádio e TV a campanha. Porém, a certeza que tenho hoje é a de que jamais votarei no Paulo Skaf, pois tenho receio de que, se for eleito, irá desprezar a nossa região, barrando até obras e projetos em andamento. Que triste realidade um candidato já se sentir perdedor antes mesmo de o jogo de fato começar.
Thiago Scarabelli Sangregorio
São Bernardo

Poder
O PT, depois que chegou ao poder, mudou como da água para o vinho e infelizmente para pior. Adorava uma fofoca, uma encrenca, uma CPI. Hoje foge das CPIs, mas a fofoca continua, e sempre achando que tem razão.
Zureia Baruch Jr.
Capital

Direitos humanos
Acho lamentável instituições ditas honestas virem ditar regras em um País violento e sem controle. Ainda pior, regras só para proteger vândalos, bandidos e canalhas. Por que não envolvem nesse ridículo trabalho também aqueles que perdem pais, mães, irmãos e pagam pesados impostos para esses bandidos e vermes terem cinco refeições na prisão? Ora, vão procurar o que fazer e sejam pelo menos coerentes. Olhem também para quem é honesto. Ou se calem.
Antonio Jose Gomes Marques
Capital

Gigante
Com relação a essa polêmica criada por Israel, dizendo que o Brasil é um anão diplomático, já se ouve falar por aí que podemos não ser um anão diplomático, mas com certeza somos um gigante trapalhão. E cá entre nós, não apenas na diplomacia, posto que a turbulência pela qual está passando nossa economia nos faz acreditar que somos um gigante trapalhão também nessa delicadíssima área que atinge todas as classes sociais, particularmente aqueles menos assistidos que, na verdade, são a maioria esmagadora deste País. A propósito, quem quiser conferir as trapalhadas de um passado muito recente deve fazer uma pesquisa na internet. Tem para todos os gostos!
José Marques
Capital

Neymar
Neymar se machucou na Copa e está de licença. Será que o tempo de recuperação ultrapassou 15 dias? Se sim, o mesmo foi para o auxílio doença da Previdência Social? Com certeza, os médicos peritos deferiram seu pedido de afastamento. E ainda deve ter rolado um autógrafo, com direito a foto e tudo. Enquanto isso, pessoas doentes de verdade têm todos os pedidos indeferidos. E ainda têm de trabalhar machucadas, física ou psicologicamente. E, muitas vezes, sofrem assédio moral devido às idas e vindas aos médicos. Este é o País de todos.
Kioko Sakata
São Bernardo
 




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