Ficou claro, durante a (longa) apresentação do ‘revolucionado’ Ford Ka, que o adversário a ser batido é o Chevrolet Onix. Bom de vendas, mas ainda distante de Volkswagen Gol e Fiat Palio, o modelo fabricado em São Caetano é quem preenche melhor atributos de performance (potência e consumo), qualidade de acabamento e custo-benefício do segmento de hatches 1.0, o mais popular do Brasil, segundo o gerente de engenharia de veículos da Ford, Klaus Mello.

Ou seja, se o Ka quiser entrar de cabeça na missão de registrar 10 mil emplacamentos mensais, invariavelmente, terá de tirar mercado do Onix. E não há melhor forma de o mais novo produto da Ford estrear senão num comparativo.

O Chevrolet impõe respeito, de cara, por sua estrutura. É mais amplo em todas as medidas em relação ao adversário, com exceção à altura. A evidência está no o bom entre-eixos de 2,52 metros.

Sai de fábrica mais em conta também em sua configuração LT 1.0, tabelada em R$ 39.096. Mas fica devendo até mesmo rádio – opcional por R$ 1.400 junto com a central multimídia MyLink, além de vidros elétricos traseiros e faróis de neblina.

O Ka é mais caro, verdade, mas dá um banho em custo-benefício. Na versão de entrada SE (R$ 35.390) já possui direção elétrica, rádio, travas e vidros dianteiros com comando elétrico, além de inéditos equipamentos para a categoria. São eles: controle de tração e assistência de partida em rampa.

Há ainda a assistência emergencial – que contata o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) em acidentes graves. O sistema considera aqueles em que há acionamento dos air bags ou corte de injeção de combustível. Para isso, porém, é necessário que um celular com bluetooth esteja pareado ao sistema de comando de voz da Ford, o Sync, opcional por R$ 2.000. O puxão de orelha fica por conta dos retrovisores elétricos, vendido como acessório em todas as versões.

Outro ponto forte do Ka é o motor, que aderiu à moda três-cilindros. Com etanol, emana até 85 cv entre 6.300 rpm e 6.500 giros. O torque máximo de 10,7 mkgf é entregue aos 4.500 rpm. 

O fato de mostrar seu pico de vigor em altas rotações combina com o escalonamento amplo do câmbio de cinco marchas. O compacto é esperto em arrancadas e retomadas, ao contrário do Onix, que possui relações mais justas, típicas de carros urbanoides. Seu bloco de 80 cv a 6.400 rpm e 9,8 mkgf a 5.200 giros é mais disposto até a terceira engrenagem, em contraponto ao rival, mais adepto às marchas maiores.

Se em performance o Ka, vai bem, o consumo ficou abaixo das expectativas durante mais de 300 quilômetros de teste. Aferiu média de 11 km/l com gasolina, enquanto os testes do Inmetro/Conpet registraram 13,1 km/l em rodagem urbana.

O hatch da GM nem foi inserido nas avaliações do órgão nacional, e ficou na casa dos 10 km/l, nas mesmas condições de avaliação do Ford.

ESTÉTICA

Ambos os rivais não se atrevem a fugir da identidade visual imposta (cada vez mais rigorosamente) pelas montadores. A Chevrolet, quem melhor sabe tornar seus modelos únicos, deu ao Onix corpo largo, remetendo à espaço.

Já a Ford, tratou de conceber um Ka mais altinho. Implementou a tradicional grade trapezoidal – desta vez, sem lâminas – para diferenciar um pouco do New Fiesta.

Mas os designers de ambas as marcas não quiseram ousar na parte traseira. Infelizmente, atitude estabelecida como vanguarda do segmento.

Por dentro, a história não muda. Os acabamentos são simples tanto em desenho como em materiais. Normal. O opcional MyLink, da Chevrolet, entretanto, proporciona ambiente com ar superior. A Ford também oferece central multimídia com tela sensível ao toque, mas o item custa salgados R$ 3.500.

VEREDICTO

O custo-benefício foi o quesito principal para a vitória do Ford Ka neste comparativo e, certamente, também será o fator que mais pesará na cabeça do consumidor na hora da compra. Já de entrada, o modelo disponibiliza os itens primordiais para o público-alvo e ainda inaugura itens como assistência de partida em rampa, controle de tração e traz a opcional assistência de emergência. O Chevrolet Onix, porém, nunca pode ser descartado. Espaço, condução justa e conectividade lhe destacam.