Cultura & Lazer Titulo Dança
Joinville cria diálogo
entre a dança e a rua

Festival de Dança teve Noite de Gala com
apresentação do Balé da Cidade de São Paulo

Por Juliana Ravelli
Enviada a Joinville
29/07/2014 | 07:54
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Mauro Schilick/Divulgação


Em frente ao Centreventos Cau Hansen, em Joinville, Santa Catarina, uma adolescente abraça a amiga e vibra. “Não acredito.” O sentimento de incredulidade aliado à euforia toma conta daqueles que chegam ao Festival de Dança de Joinville pela primeira vez. Isso não é à toa; é o maior do mundo em número de participantes. Neste ano, cerca de 6.500 pessoas, entre estudantes e profissionais da área, integram o evento.

Jovens bailarinos estão por todos os lados. Há quem relaxe entre um curso e outro conectado ao celular ou ao computador, os que repassam a coreografia com os amigos pelos corredores e aqueles que se concentram para a apresentação que em breve acontecerá.

Mas não é só de competição que o festival é feito. No início da tarde de ontem foi concluída a oitava edição dos Seminários de Dança, com o tema Deixa a Rua te Levar! O objetivo da iniciativa foi fomentar discussões sobre os caminhos da arte e sua relação com a rua. Entre os destaques da programação esteve Nelson Triunfo, uma das figuras mais emblemáticas do hip hop no País.

Segundo o artista, que até o ano passado esteve à frente da Casa do Hip-Hop de Diadema, o debate é fundamental para o desenvolvimento da arte. “Foi maravilhoso porque, às vezes, lembram-se muito da dança, mas esquecem a politização. As pessoas que estão aqui serão multiplicadoras de ideias.”

Triunfo já havia participado do festival na década de 1990. Ao longo desses anos, viu a dança e outras expressões artísticas de rua colecionarem inúmeras conquistas. No entanto, acredita que o preconceito não foi completamente superado no País. Segundo ele, a discriminação se deve principalmente à origem popular dessa arte, vinda das classes sociais menos favorecidas. Ainda há longo caminho a seguir, mas Triunfo não se intimida. “Para nós, que somos guerreiros da rua, desconfiamos de tudo o que é fácil demais. Achamos que é pegadinha.”

E para quem questiona a seriedade da dança de rua, o artista tem a resposta na ponta da língua. “Sabemos os fundamentos dos passos e por quem foram criados. Tem coisa mais profissional do que isso? Existem movimentos altamente difíceis que precisam de muito treino.”

O músico, dançarino e ator Antonio Nóbrega foi o grande homenageado dos Seminários de Dança. Entretanto, não pôde comparecer ao evento, pois sofreu lesão no fim de semana, que impediu a viagem.

GALA - O palco do Centreventos Cau Hansen recebeu o Balé da Cidade de São Paulo para a Noite de Gala. Há muitos anos o grupo não participava do festival. Três coreografias foram apresentadas: Uneven, do espanhol Cayetano Soto, a vibrante Cantata, de Mauro Bigonzetti, e a intensa Bandoneón, criada por Luis Arrieta e que teve estreia recente na Capital.

Segundo a diretora da companhia e integrante da curadoria artística do festival, Iracity Cardoso, o programa foi cuidadosamente pensado para o evento. “As três obras são completamente diferentes. A música, o clima, o estilo. Achei maravilhoso trazer a última criação do Arrieta, que é ícone na dança. Apresentamos dez homens dançando. Isso dá ânimo para os mais jovens.”<EM>

Uneven exibiu a desconstrução do balé. De acordo com Iracity, a escolha da coreografia se deu principalmente porque grande parte do público é formada por bailarinos clássicos. E como as danças populares também são marca do festival, Cantata – que homenageia a imigração italiana – veio para encher o teatro de cores e entusiasmo. Composta por músicas entoadas por cantoras napolitanas de rua, a trilha torna a coreografia alegre e ao mesmo tempo comovente.

Hoje, a mostra competitiva segue com números de dança contemporânea e danças urbanas. Tem ainda cursos, oficinas e apresentações em palcos abertos.<EM>

A jornalista viajou a convite do Instituto Festival de Dança de Joinville 




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