Política Titulo Falta de rigor
Gasolina sem controle em Diadema

Mesmo com R$ 1.100 em combustível por mês, vereadores da cidade ultrapassam cota; presidência promete intensificar mecanismo de fiscalização

Júnior Carvalho
Especial para o Diário
21/07/2014 | 07:31
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Orlando Filho/DGABC


A Câmara de Diadema não possui mecanismo de controle para o uso de combustível pago com dinheiro público para atender aos gabinetes dos 21 vereadores da cidade. A ausência de fiscalização faz com que haja abusos, apesar de cada parlamentar ter direito a R$ 1.100 por mês para abastecer os veículos oficiais à disposição.

Atualmente é cedido cartão com o valor estabelecido para cada um dos 21 vereadores, que ficam responsáveis pelo uso do benefício. Se o limite for consumido, é possível pedir reembolso da quantia excedida diretamente à presidência da Casa, que relata os pedidos adicionais mês a mês. E, desde o início do ano, cresceu o número de parlamentares que solicitam repasses adicionais ao comando do Legislativo, comprometendo as finanças da Casa.

Neste mês, o presidente da Câmara, Manoel Eduardo Marinho, o Maninho (PT), abriu licitação para contratação de empresa que ficará responsável pela implementação de regras mais rígidas na utilização do vale-combustível. O contrato deve começar a valer neste segundo semestre.

Maninho evitou polemizar o fato e desconversou sobre excessos cometidos por colegas no Parlamento. “Os vereadores sabem que trabalhamos no limite (das despesas) e não podem agir dessa maneira”, discorreu o petista, que, como presidente, possui direito a cota mensal de R$ 1.500.

Apesar da negativa, Maninho tem relatório de abusos cometidos por vereadores. Há relatos de uso de carro oficial para compras em supermercados, condução de munícipes a equipamentos de Saúde (desrespeitando legislação nacional) e até de vereadores que utilizam o veículo para comparecer em atividades políticas de candidatos a deputado em outubro. O Diário solicitou à Secretaria de Finanças da Casa a planilha de gastos com gasolina detalhada por gabinete, mas o pedido não foi atendido.

VIAGEM AO EXTERIOR
A cota mensal permite ao vereador rodar 4.100 quilômetros. Em cálculo hipotético, considerando o litro da gasolina a R$ 2,70 e o valor disponibilizado aos parlamentares, é possível ir até a Venezuela, que fica a 3.992 quilômetros do município.

Com folgas, a quantia mensal possibilitaria ir para Fortaleza, no Ceará (2.385 quilômetros da cidade), a Manaus, no Amazonas (2.705 quilômetros), ou ir e voltar, por duas vezes, para Porto Alegre, no Rio Grande do Sul (841 quilômetros).

Em território municipal, o dinheiro permite que os vereadores se desloquem 905 vezes até a Avenida Eldorado, região Sul do município, ou efetuar 1.131 corridas até a Avenida Brasília, na região Norte.
“Eu tenho trabalhado com austeridade e rigor nas despesas. Farei o que for necessário para apertar o cinto e garantir a economia”, sentenciou Maninho.




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