Política Titulo Excêntricos no páreo
Candidato de Sto.André ‘ressuscita’ senador Fláquer

Ricardo Fláquer, do PRTB, usa nas urnas cargo ocupado pelo bisavó; especialista analisa que TRE pode indeferir o registro

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
21/07/2014 | 07:29
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André Henriques/DGABC


O candidato do PRTB ao Senado, Ricardo Fláquer, usará nas urnas o nome de senador Fláquer, cargo ocupado pelo tradicional político da história do Grande ABC, morto há 90 anos, chamado José Luiz Fláquer. O postulante à sucessão de Eduardo Suplicy (PT), que concorre à reeleição, é presidente do partido em Santo André e ressuscitará a imagem e título do antepassado, garantindo ser seu bisavô. O registro de candidatura, entretanto, está em análise pela Justiça Eleitoral e corre risco de ficar indeferido por conta da utilização inusitada do cadastro.

Especialista em Direito Eleitoral, Arthur Rollo afirmou que a variável escolhida por Ricardo deve resultar em problema no TRE (Tribunal Regional Eleitoral), órgão responsável pelo aval às candidaturas. Segundo o advogado, a entidade tende a pedir que o postulante “comprove de alguma forma que é conhecido por esse nome”. “Normalmente vai mandar que se apresente provas. Isso porque ele não pode fazer (uso) de maneira aleatória. No caso (em específico) dele não cabe e o TRE pode negar o registro”, frisou.

Rollo sustentou essa eventual deliberação desfavorável seria pelo entendimento que o candidato esteja apenas “surfando na fama” do parente distante que virou nome de rua e de instituições de ensino na região – a decisão se daria para evitar que ludibrie o eleitorado. “A tentativa é por ele acreditar que vai ter voto ao fazer essa alusão (com o senador). Por isso, essas características podem ser um empecilho”, disse o especialista, mencionando ser “possível” que a Justiça Eleitoral o obrigue a corrigir os dados, alterando o nome.

Ricardo disputará cargo eletivo pela primeira vez. Seu filho, Alexandre Fláquer (PRTB) foi candidato a vereador em 2008 e a prefeito em 2012, sem sucesso nas empreitadas. Para o postulante a senador, a decisão de usar o título do parente “não é oportunista”. “Quero somente dar continuidade à história da família, manter o legado deixado na vida pública sem sequer um arranhão. Sei que (o caso) pode ser interpretado de maneira errada, mas não me preocupo com isso”, justificou ele.

Além de senador, o médico José Luiz Fláquer foi vereador, deputado estadual e prefeito de Santo André. Na sequência, Antônio Fláquer também foi parlamentar na cidade e chefe do Executivo andreense. Outro integrante da família que teve posto eletivo foi Cid Fláquer Scartezzini, ocupando cargo no Legislativo. “Pretendo resgatar essa tradição no município, de influência política dos Fláquer, que governou Santo André por 22 anos”, alegou o postulante.

MISSÃO
O renovador-trabalhista terá árdua missão na concorrência por uma vaga ao Senado por São Paulo. São outros oito candidatos na disputa, entre eles Eduardo Suplicy, atual detentor do posto, com três mandatos, o ex-governador José Serra (PSDB) e o ex-prefeito da Capital Gilberto Kassab (PSD).

Região terá cadastros com nomes inusitados

O Grande ABC contará com alguns nomes de candidatos inusitados nas urnas. Na maioria dos casos, a utilização da variável foi formalizada junto à Justiça Eleitoral por conta de o postulante ser conhecido da forma cadastrada pelo eleitorado. É a situação enfrentada, por exemplo, por Ricardo Cosme (PDT) e Luiz Fernando do Vale (PRP), ambos pleiteantes à Assembleia Legislativa. O pedetista colocou seu registro de Seedorf do ABC, enquanto o republicano se apresenta como Gordinho de Diadema.

Cosme é policial e trabalha como soldado em São Bernardo. Ele é conhecido como Seedorf justamente em alusão ao ex-jogador holandês, que encerrou recentemente a carreira no futebol. Ele ganhou notoriedade por sua forte ligação com a família Tortorello.

O republicano, por sua vez, comenta que ninguém o reconheceria se ele utilizasse o nome de bastimo. “Pouca gente até da minha família me chama pelo nome. As pessoas só me conhecem como Gordinho, desde pequeno tinha esse apelido”, disse Luiz, que já tem proposta para protocolar no Parlamento paulista: a construção de hospital regional veterinário.

Outro registro que chama a atenção é o de Ronaldo Protetor (Psol) e João de Mauá (PRP). Os dois disputam vaga na Câmara Federal. O socialista está até mais ponderado. Na eleição de 2012, ele era candidato a vereador com o nome Ronaldo Brilha Muito, pelo PSDC. Agora o codinome é em referência à bandeira de proteção e gestão ambiental. Já João é líder comunitário conhecido por verificar buracos no município mauaense. Ele tenta acolher votos de protesto, assim como ocorreu com Tiririca, em 2010.




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