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Grandes ideias em
pequenas obras

Artista visual de Mauá tem esculturas expostas em projeto especial em Nova York

Luís Felipe Soares
20/07/2014 | 16:18
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Claudinei Plaza/DGABC


Nem só de grandiosidades vive o universo das esculturas. Às vezes, é na simplicidade onde estão as maiores ideias. É esbanjando talento e criatividade que Sandra Barreiro tem feito carreira internacional. Com mais de duas décadas de carreira, a artista visual tem se dedicado nos últimos anos a modelar obras a partir de fitas adesivas. Os ‘pequenos’ trabalhos dão formas a personagens que já passaram por galerias de São Paulo e pontos culturais de lugares como França e Suiça.

“Essas esculturas de papel são muito respeitadas lá fora pois são muito diferentes e também possuem o apelo da sustentabilidade. A dimensão disso tudo não para de aumentar. É a riqueza de criar a partir de algo extremamente simples”, diz Sandra, recordando da boa aceitação que teve em 2012 na galeria comercial Carrousel du Louvre, localizada no sub-solo do famoso Museu do Louvre, em Paris.

O atual passo em sua jornada conta com participação na mostra especial ''Brazil Art & Futebol'', em cartaz desde quarta-feira na unidade do Banco do Brasil em Nova York. A exposição mescla linguagens como desenhos, pinturas e fotografias e apresenta aos norte-americanos projetos assinados por nomes emergentes, entre eles Berenice Valverde (Minas Gerais), Pádua Bastos (Rio de Janeiro), Ondina Moraes (São Paulo) e Baco Dantas (Pernambuco). O objetivo é explorar os talentos brasileiros e festejar nossa ligação com o futebol. A atração fica em cartaz até dia 30.

O convite para Sandra veio por meio de um amigo. Após enviar fotos de alguns itens que já havia desenvolvido, a curadoria do programa pediu para que lhes enviasse as esculturas ''Irmãos Brincando'' e ''Druida''. As obras da mauense, com cerca de 40 centímetros de altura e 50 centímetros de largura, estão muito ligadas a questões ligadas à infância e possuem figuras de crianças e elementos um tanto quanto místicos em sua composição.

“Todos nós temos nossas crianças interiores. Com esse projeto, tenho o objetivo de fazer uma espécie de revolução comportamental. Quero trazer as brincadeiras do passado que se perderam com o tempo para o agora. Hoje as crianças estão superatarefadas e não tem tempo em suas agendas para aproveitar a diversão”, lamenta ela. “A brincadeira ajuda a criar algo bem maior, um alicerce para uma vida adulta saudável. Por meio das esculturas, tento resgatar esse movimento interno de todos nós”, conclui, citando o documentário ''Tarja Branca – A Revolução Que Faltava'', com direção de Cacau Rhoden, como uma fonte de informações e pesquisa. O filme está em cartaz em algumas salas de São Paulo.

Esse conceito artístico é transmitido por meio de trabalhos elaborados com fita crepe e alguns tipos de papel, caso do machê. Os pequenos itens chamam a atenção por seu aspecto que remete ao uso de ferro e alumínio. “O surpreendente é que o material que eu uso é mais leve e resistente”, comenta. Ela ressalta que demorou certo tempo para criar uma técnica eficiente – a qual classifica como um “segredo”.

Acostumada a trabalhar como restauradora de móveis e repaginadora de ambientes, Sandra começou a criar esculturas em 2010. O primeiro desafio foi fazer um tridimensional de imagem do icônico fotógrafo Sebastião Salgado para a exposição ''Filhos da Terra'', então atração do Museu Barão de Mauá, um dos principais pontos culturais de sua terra natal. “Hoje estou bem mais confortável com a linguagem e tenho conseguido dar movimento às obras de maneira especial com esse elemento surpresa da fita crepe.”

Depois de expor em Nova York, a artista visual verá suas ideias ganhando espaço na Itália. Ela foi convidada para participar de evento na cidade de Pádua, em novembro, e em Venezza, em fevereiro. “Esse reconhecimento tem sido muito bom. Não esperava por isso. Só tinha vontade de me expressar. Acho que as pessoas têm se identificado com a forma com a qual tenho colocado minha alma para fora. Meus trabalhos estão indo para diversos lugares e estão sendo vistos por pessoas comuns e galeristas especializados em arte. É bem bacana pensar nisso tudo”, comenta. No Grande ABC, os projetos de Sandra estão na loja Archi Forma (www.archiforma.com.br), em Santo André. 




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