Esportes Titulo Copa do Mundo
Mineirão vive clima típico de velório

Palco da pior derrota da história da Seleção
tem dia monótono e visita de alguns torcedores

Anderson Fattori
Do Diário do Grande ABC
10/07/2014 | 07:00
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Ricardo Trida


Ricardo Trida

A história do Mineirão, fundado em 5 de setembro de 1965, se divide entre antes e depois da goleada aplicada pela Alemanha no Brasil, terça-feira, pela semifinal da Copa do Mundo. É praticamente impossível se aproximar do estádio sem se recordar dos sete gols marcados pelo time germânico em noite que foi batizada como Mineirazo, em referência à dolorida derrota brasileira para o Uruguai no Mundial de 1950, no Maracanã, no Rio de Janeiro, chamada de Maracanazo.

Ontem, nada de faixas, camisas verde-amarelas, buzinas e os adereços que coloriram o entorno do Mineirão no dia do jogo. O que se via eram funcionários limpando as arquibancadas e desmontando a imensa estrutura instalada para os jogos da Copa, afinal, o estádio não será mais usado neste Mundial.

Alguns torcedores estiveram ontem no local que sediou a pior derrota da história da Seleção Brasileira – antes, o resultado mais constrangedor havia sido os 6 a 0 para o Uruguai, em 1920. Em Copas, o placar mais desfavorável foi registrado na decisão do Mundial de 1998, nos 3 a 0 para a França.

Entre os fãs que tiveram coragem de ir ao estádio estava o pequeno Arthur Nunes dos Santos, 9 anos, que praticamente vive a primeira Copa. “Estava gostando até o jogo do Brasil e Colômbia, mas nunca mais vou esquecer os gols da Alemanha e nem o campeão”, disse o garoto, que assistiu ao jogo em casa, ao lado da família.

As capixabas Cosminha Santana, 32, e Grazielle Santana, 13, disseram que sofreram muito com a derrota, mas de passagem por Belo Horizonte decidiram ir até o estádio para guardar recordação. “Não caiu a ficha. Vai ficar para sempre na minha cabeça”, garantiu Grazielle. “Poderia até perder, de um, de dois gols, mas do jeito que foi não dá para aceitar. Não quero mais ver o Brasil, estou muito triste”, completou Cosminha.

Fabricio Maciel, 28, que nasceu em Belo Horizonte, mas mora em São Paulo, disse que será impossível ir ao Mineirão sem recordar a derrota. “Assim que pisar na arquibancada, vou lembrar o que aconteceu”, afirmou ele, que visitou o estádio ao lado dos amigos Bruno Joaquim, 27, e Stephanie Santos, 28.

Funcionários e humorista quebram atmosfera triste no estádio - Contrastando com a tristeza dos torcedores que foram ao Mineirão ontem em busca de fotos para guardar de recordação, estavam os funcionários que desmontaram a estrutura instalada para que o estádio pudesse receber os jogos da Copa. Boa parte era de outros Estados e de fora do Brasil, então o fim do trabalho significou a possibilidade de voltar para casa.

Até por isso, os funcionários desmontaram tudo cantarolando. “Finalmente vou conseguir retornar para casa após quatro meses. Não vejo a hora”, comentou Rodrigo Pereira, 25 anos. Funcionários da HBS, empresa responsável pela geração de imagens para o mundo, puxaram as dezenas de metros de cabos coloridos usados no estádio com a ajuda de um carrinho. Sempre que podiam, empinavam o veículo e se divertiam com a situação. Mas teve gente que lucrou com a tragédia brasileira. Se aproveitando da situação, o artista conhecido como ‘Thiago Comédia’ foi até o estádio para gravar uma cena. “Vamos rir porque é bem melhor do que chorar”, disse.




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