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Os últimos dias
do ex-presidente
Getúlio Vargas

Tony Ramos estrela filme que acompanha
os últimos dias do ex-presidente Vargas

Luís Felipe Soares
20/04/2014 | 16:00
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Divulgação


Tony Ramos sabe para onde tem levado seu talento. Um dos mais respeitados atores do País, ele procurou pincelar com cuidado os passos que tomou nas cinco décadas de carreira, completadas neste ano, principalmente no cinema. “Há marcos diretórios na nossa jornada profissional. Um roteiro tem que me inquietar muito para que eu escolha os projetos. Não sou chato para o cinema, mas seletivo”, afirma o paranaense com presença em longas de sucesso como ''''Chico Xavier'''' (2010) e os dois ''''Se Eu Fosse Você'''' (2006 e 2009).

Sua nova investida na sétima arte é como protagonista do thriller político ''''Getúlio'''', sobre o presidente Getúlio Vargas (1882-1954). O roteiro apresenta o episódio que ficou conhecido como o Atentado da Rua Tonelero, contra o jornalista Carlos Lacerda (Alexandre Borges), e segue até sua morte trágica no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, antiga sede do governo brasileiro.

Segundo Tony, o desafio da atuação é apresentar o personagem longe da figura pública. “Todos sabem que ele era esse ditador e que depois acabou sendo eleito pelo povo. Isso convida para a reflexão. Ele era político no palco da política, mas fora disso não. Os mistérios que habitaram esse homem durante seus 19 dias finais são a pegada do filme. As contradições, armações, jogos de poder e, principalmente, esse silêncio pessoal do Getúlio”, diz. “Quanto mais contraditório, melhor para o ator.”

O título marca a estreia do diretor João Jardim na ficção após comandar documentários como ''''Janela da Alma'''' (2001) e ''''Lixo Extraordinário'''' (2010). “Depois de fazer ''''Pro Dia Nascer Feliz'''' (de 2006 e que aborda o cotidiano de estudantes em diferentes pontos do País), fiquei muito tentado a contar uma ficção sobre o que é o Brasil. Nessa busca me deparei com a jornada tão famosa do presidente. É falar do Brasil com elementos de poder e essa história ainda ecoa hoje”, explicou, ressaltando a importância da obra neste ano eleitoral. “Ele fala de compromisso de poder e das dificuldades de se comandar. Tem coisas muito contemporâneas.”

Apesar de o nome sugerir algo grandioso e biográfico sobre o político gaúcho, a ideia sempre foi focar nessa época. “Sempre achei esse período mais cinematográfico e com a pressão necessária para se contar uma boa história. Não é nenhum épico”, comenta Jardim.

BASTIDORES

O diretor revela que o nome de Tony para o papel era sonhado desde o início. “Getúlio era muito reservado, mas simpático e carismático ao mesmo tempo. Com essas características, além de já saber do talento, cheguei ao Tony. Foi juntar a fome com a vontade de comer.”

Entre as complicações estavam a agenda do ator, à época tomada pelas gravações da novela ''''Guerra dos Sexos''''. “Cinema é caro e complicado. Tinha uma novela para fazer e acabei entregando o personagem de volta para o João fazer o que quisesse. Depois ele me esperou e fomos em frente. Foi um casamento muito bom”, recorda Tony, que avalia o projeto com potencial para ser marcante em sua carreira, assim como foi o papel de Riobaldo Tatarana na minissérie ''''Grande Sertão – Veredas'''' (1985).

No set de filmagens, o protagonista dividiu muitas cenas com Drica Moraes, intérprete de Alzira, filha de Getúlio. A relação entre eles é ponto importante para o desenrolar da trama. “Ela representa a família Vargas em todo esse jogo e achei lindo o paralelo. Busquei representar muito essa relação com o Tony. Foi muito comovente perceber que isso foi acontecendo no fazer. Estar presente em um set é tudo”, analisa a atriz. “É fundamental ouvir e saber compartilhar. Quem não quer ouvir é melhor fazer só monólogo. Percebemos e estabelecemos nosso próprio jogo”, completa Tony.

Com orçamento de cerca de R$ 6 milhões, ''''Getúlio'''' estreia nos cinemas no dia 1º, quando é celebrado o Dia do Trabalhador e com referência aos benefícios instituídos pelo então presidente para a classe, caso da legislação trabalhista no País.
 




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