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Ovos de Páscoa caseiros aumentam renda mensal

Com a vantagem da personalização,lucro de quem se dedica à produção artesanal é maior do que em 2013

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
14/04/2014 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


 A proximidade do feriado da Páscoa, comemorado domingo, é oportunidade para quem produz os tradicionais ovos de chocolate caseiros. A pessoa que consegue arrumar tempo na agenda e se dedicar à preparação artesanal pode sair lucrando, já que, com a atividade extra, é possível ampliar em até oito vezes o valor de seu salário mensal.

É o caso da costureira andreense Cláudia Aparecida Pestana Souza, 39 anos, que também recebe encomendas para festas e incrementa sua receita neste período sazonal há 16.

“Como eu trabalho por conta, minha renda fica em torno de R$ 1.000 por mês. Na Páscoa deste ano eu devo lucrar R$ 8.000. São 33% a mais que no ano passado, quando ganhei R$ 6.000”, revela.

Segundo Cláudia, que trabalha com a divulgação ‘boca a boca’ e com os mesmos clientes todos os anos, nesta Páscoa ela apostou em outro chamariz para ampliar as vendas. “Resolvi pagar por uma maquininha de cartão. E está dando muito certo. Dependendo do valor, eu parcelo em até três vezes sem juros.”

Os ovos feitos pela costureira partem de R$ 9, caso do de 100 gramas ao leite e chegam a R$ 60, sendo este de um quilo trufado.

A cabeleireira Wilma Costa, moradora de Diadema, de 39 anos, costuma fabricar trufas e pães de mel durante o ano para ajudar no orçamento. E, há 12, vende ovos de Páscoa.

“Por mês eu tiro, em média, R$ 1.500 no salão e, com o bico dos chocolates, mais R$ 900. Estou esperando lucrar neste ano com a data, em média, R$ 3.000 ou até mais”, explica. Os preços dos produtos caseiros variam de R$ 20, no caso de um ovo ao leite de 250 gramas, até R$ 70, caso do trufado de um quilo.

“O meu forte acabam sendo as vendas em empresas, já que deixo listas com alguns funcionários, que me entregam todos os pedidos de uma vez e eu acabo pagando a eles uma pequena comissão”, destaca.

ARTESANAL - A designer de bolos de Santo André Andrea Dellacorte, 40 anos, está há oito no ramo de festas infantis. Há cinco, ela decidiu ingressar na comercialização de ovos para incrementar o faturamento. “No ano passado eu já vendi muito e obtive cerca de R$ 7.000 de lucro. Neste ano, até agora,  estou beirando os R$ 10 mil em média, volume 42,8% maior e que representa 80% a mais no orçamento”, comemora.

A andreense aposta em ovos artesanais para os clientes. “Em embalagem, chocolate e farinha, gastei cerca de R$ 2.200. O que acaba demandando mais tempo é que o produto é mais trabalhado e demanda mais tempo, já que é tudo bem artesanal. Além do que eu trabalho com chocolate nacional e belga, que é de primeira linha”, explica.

Os preços chegam a R$ 110 para o ovo para comer de colher de 750 gramas. “Apesar de ser metade, ele é maciço e recheado. Dentro tem recheio de chocolate nobre, leite condensado e castanhas.”

Para quem deseja opções mais em conta, porém, também há caixinhas de pães de mel e cupcakes a partir de R$ 15.

Neste ano, Andrea também investiu na linha infantil. “Eu tenho filhas, então sei como é, as crianças acabam escolhendo o ovo pela surpresa. Por isso, decidi fazer ovos em formatos diferentes para chamar a atenção desse público.”

O planejamento é essencial para quem está interessado no ramo. Todas as entrevistadas, por exemplo, já estão lotadas de pedidos e correndo com a produção na semana que antecede a data.

“Alguns ovos ao leite eu consegui adiantar, já que esses dias não estão tão quentes. Mas a maior parte fica concentrada na última semana”, diz Cláudia.

Andrea possui espaço próprio para a confecção, com ar-condicionado na cozinha. “Acaba ajudando no armazenamento da matéria-prima, mas os ovos são feitos agora.”

“Eu tenho que virar as noites, praticamente não durmo mesmo. Principalmente porque sempre acabo abrindo exceção e pegando mais trabalho de última hora”, conta Wilma.

 

Indústrias da região registram alta nas vendas

 

As indústrias da região também têm grandes expectativas de venda em relação à data. A produção das fábricas aumentou cerca de 5%. As empresas estimam que a data incremente, em média, em 8% as vendas, na comparação com o ano passado.

A Montevérgine, que completa 51 anos em 2014 e tem como foco a produção de torrones, começou a fabricação de ovos em novembro, com a contratação de 150 funcionários temporários. “Encerramos a produção no começo de março. O número de unidades de vendas, entre ovinhos e ovos de 450 gramas, foi de 6,6 milhões”, conta o diretor da empresa João Rafael Alterio.

A fábrica tem uma unidade no bairro Cidade Ademar, em São Paulo, e um centro de distribuição e logística em Diadema. No total são 500 funcionários, sendo 410 na matriz e 80 na logística. “Atualmente, o centro  não tem condições de armazenar ovos de Páscoa, até porque não é refrigerado. Por isso, tenho que terceirizar o serviço nesta época do ano”, afirma Alterio.

Conforme explica o diretor, a diferença grande de preço entre a barra de chocolate e o ovo, feitos da mesma matéria-prima, é que o custo do item sazonal acaba sendo maior para a empresa. “Tenho contrato com duas empresas de logística só para Páscoa, que alugam caminhões totalmente refrigerados. Para se ter uma ideia de custos, em uma carreta carregada daqui até Salvador gasto em torno de R$ 12 mil. Fora que a barra não ocupa o mesmo espaço do ovo, ela pode ser transportada em veículos semirefrigerados sem problemas.”

Segundo ele, o fato de a Páscoa neste ano cair no dia 20 de abril, ao contrário do ano passado, quando foi comemorada em 31 de março, ajuda a impulsionar as vendas. “Se a data cai em março, nós temos que acelerar toda a produção, mas se cai em abril, já fica mais tranquilo. Fora que nos primeiros meses do ano o consumidor está cheio de dívidas, como IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), escola das crianças e material escolar.”

A produção totalizou 500 toneladas de chocolate, 10% a mais do que o ano passado. A expectativa é que sejam vendidos 95% deste total. A aposta para a linha infantil abrange os tradicionais ovinhos e coelhinhos.

A Indústria de Chocolates Pan, de São Caetano, igualmente aumentou sua produção em 5%. A expectativa é que as vendas aumentem em até 8%. A fábrica, que completa 80 anos em 2015, aposta na linha de ovos com embalagens temáticas e recheados com as tradicionais moedas de chocolate e chocolápis. Além disso, também há ovos de Páscoa recheados com balas de goma.

PREÇOS - Ambas as marcas trazem preços convidativos. O ônibus London, da Montevérgine, com 14 ovinhos, custa a partir de R$ 6,90. Já o clássico ovo de bombom de cereja de 450 gramas custa a partir de R$ 34,99.

A Pan tem os coelhos de chocolate ao leite de 50 gramas a partir de R$ 4,80. Ovos como o ao leite com bombons, de 100 gramas, sai por R$ 8,95 e o de moedas de chocolates, de 220 gramas, fica em R$ 23,35. 




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