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Tradicionais fazem briga direta pelo acesso

Escolas antigas cumprem meta e saem na frente por objetivo de voltar à elite em Sto.André

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
03/03/2014 | 07:00
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André Henriques/DGABC


As escolas mais antigas que disputam o Grupo B do Carnaval de Santo André, como Palmares, Beleza Pura e Centreville, fizeram o que delas se esperava no sábado: um belo espetáculo. E são as favoritas a retornar à elite da Folia.

Sem chuvas e contando com grande torcida, a Centreville abriu o dia contando a história do vinho. Desde a comissão de frente, formada por oito jovens da comunidade – que, mesmo treinando em cima da hora, não errou um passo –, a escola mostrou que o dia seria marcado por disputa ferrenha.

Há 15 anos na escola e ex-integrante da corte andreense, a madrinha de bateria Fabiana Aparecida da Costa se destacou desde a concentração, quando fez questão de incentivar cada um dos companheiros de agremiação pessoalmente. “Não é só para competir, mas sim mostrar para as pessoas a importância da cultura do Carnaval. Isso é ser sambista”, destacou a passista.

Competir também não era a maior das preocupações da Asa Branca. A escola do Jardim Santa Cristina foi a segunda a entrar na avenida, contando a história do teatro e empolgou apostando em combinação de colorido e luxo, com passos muito bem coreografados.

A cereja do bolo, como o presidente Wellington dos Santos destacou, foi o último carro. A escola, uma das mais prejudicadas pela chuva em 2013, fez questão de que uma das alegorias impedidas de desfilar voltasse. Grande e com cerca de 40 crianças, fechou com chave de ouro a evolução.

“Fazemos isso para mostrar às crianças que existe caminho diferente daquele que elas veem na periferia”, disse. “Não quero saber se serei campeão ou ficarei em último. Nossa proposta é insistir em levar cultura à população de Santo André.”

Superação também foi a tônica da Beleza Pura. Mostrando a Amazônia e seus encantos, a escola teve pequenos problemas de harmonia e teve de correr no fim para não estourar o tempo. Assim que a linha foi ultrapassada, a presidente Sueli Cezário dos Santos ajoelhou, agradeceu aos céus e chorou. A meta havia sido cumprida.

“Você acabou de ver um Carnaval feito sem nenhum ensaio”, disse. “Tudo o que foi mostrado aqui saiu de dentro da minha casa.”

Sueli resumiu, com perfeição, o sentimento das agremiações que desfilaram na Firestone. “Mostramos que Carnaval não é algo comprado. Mas sim feito com raça e suor, pena por pena”, disse.

A Palmares, quarta agremiação a entrar na Avenida Firestone na madrugada de ontem, assumiu o topo da lista das favoritas. O samba-enredo sobre anjos e fé pegou entre a torcida e os próprios componentes, que se mostraram afiados. As alas cantaram e dançaram coreografias e a bateria apresentou até paradinha.

A certeza do bom trabalho realizado empolgou a diretoria. Entre abraços emocionados e sorrisos, o presidente Adílson Gonzaga Alves não escondia a satisfação. “Isso só coroou todo o trabalho árduo de seis meses”, disse. “Perdi seis quilos, agora posso recuperar tudo de novo.” “Nós viemos para brigar pelo acesso. E não poderíamos mostrar outra coisa para o público”, completou Alves.


Chuva na Capital trava ônibus com integrantes da Império

Temida, a chuva poupou os foliões andreenses. Mas não deixou de prejudicar as escolas do Grupo B.

Dois ônibus de componentes já fantasiados da Império do Parque Novo Oratório, que fechou a primeira noite de desfiles da Folia andreense falando sobre Ulysses Guimarães, acabaram não chegando para a apresentação.

Segundo o presidente Sergio Ricardo Afonso, o Serginho, os 120 componentes eram da Zona Leste da Capital e ficaram impedidos de chegar a Santo André. “O importante para nós é conseguir colocar a escola na avenida e manter nosso nome vivo no Carnaval”, ponderou.

Integrantes da Uesa (União das Escolas de Samba de Santo André) não confirmaram, mas a Império deve perder pontos por não conseguir levar ao sambódromo montado na Avenida Firestone o número mínimo de componentes.

Seria a única punição aplicada pelos organizadores às escolas no desfile de ontem, que começou no horário e aconteceu sem percalços.

Comissões de frente se destacam por entrosamento e beleza

Responsáveis por apresentar o enredo ao público, as comissões de frente foram destaque à parte nos desfiles do Grupo B. Não faltou capricho por parte das agremiações.

Seja na Centrevlle, Palmares ou Beleza Pura, todas com danças muito bem coreografadas, o quesito foi trabalhado com esplendor.

Mas foi a comissão de frente da Asa Branca que se sobressaiu, comandada pela professora de dança Layza Gabriela de Siqueira, que estreou no Carnaval andreense com a sua companhia de teatro de Diadema.

Formada por 11 alunos, que interpretaram personagens clássicos do teatro, principalmente drama e comédia, em um trabalho de cinco meses de preparação, eles interagiram com o público e divertiram.

Tanto que Layza precisou chamar a atenção dos garotos diversas vezes para que não atrapalhassem a evolução. “Sou rígida mesmo”, brincou a professora. “Tem controlar na hora do desfile. Se não eles se empolgam e atrapalham o desempenho”, resumiu.

Casa cheia


Segundo a PM (Polícia Militar), cerca de 15 mil pessoas circularam pela Avenida Firestone no primeiro dia de desfiles. Mesmo sendo Grupo B, a movimentação foi intensa. O prefeito Carlos Grana (PT) e o secretário municipal de Cultura, Raimundo Salles, permaneceram durante todo o desfile no local. Não foram registradas ocorrências. A arquibancada montada ao longo do sambódromo tinha capacidade para abrigar 5.000 foliões. A segurança foi reforçada.

Futebol

Em ano de Copa do Mundo, dois blocos ligados à torcidas organizadas de futebol abriram a festa da cidade. A Gaviões da Fiel ABC cantou o enredo A Dança das Horas, responsável por promover a escola ao Grupo Especial paulistano em 1991. A Fúria Andreense festejou os dez anos do título do Santo André na Copa do Brasil. A decoração feita pela Prefeitura também homenageia o Mundial.

No samba


Além do grande número de secretários municipais no camarote, a vereadora Bete Siraque (PT) foi destaque de um dos carros alegóricos da Palmares. E a Folia andreense ainda recebeu a visita de Adriano de Araújo (PT), prefeito de Teofilândia, cidade do interior baiano. “Quando pinta uma folga, a gente tem que aproveitar”, brincou ele, que fez o caminho inverso de muitos foliões paulistas que viajam ao Nordeste nesta época.




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