Abominada por uns e ignorada por outros, a minhoca nunca ocupou posto de protagonista em produções audiovisuais voltadas ao público infantil. Justamente por isso, o animal serviu ao propósito do diretor Paolo Conti: criar história original com personagens que ainda não tinham sido explorados na telona. Assim, nasceu Minhocas, animação que chega hoje aos cinemas.

A produção originou-se a partir do curta-metragem homônimo de 2006, premiado em festivais como Anima Mundi e JVC Tokyo Video Festival. “Com o sucesso, resolvemos nos aventurar a fazer o longa. As crianças têm curiosidade em saber o que acontece embaixo da terra”, afirma Conti, em entrevista ao Diário.

Minhocas é o primeiro longa-metragem brasileiro em stop motion, técnica usada nos cultuados O Estranho Mundo de Jack e A Noiva Cadáver. Apaixonado pelo projeto, o diretor teve de driblar a falta de verba para fazer filme que tivesse a mesma qualidade de produções estrangeiras. A animação custou apenas R$ 10 milhões. Nos Estados Unidos, para se ter ideia, o orçamento de obras semelhantes chega a US$ 60 milhões.

Por esse motivo, Minhocas levou seis anos para ficar pronta e ser lançada. Durante o processo, metodologias e técnicas foram desenvolvidas em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina com o objetivo de otimizar o trabalho e reduzir gastos. “A gente reinventou o jeito de fazer animação”, diz Conti.

A trama conta a história de Júnior, minhoca pré-adolescente superprotegida pela mãe e sem talento para fazer amigos. Cansado de sofrer bullying, decide provar sua coragem em desafio. Mas antes que o plano dê certo, ele e o esperto Nico são capturados acidentalmente por uma escavadeira, que os leva para mundo desconhecido. Lá, unem-se à destemida Linda. Além de achar o caminho para casa, o trio terá de enfrentar o maligno tatu-bola Big Wig, que deseja transformar todas as minhocas em zumbis.

“Minhocas é a tentativa de fazer algo diferente, sem medo. Não menosprezei a capacidade de entendimento das crianças.” Conti participou de pré-estreias em São Paulo e no Rio de Janeiro. Ficou emocionado com a reação do público infantil. Segundo o diretor, a animação terá continuação na telona e, em breve, série para a TV com novos personagens.