Sindicato descarta acordo coletivo com reajuste
salarial inferior ao pedido da pauta
A greve é a medida extrema para uma categoria trabalhista reivindicar. Ontem, os metalúrgicos de São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires iniciaram sua mobilização. Eles querem reajuste salarial com reposição da inflação mais expansão real de 2%. As propostas dos patrões não foram satisfatórias à classe. “Provavelmente, a greve acaba apenas quando eles chegarem nos 2% (aumento real)”, estimou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques.
Os metalúrgicos lutam pelo reajuste por meio de um acordo coletivo em todo o Estado. A FEM-CUT/SP (Federação dos Sindicatos dos Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores no Estado de São Paulo) é a responsável pela discussão com os patrões. A data base foi em 1º de setembro. Hoje, sentam à mesa os representantes das companhias do Grupo 3 (autopeças, forjaria e parafusos) com a categoria.
A greve, oficializada com 48 horas de antecedência, é uma maneira de pressionar os empresários a contribuírem para que as patronais ofertem melhor reajuste. Além disso, os metalúrgicos pedem incremento do piso salarial com percentual superior ao que os salários serão reajustados, redução da carga horária semanal de 44 para 40 horas, sem desconto em dinheiro, e melhorias na convenção coletiva.
Para Marques, o movimento já começou a surtir efeito. Ele contou que o diretor de uma das companhias paralisadas ligou tentando reverter a situação. “A empresa é uma grande sistemista”, destacou. Na prática, descreveu o sindicalista, o gestor estava preocupado porque teria problemas com o fornecimento para duas montadoras. “Sem contar que vários trabalhadores estão ligando para nós paralisarmos a produção nas fábricas deles.”
Ele espera ainda que a parceria da Intersindical, das regiões de Campinas, Limeira e Santos, e da CPS (Central Sindical e Popular) – Conlutas, em São José dos Campos, reforcem a pressão nos empregadores. Ambas também aderiram à greve e seguem as suas estratégias de paralisações. Ao todo, são 14 sindicatos que representam 360 mil trabalhadores no Estado. Na conta não são considerados os funcionários das montadoras.
Pelos cálculos de Marques, 8.000 trabalhadores cruzaram os braços ontem em 21 empresas. São elas: Toledo, Fiann, Sogefi, Magna Cosma, Kostal, Selco, Serra Bucker, Grupo Kion (Still), Backer, Metais Magnet e Asta – em São Bernardo; Grupo Dana e Dana Forjado, Affinia, Melling, TRW, Autometal, Metaltork e Robrasa – em Diadema – e Unitec e Mardel – em Ribeirão Pires.
Essas companhias fazem parte das 51 que tiveram assembleias, e paralisações por até quatro horas, entre o dia 6 e 17. Para o sindicato, os cerca de 20 mil funcionários das empresas estão mais mobilizados para as greves. Além disso, todos assumiram o compromisso, nesses encontros, de não realizar hora extra nas fábricas.
Hoje, está prevista reunião do sindicato para definir os próximos passos da campanha salarial. Não há paralisações nas fábricas. Caso não seja fechado nenhum acordo, a greve continua amanhã, no entanto, em menor escala. “Então vamos conversar e definir sobre segunda-feira.”
MONTADORAS - As montadoras tratam individualmente com o sindicato os seus reajustes. A Scania, por exemplo, está no quarto dia de paralisação porque pretende alterar o modelo de cálculo da PLR (Participação de Lucros e Resultados).
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