Economia Titulo Exportações
Região registra déficit comercial neste ano

Pela primeira vez desde 2008, importações superam exportações entre janeiro e julho

Leone Farias
do Diário do Grande ABC
27/08/2013 | 07:07
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A mudança de patamar do dólar, que desde a última semana está oscilando em torno de R$ 2,40, animou o setor industrial exportador da região. A perspectiva é que, com a valorização da moeda norte-americana frente ao real, se reduza o deficit da balança comercial (ou seja, importações maiores que as exportações) do Grande ABC. No entanto, a avaliação de empresários e economistas é que dificilmente vai dar para fechar 2013 com saldo positivo.

Nos primeiros sete meses do ano, os sete municípios contabilizaram deficit comercial de US$ 332 milhões, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. É a primeira vez, nesse período, pelo menos, desde 2008, que o resultado da balança é negativo, aponta levantamento feito pelo professor Sandro Maskio, que é coordenador do Observatório Econômico da Universidade Metodista, de São Bernardo. Em 2012, de janeiro a julho, havia superavit de US$ 358 milhões. Se a expectativa para o fechamento de 2013 se confirmar, também será um fato inédito nos últimos cinco anos. No ano passado inteiro, o Grande ABC registrou US$ 727 milhões de saldo positivo.

EXPORTAÇÕES - O desempenho da balança comercial da região ocorre por causa de dificuldades de competitividade do produto brasileiro no País e no Exterior, apontam especialistas. Ao mesmo tempo em que a região tem, neste ano, crescimento insignificante das exportações (alta de 2,7% de janeiro a julho em relação a mesmo período de 2012), as importações tiveram expansão de 23%. “Com o câmbio a R$ 2,40 fica mais caro importar e o produto nacional fica mais atrativo lá fora”, afirma Maskio.

A fraca demanda mundial, por causa da crise global de crédito deflagrada em 2008, e o dólar muito desvalorizado frente ao real, colaboraram para esse movimento de desaceleração das vendas de manufaturados e de enxurrada de produtos importados nos últimos anos. Na região, que é um polo exportador de veículos – atualmente com a liderança de caminhões e ônibus – esse processo impactou fortemente a cadeia de autopeças, que se destacam hoje entre os itens mais trazidos ao Exterior por empresas da região. “Agora, com a alta cambial, as companhias vão rever suas estratégias e ver se compensa ter mais fornecedores locais”, observa o economista.

Vice-diretor da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Caetano, William Pesinato exemplifica que sua própria empresa, que é do ramo de artigos hospitalares, passou a importar parte dos produtos que comercializa, por causa da desvantagem competitiva que havia. Agora, afirma que será preciso verificar, nos próximos meses, como vai se comportar a taxa para avaliar essa estratégia.

Esse impacto cambial, porém, não é imediato no fluxo do comércio, e deve levar alguns meses para ser melhor sentido. Isso porque as mercadorias que embarcam ao Exterior são negociados com antecedência. Além disso, as empresas refreiam, num primeiro momento, a conclusão de contratos para avaliar até que ponto o dólar ficará mesmo nesse nível. “A tendência, com essa taxa a R$ 2,40, que é 20% acima do que estava há dois meses, é que as empresas se readequem”, cita Francisco Funcia, professor de economia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e do Instituto Mauá de Tecnologia</CW>.
 




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