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Petista condiciona polo industrial de defesa à compra de caças suecos

Para prefeito, aquisição de Gripen pelo governo federal facilitaria implementação de parque de empresas em São Bernardo

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
21/08/2013 | 07:54
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Denis Maciel/DGABC


O prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, condicionou a continuidade do projeto de construção de um polo aeronáutico na cidade à compra, por parte do governo federal, dos caças suecos Gripen, produzidos pela Saab.

Para Marinho, a aquisição das aeronaves suecas “facilitaria o parque aeronáutico” porque os modelos estão em fase de desenvolvimento. O que, segundo ele, traz mais garantia de transferência de tecnologia para deixar o projeto mais viável.

Desde o início da discussão para compra de caças pelo governo brasileiro Marinho mostra predileção pela empresa sueca. Ele chegou a viajar para a Suécia para conhecer in loco o processo de construção do avião. Em seu primeiro mandato, articulou diversas visitas dos executivos da Saab a interlocutores da União para tentar emplacar os modelos suecos.

O petista afirmou que as vantagens trazidas pelos caças Gripen não são observadas nas propostas da norte-americana Boeing, fabricante do F-18, e da francesa Dassault, desenvolvedora do modelo Rafale.

“Os suecos estão em desenvolvimento e é a melhor maneira de fazer transferência de tecnologia exatamente num desenvolvimento que o Brasil está convidado a partilhar. Se o Gripen for escolhido facilita mais nosso parque aeronáutico. Se for os norte-americanos, vamos ver o que dá para salvar. Se for os franceses a mesma coisa. Por isso é a minha torcida pelo Gripen, porque cria maior possibilidade do parque aqui”, explicitou o prefeito. “Nunca falei tão claro como falei desse assunto.”

Em março, Marinho almoçou com diretores da Saab e reforçou o favoritismo da empresa sueca na licitação para compra de 36 caças para a União por meio do projeto F-X2.
“Se comprar (o governo federal) o norte-americano, a Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica) terá uma ilusão de ganhar com isso. Acho que é ilusão. Os norte-americanos estão oferecendo em tese o mercado para os produtos da Embraer. Eles dizem que transferem tecnologia, mas tenho muita dúvida. A manutenção dos franceses é muito cara e não confio em transferência de tecnologia”, justificou o prefeito de São Bernardo.

PROJETO
A sinalização para aquisição dos modelos foi feita ainda no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2006, e desde então se arrasta, principalmente pelo preço: as propostas variam de US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões.

A FAB (Força Aérea Brasileira), em 2010, emitiu documento em que também inclina favoritismo para a Saab. A empresa começou a produzir os caças Gripen em julho e diretores garantem que ainda há tempo para inclusão do Brasil no processo de desenvolvimento da aeronave.
 




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