As devoluções de cheques por insuficiência de fundos aumentaram em julho. Na média, a cada 1.000 folhas compensadas, 20,3 foram devolvidas pela segunda vez. Isso significa que 2,03% do total pertenciam a pessoas sem dinheiro em suas contas vinculadas ao meio de pagamento. Este é o maior índice de inadimplência para o sétimo mês desde 2009, quando o registro foi de 2,21%.

Esta não é a primeira vez no ano que ocorre esse fenômeno majorado. Em março, o percentual era de 2,36% – também o maior para aquele mês nos últimos quatro anos. Em abril, com 2,09%, o mesmo ocorreu.

As informações fazem parte da pesquisa Indicador Serasa Experian de Cheques Sem Fundos. O estudo é desenvolvido pela empresa de banco de dados e proteção ao crédito Serasa Experian.

O economista Carlos Henrique de Almeida, da Serasa, acredita que uma das explicações para o resultado maior do que em anos anteriores é o consumidor estar muito endividado. “Ele acaba usando o cheque pré-datado para se financiar.” Desta maneira, vários acabam se enrolando para pagar.

A Boa Vista Serviços, administradora do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), também captou resultado semelhante. Em julho, a sua pesquisa de devolução de cheques pela segunda vez por falta de dinheiro em conta apontou índice de 1,99%. O percentual é maior do que no mesmo mês do ano anterior, 1,96%. Também superior a junho, quando o registro era de 1,96%.

O economista da empresa, Flávio Calife, disse que o resultado surpreende. “Está no caminho oposto da inadimplência em geral, que está em queda.” Ele também acredita que as compras parceladas em cheques podem ter contribuído.

A coordenadora dos cursos de Ciências Contábeis da Fundação Santo André, Verenice Garcia, tem a mesma opinião. “O indivíduo acaba parcelando as dívidas no cheque. Isso ocorre se você considerar que as pessoas já estão com compromisso financeiro muito grande”, destacou.