No primeiro semestre, cerca de 1,3 milhão de novos contratos de consórcio foram firmados. A informação é da Abac (Associação Brasileira das Administradoras de Consórcios) e os novos cotistas representam crescimento de 9,6% no total de participantes do sistema em relação ao mesmo período de 2012.

Há 50 anos no Brasil, o mecanismo de pagar parcelas mensais até o fim do prazo para pegar o bem desejado (ou ser sorteado no processo) está vivendo momento de expansão. “Há uma geração na faixa dos 30 anos que não tem memória dos tempos da inflação (e dos reajustes constantes nas mensalidades) e que desenvolveu cultura de planejamento financeiro, que envolve prazos maiores”, diz o vice-presidente da Abac, Vítor Bonvino.

“Além disso, o comprador de consórcio geralmente não tem urgência de usar o que comprou. Por exemplo, ele já tem um carro que atende sua necessidade imediata, mas pensa no dia em que vai ter de trocá-lo e já começa a se planejar”, completa.

MULTIPLICIDADE - Há consórcio para tudo: carros, motos, caminhões, máquinas agrícolas, eletroeletrônicos e serviços como cursos no Exterior a até cirurgias plásticas. O estudo da Abac, baseado em dados obtidos junto ao Banco Central, aponta crescimento em todos os segmentos.

No caso das motocicletas, a participação deste tipo de financiamento é notável: 43,3% das vendas de motos no Brasil entre janeiro e junho se deram por meio de cartas de crédito de consórcios. “Esse é um segmento de entrada de novos consumidores tanto em termos de geração como de capacidade financeira”, aponta Bonvino. “E, conforme eles tenham uma experiência positiva, vão comprar outros bens por esse sistema”.

A participação desta forma de parcelamento foi de 13,4% do total das vendas de automóveis nos primeiros seis meses. No mesmo período, em comparação com 2012, o número de participantes de consórcios de automóveis, caminhonetas e utilitários aumentou 20%. Entre os meses de janeiro e junho, o crescimento foi de 8,8%, o que mostra tendência constante.

A aquisição de consórcios para serviços também apresentou expansão, com alta de 21,1% neste ano. A maior parte dos cotistas, 38%, pretende usar os créditos para serviços residenciais, 21% para festas e eventos; 13% em  Educação: 11% a  turismo e viagens e 9% para saúde e estética.

SOLIDEZ - “No caso dos imóveis, apenas no primeiro trimestre deste ano, as contemplações corresponderam a 14,97% de média nacional dos negócios com parcelamentos, considerando também as unidades financiadas pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo”, diz o presidente executivo da Abac, Paulo Roberto Rossi.

RENOVAÇÃO - De acordo com pesquisa encomendada pela entidade e divulgada no fim do ano passado, 63% dos compradores de cotas são homens, 49% da classe B e 48% têm idade entre 40 e 49 anos. Mas o perfil está mudando rapidamente.

Atualmente, os jovens entre 20 e 29 anos respondem por 19% dos negócios do setor. “Quando comparamos os resultados de 2012 com 2006 percebemos aumento de 140% no número de titulares de consórcios de automóveis nessa faixa etária”, diz Bonvino. “Essa é mais uma prova de que a juventude sem o trauma da inflação sabe se planejar”, completa.