Economia Titulo Pesquisa
Grupo francês oferece
tecnologia de satélite
para o Grande ABC
Por Leone Farias
06/06/2013 | 07:28
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Divulgação


A empresa de satélites TAS (Thales Alenia Space), que tem participação majoritária do grupo francês Thales, está comprometida em transferir tecnologia ao Brasil, no caso de vencer a concorrência para o SGDC (Satélite Geostacionário de Defesa e Comunicações Estratégicos). Esse é um projeto do governo brasileiro orçado em mais de R$ 1 bilhão (incluindo o lançamento ao espaço), que se destina em parte a comunicação para uso militar (a chamada Banda X), com o objetivo de melhorar a proteção de fronteiras, por exemplo, e por outro, para uso civil (banda Ka), para conectar áreas isoladas do País.
 
 Se isso ocorrer uma das beneficiada será uma companhia de São Bernardo, a Omnisys, que pertence integralmente à Thales e que produz radares de tráfego aéreo. O presidente da TAS, Jean-Loïc Galle, assinala que a meta é que em três anos 5% dos negócios da companhia sejam provenientes de atividade no Brasil. Isso significaria faturamento da ordem de 110 milhões de euros (ou cerca de R$ 305 milhões).
 

 Parte desse montante deve ser gerada na Omnisys, já que a empresa do Grande ABC tem experiência nessa área. Desde 2007, já recebeu 120 milhões de euros (cerca de R$ 320 milhões) em transferência de tecnologia para o desenvolvimento e produção de radares de tráfego aéreo, e também desenvolveu sistema que identifica emissão eletromagnética que poderia atrapalhar testes no centro de lançamento de Alcântara (Maranhão), entre outras coisas.

IMPULSO 

 Atualmente, a empresa tem R$ 80 milhões de receita anual e deve ganhar forte impulso se receber parte da tecnologia franco-italiana (a TAS tem como sócia também a Fimeccanica) para a produção do SGD. No entanto, esse processo de repassar conhecimento deve ser estendido também a outras indústrias brasileiras. A TAS já tem acordos de intenção para a transferência tecnológica com uma dezena de empresas, e se a disputa (na qual participa também o grupo norte-americano-canadense Space Systems/Loral e o japonês Mitsubishi Electric) for vencida pela franco-italiana a intenção é abrir oportunidades para mais, utilizando a cadeia de fornecedores da própria Omnisys.
 
 O executivo destaca que todo o desenvolvimento tecnológico da companhia, que tem operações de produção de satélite na França (uma das fábricas fica em Cannes e outra em Toulose), na Itália e outras partes do mundo, já consumiu 3 bilhões de euros nos últimos 30 anos, e a ideia é transferir 10% desse know-how adquirido ao longo do tempo.
 
 Pode ser mais. Galle assinala ainda que a concorrência, que deve ser concluída em 30 dias, é só o primeiro passo, e que a intenção é transferir tecnologia também em outras áreas, como, por exemplo, para a produção no Brasil de satélites de observação. A companhia é a única na Europa a fazer equipamentos desse tipo que permite visualizar um objeto em solo com definição de quase um metro (0,7 m). Há interesse do Brasil. “Já tivemos uma consulta oficial da Visiona (parceria entre a Embraer e a Telebras)”, afirma.
 
UNIVERSIDADES
 
 Além do benefício às indústrias brasileiras, Galle destaca que já há entendimento avançado com a UFABC (Universidade Federal do ABC) para levar seis estudantes de PhD dessa instituição de ensino para intercâmbio na França, no projeto aerospacial, o que estaria dentro do programa Ciências Sem Fronteiras, do governo brasileiro, e também de levar conhecimento tecnológico para essa escola da região.
 
LIÇÃO DE CASA
 

 A Thales, além de oferecer tecnologia às indústrias nacionais, procura convencer as autoridades brasileiras desse diferencial do projeto. O governo francês, que apoia naturalmente a TAS nessa disputa, recebe no dia 12 o vice-presidente da República, Michel Temer, em Paris, e um dos temas a serem tratados será a cooperação bilateral na área da Defesa – incluindo negócios entre os dois países no segmento aeroespacial.

O repórter viajou a convite da Thales 




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