Um ano após o início da competição entre os bancos pelas menores taxas de juros, os financiamentos de veículos continuam com taxas mais baixas em relação ao mesmo período de 2012. Mesmo com o mercado financeiro apresentando expectativa de alta para a taxa Selic até o fim do ano, ainda não há sinais de que essas operações vão encarecer a ponto de fazer tanta diferença no custo total da operação.

Atualmente, a taxa básica de juros Selic está em 7,50% ao ano. Porém segundo o último boletim Focus, do BC (Banco Central), os especialistas das instituições financeiras e empresas de análises econômicas esperam 8,25% até o fim do ano. Se essa previsão se concretizar, a alta de 0,75% ao ano será repassada aos financiamentos de veículos. Mas o aumento não será tão perceptível, avaliou o professor de Finanças da FIA (Fundação Instituto de Administração) José Carlos de Souza. "Altas nos custos das financeiras e na inadimplência, por exemplo, pesariam mais", diz.

No fim de abril, o BC apurou que os seis maiores bancos que atendem os consumidores cobravam, em média, 1,31% ao mês nos financiamentos de veículos. São eles a Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco, Santander, Itaú Unibanco e HSBC. No mesmo período de 2012, quando a competição pelas menores taxas já tinha iniciado, a média era de 1,55% ao mês.

As instituições financeiras controladas pelas montadoras acompanharam esse movimento. No fim do quarto mês do ano passado, elas cobravam em média 1,58% ao mês pelos financiamentos de veículos. Em abril, a taxa estava em 1,34% ao mês. Essas empresas atuam prioritariamente na liberação de recursos para clientes que finaciam veículos da marca.

Para o professor de Finanças da Escola de Economia da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas) Samy Dana, as instituições financeiras, atualmente, já cobram taxas referentes ao que acontecerá no futuro. "Quando um banco forma uma taxa de financiamento, uma vez que exista expectativa de alta, ele já trabalha com uma taxa sobre essa expectativa."

Souza lembra que um fator que pode alterar de forma perceptiva os juros dos financiamentos de veículos é a inadimplência. Isso porque ela tem grande parcela na formação dos juros, junto com a tributação, o custo e o lucro para a instituição financeira.

Porém, o último registro do BC sobre os atrasos por mais de 90 dias no crédito (que configura inadimplência) para aquisição de veículos era de 6,31%. Este é o menor resultado desde janeiro de 2012, quanto o registro estava em 6,26%.

ESTOQUE - Dana orienta que os consumidores aguardem alguns meses para adquirir um veículo. Na avaliação do acadêmico, existe a possibilidade de o setor acumular estoque e desová-lo com algumas promoções.

Para o educador financeiro Álvaro Modernell, os interessados em adquirir um veículo devem juntar, no mínimo, 50% do valor para a entrada. "Assim, o consumidor mostra para si mesmo que tem capacidade para pagar o restante do financiamento. Pois se não conseguir juntar os 50%, provavelmente vai se enrolar no restante."