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Um ídolo que virou deputado

Não dá para esquecer o título de tetracampeão do mundo em 1994...

Por Carlos Ferrari
21/03/2012 | 00:00
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Não dá para esquecer o título de tetracampeão do mundo em 1994. Eu tinha 18 anos, e sabia de um Brasil campeão na Copa apenas por conta de histórias contadas por meu pai, tios, enfim, era como tantas outras coisas que a gente só sabe tendo contato com livros, vídeos, relatos familiares, ou em meio a uma aula de história.

Mas o dia finalmente chegou. O time de Dunga, Bebeto e Romário era pura realidade, e mesmo com um 0 a 0 na final a comemoração foi daquelas, com sabor de goleada. Assim nascem os ídolos, marcando presença em nossa alma por momentos inesquecíveis.

Dezesseis anos depois, li na internet que o quase perfeito Romário, artilheiro que teve como única marca negativa da carreira ‘não ter vestido o manto sagrado do todo-poderoso Corinthians', tomaria posse como deputado. Confesso-lhes que de início achei absurdo, vi a imagem de um ídolo arranhada. Mesmo eu apaixonado que sou por política, não conseguia ver o que o irreverente baixinho poderia fazer para contribuir com as complexas demandas enfrentadas pelo nosso Legislativo.

Pouco mais de dois anos se passaram, e posso afirmar publicamente que ídolo, que virou deputado, agora pode também se orgulhar de ser o deputado que virou ídolo. Não haveria melhor momento para escrever esse texto do que nesta semana. Nesse dia 21 de março, Romário promove juntamente com o Senador Lindberg Farias, no Salão Negro do Senado, ato solene comemorando o Dia Internacional da Síndrome de Down.

Nosso artilheiro tetracampeão do mundo tem feito também golaços lá por Brasília. Dentre muitas coisas bacanas, destaco a defesa da Lei 12.470, que permite a pessoa com deficiência que recebe o BPC, benefício mensal para aqueles que têm renda per capta familiar inferior a 1/4 de salário-mínimo, participar de programas de aprendizagem, recebendo o valor por sua condição de aprendiz sem que perca o benefício. 

Isso se torna uma revolução na vida de pessoas com deficiência que muitas vezes não buscavam uma inserção nesse tipo de programa, pois a família tinha medo de perder o que já até ali tinha como certo. Com o benefício garantido, muitos estão tomando coragem para sair de casa e buscar uma inserção no mundo do trabalho, resgatando a autoestima e o sentido de cidadania.

Ter uma filha com Down não foi para Romário motivo para fugir da mídia, ou desculpa para se fazer de vítima diante de um fato ‘tão difícil', provocado pelo destino. Como fazia no campo, o baixinho foi para cima, comprou a briga, e hoje é mais um companheiro de luta, que faz com que o nosso movimento tenha um ataque cada vez mais artilheiro!




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