Este verdadeiro jogo de busca sobre um território de 440.000 quilômetros quadrados deixa exposta a credibilidade de Washington aos olhos da comunidade internacional, em geral oposta à guerra contra o Iraque.

O serviço de informação militar, a CIA e o FBI estão empenhados na tarefa, enquanto que uma equipe de 1.000 técnicos americanos trabalham no local.

"Escavar, desenterrar, estas operações levam tempo", declarou um dirigente do Pentágono que pediu para não ter o nome divulgado. Este grupo, dirigido por um general, é formado por militares e cientistas civis.

A equipe foi especialmente constituída para a busca ao arsenal de armas de destruição em massa com existência denunciada por Washington para justificar a guerra contra o Iraque.

"Não se trata de uma simples busca do tesouro durante a qual corre-se em todas as direções esperando encontrar alguma coisa", explicou quinta-feira o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld.

"O que vai acontecer é que vamos descobrir pessoas que nos dirão onde poderemos encontrar essas armas", afirmou o chefe do Pentágono.

Ao recordar que os inspetores de desarmamento das Nações Unidas não encontraram nenhum armamento proibido, Rumsfeld admitiu a possibilidade de as forças americanas não obterem resultados.

No dia 5 de fevereiro, diante do Conselho de Segurança das Nações Unidas, o secretário de Estado Colin Powell apresentou farta documentação sobre as armas de destruição em massa iraquianas, sobretudo referentes a laboratórios móveis, mísseis com ogivas químicas e quantidades importantes de gás.

"Eu não estou preocupado. Vão encontrá-las. Estou razoavelmente convencido", assegurou Powell à rádio pública PBS na noite desta quinta-feira.

"Há milhares de lugares que deverão ser examinados, assim como centenas e centenas de pessoas que têm conhecimentos na matéria e que teremos de interrogar", disse.

No dia 9 de abril, três dias antes de serem encontradas caixas suspeitas, Rumsfeld reconheceu que as armas de destruição em massa continuavam sem serem encontradas.

Semana passada, funcionários americanos anunciaram que descobriram 278 ogivas de artilharia que continham agentes químicos. Horas depois, informou-se que as 278 ogivas não eram mais que cinco caixas e que os oficiais haviam se equivocado.

A busca ameaça tornar-se ainda mais tediosa para Washington levando em conta a recente acusação contra a Síria, suspeita pelos Estados Unidos de ocultar armas e dirigentes do regime iraquiano.

Algumas figuras do jogo de 52 naipes com os rostos dos principais dirigentes do regime iraquiano distribuído pelos Estados Unidos entre suas tropas já foram capturadas.

Samir Al Aziz Al Najm, chefe do comando regional do partido Baath para a região leste de Bagdá, dois meio-irmãos de Saddam Hussein - Barzan Al Tikriti e Watban Ibrahim Hassan - também já foram detidos.

Outro membro desta lista, o assessor científico de Saddam Hussein, general Amer Al Saadi, se entregou às forças americanas.