Ano vem, ano vai, e algumas perguntas não saem da moda, como o uso de por que e porque. Quando se separam? Quando se juntam? E quando se coloca acento circunflexo no e?

De início, é bom lembrar que aquela história de pergunta e resposta não funciona direito. Não acredite na conversa que diz que só se escreve por que (separado) quando existe ponto de interrogação.

Pense neste exemplo: "Por que você não deixa o carro em casa uma vez por semana?". Isso é uma pergunta, não? Termina até com ponto de interrogação, mas isso não tem muita importância. O que interessa é notar que depois da palavra que está oculta a palavra razão (ou motivo): "Por que razão (por que motivo) você não deixa o carro em casa uma vez por semana?".

Também se pode pensar que, em vez de "Por que razão você não deixa..." ou "Por que motivo você...", podemos dizer "Por qual razão você..." ou "Por qual motivo você...". Como se vê, esse por que (separado) equivale a por qual razão, por que razão, por qual motivo, por que motivo.

Agora vamos pensar neste outro exemplo: "Não entendo por que você não deixa o carro em casa uma vez por semana". E agora? A frase não termina com ponto de interrogação. Mesmo assim o por e o que devem ficar separados. E por que isso ocorre? Porque a frase equivale a esta: "Não entendo por que razão (ou por que motivo, por qual razão, por qual motivo) você não deixa o carro em casa uma vez por semana". Novamente, temos as palavras razão ou motivo subentendidas.

Moral da história: esqueça essa lorota de que é preciso ponto de interrogação para que se separe o por do que. No próximo domingo, a gente volta a conversar. Até lá.