Setecidades Titulo Reconhecimento
Science publica artigo de professor da USCS

Paulo Garcia e outros dois docentes abordam forma como a biodiversidade é tratada nas escolas

Por Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
17/09/2020 | 23:06
Compartilhar notícia
Claudinei Plaza/DGABC


Pesquisa sobre o interesse dos alunos em estudar a biodiversidade e que tem como um dos autores o professor do mestrado em educação da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Paulo Sérgio Garcia, alcançou visibilidade internacional e se tornou o primeiro artigo brasileiro na área da educação publicado pela revista científica norte-americana Science Advances, uma das mais respeitadas do mundo. O estudo faz parte do projeto Biota/Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), programa de pesquisas em caracterização, conservação e uso sustentável da biodiversidade, que pesquisa, entre outro temas, a biodiversidade do Brasil e, por meio disso, elabora materiais didáticos.

Ao lado de Garcia estão os pesquisadores Fernanda Franzolin, da UFABC (Universidade Federal do ABC), e Nelio Bizzo, da USP (Universidade de São Paulo) e da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) de Diadema. Eles chegaram à conclusão que o interesse dos jovens sobre a biodiversidade de onde vivem vai na contramão do que os materiais didáticos oferecem. “Os currículos educacionais brasileiros, de ciências e biologia, estudam fauna que nem sempre é a local. Nesta pesquisa pudemos compreender que os jovens estão mais interessados em conhecer sobre a sua localidade, e não o que as escolas costumam apresentar no ensino tradicional, muitas vezes, falando sobre a fauna da África”, exemplificou Garcia.

Dentre os conteúdos abordados, o artigo Amazon conservation and students interests for biodiversity: the need to boost science education in Brazil (Conservação da Amazônia e interesses dos alunos para a biodiversidade: a necessidade de impulsionar a educação científica no Brasil, em português), publicado em agosto e que pode ser acessado no https://advances.sciencemag.org/content/6/35, apontou como tema central o fato de alunos brasileiros que estão iniciando o ensino médio e que vivem na Região Amazônica terem mais interesse em estudar a biodiversidade local do que aqueles que vivem no Sudeste, por exemplo, o que surpreendeu os docentes.

Porém, a pesquisa cita que alunos de todas as regiões brasileiras concordam com a necessidade urgente de ações para proteger o meio ambiente e discordam que esta função seja esperada apenas dos países ricos.

O artigo também concluiu que populações locais e indígenas contribuem para difusão do conhecimento sobre a biodiversidade. Foram discutidos ainda mitos indígenas, inclusive o do Mapinguari, criatura gigante que também habitaria a floresta, presente na cultura rural e urbana da Amazônia. Dificilmente se encontra algo semelhante no Sul do Brasil, mesmo no Oeste catarinense, onde é importante a presença de indígenas, principalmente das culturas Guarani e Kaingang.

O estudo discute ainda a necessidade de melhorar a educação científica no País, oferecendo visão mais atualizada do que a ciência tem descoberto sobre a Amazônia, incluindo conhecimento de povos locais indígenas da região. Para os autores, a pesquisa é uma das mais importantes para evolução educacional no Brasil, sobretudo porque mostra os interesses a partir da opinião de estudantes e, desta forma, será possível que as instituições de ensino possam criar metodologias e elaborar materiais didáticos que enfatizam o que os jovens têm vontade de saber mais. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;