Cultura & Lazer Titulo
Bastidores do Purple
Por Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
03/08/2009 | 07:00
Compartilhar notícia


Patrimônios do hard rock mundial, os britânicos do Deep Purple oferecem aperitivo suculento aos fãs e permitem acesso privilegiado aos bastidores dos melhores anos de sua trajetória. Tudo por meio do DVD duplo History, Hits & Highlights ‘68-‘76 (ST2, R$ 36, em média), recheado de entrevistas, participações em programas de TV, ensaios e trechos de shows. São cerca de quatro horas de imagens preciosas.

Criado no condado inglês de Hertfordshire, o grupo teve quatro formações nesse período, quando foi alçado ao panteão roqueiro, ao lado de Led Zeppelin e Black Sabbath. No quesito sonoro, começou sob inspiração psicodélica, explícita no primeiro disco, Shades of Deep Purple, que tem como destaque a pegajosa Hush. O grupo contava, no início, com o vocalista Rod Evans e o baixista Nick Simper, além do temperamental guitarrista Ritchie Blackmore, do tecladista Jon Lord e do baterista Ian Paice.

Desde o princípio da carreira, o Deep Purple buscou dialogar com outros estilos, como a música clássica e o blues. "O cenário musical está estranho atualmente. Os grupos ingleses são uma coisa ou outra. Nós queremos reunir centenas de ideias em nossas performances", explica Lord em entrevista concedida em 1968 a um programa de TV dinamarquês.

FAMA E ESTRELISMO - Somente a partir do ano seguinte, com as substituições de Evans e Simper pelo cantor Ian Gillan e o baixista Roger Glover, respectivamente, a banda construiu identidade artística consistente e demarcou espaço no mercado fonográfico.

Em 1970, lançou o essencial In Rock, que contém Speed King e Child in Time, entre outras pepitas. A incrível extensão vocal de Gillan, a exuberância de Blackmore na guitarra, os longos improvisos de Lord nos teclados e o virtuosismo de Paice na condução rítmica renderam outros álbuns clássicos, como Fireball e Machine Head. No repertório deste último está a emblemática Smoke on The Water, composta após incêndio em cassino na cidade de Montreux, na Suíça, durante apresentação de Frank Zappa.

Apesar do sucesso crescente - em 1972, foram seis turnês nos Estados Unidos -, Gillan e Glover resolveram desligar-se dos companheiros. "Fizemos tudo o que podíamos com esse tipo de rock", alegou Gillan à época.

Para substituir o cantor, foi recrutado David Coverdale, que gravou discos antológicos como Stormbringer e Burn. Aliás, os registros da fase do intérprete, que dividia os vocais com o versátil baixista Glenn Hughes, são os mais interessantes dos DVDs. A única nota dissonante, para quem não tem intimidade com a língua inglesa, é a falta de legendas em português.

É curioso ver, por exemplo, os ataques de estrelismo de Blackmore, que se recusava a compartilhar o camarim com os parceiros. "Gosto de ficar sozinho e afinar meu instrumento. Não gosto das pessoas e, a maior parte do tempo, acho um monte de gente entediante. Eu também me acho entediante", afirma o instrumentista, que deixaria a banda, para dar lugar a Tommy Bolin, em 1976.

AO VIVO - Também chegou às lojas o box com quatro DVDs Deep Purple - Live (ST2, R$ 110, em média), que, apesar da fartura de imagens de shows - realizados a partir de 1996, com o guitarrista Steve Morse -, não contém muitas novidades e é recomendável apenas para aficionados.

A exceção entre os itens da caixa é a apresentação dos roqueiros veteranos com a Orquestra Sinfônica de Londres, executada pela primeira vez em 1969 e interpretada novamente por Jon Lord 40 anos depois, na última Virada Cultural, em São Paulo.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;