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Associação ajuda artesãos de S.Bernardo
Ana Flávia Oliveira
Do Diário do Grande ABC
30/11/2009 | 07:20
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O artesanato pode ser uma fonte de renda em tempos difíceis e pelas estatísticas já envolve milhões de brasileiros. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o ofício movimenta cerca de R$ 30 bilhões por ano. A atividade é exercida por 8,5 milhões de pessoas.

Uma delas é a ex-estudante de farmácia Ana Paula Ferreira de Lima, 32, que trancou a faculdade e saiu do emprego em uma clínica dentária para se dedicar somente ao biscuit. "Não conseguia conciliar o estudo com os trabalhos (artesanato e consultório). Tentei continuar a faculdade, mas também não tinha tempo suficiente. Então tranquei e fiquei só com o biscuit."

O biscuit a que Ana Paula se refere é uma massa feita com amido de milho, cola branca, limão ou vinagre e vaselina. Serve de matéria-prima para lembranças às festas de crianças e casamentos, imãs de geladeira e diversos tipos de enfeites.

Ela vende os objetos que faz para quatro lojas. Trabalha também em feiras e exposições. Com tanto trabalho, a ex-farmacêutica avalia o retorno financeiro como compensador. "Eu acredito que tiro em média de R$ 2.000 a R$ 3.000 por mês", disse.

Ana Paula é associada do Espaço Arte Cidadã, na Vila Mussolini, em São Bernardo. Trata-se de uma parceria entre a Prefeitura, que cedeu a área, e a associação Arte Que Faz, que gerencia e comercializa as peças.

O espaço foi inaugurado em agosto de 2006 e tem o objetivo de ampliar as oportunidades de geração de trabalho e renda para as pessoas que trabalham com artesanato no município.

Mais de 20 técnicas diferentes de trabalhos, tais como crochê, tricô, mosaico, biscuit, patchwork (trabalhos onde pedaços de tecidos são costurados, formando um padrão que pode ser adotado em camisetas, carteiras, bolsas etc.), velas decorativas, bonecas de pano, tear, artesanatos em madeira, papel reciclado e bordados em tecidos, são oferecidas pelos 55 artesãos atualmente cadastrados na associação.

SELEÇÃO
As opções devem aumentar, pois, de acordo com Vera Lúcia Contreras Fernandes, segunda-secretária da associação, existe uma lista de espera para novos associados. "Sempre tem gente querendo entrar, e nós não temos como. Tem que ter uma seleção. Se há cinco pessoas fazendo patchwork, informamos que estamos saturados e pedimos para parar, ou então sugerimos para que a pessoa faça um trabalho diferente dentro da própria técnica. Porque aqui nós procuramos produtos diferenciados".

Tanta competição para se associar tem uma razão. Segundo Vera Lúcia, o Espaço Arte Cidadã é uma vitrine lucrativa. "O artesanato para certas pessoas é fonte de renda. Aqui é uma janela. Com a associação, a gente consegue expor em muitas feiras que a Prefeitura consegue. Têm pessoas que vivem só do artesanato. Para outras é um complemento no orçamento familiar".

Lúcia Assunção Leite, 58, aprendeu a bordar com a mãe e aos 9 anos fez o enxoval do irmão caçula. Mas só depois que se associou ao Espaço Arte Cidadã teve a oportunidade de comercializar seus trabalhos em feiras e eventos. Hoje, a artesã tem renda mensal de, aproximadamente, R$ 500 com a produção de bonecas de pano. Mas ela não reclama. "É pouco. Mas é que eu gosto de fazer bonecas, então eu fico dias para fazer apenas uma."

Mas existem outras formas para esses autônomos completarem a renda. Albertina Rodrigues Balabenute, 58, se dedica a pintura de quadros há 24 anos. Hoje, ensina as técnicas da pintura na própria casa e tem um retorno mensal de R$ 700 entre vendas de peças, aulas que dá e encomendas que recebe.

Os preços dos quadros de Albertina variam entre R$ 18 e R$ 300, dependendo do tamanho e desenho.

Das 20 opções de artesanato que o espaço Arte Cidadã oferece, uma é imbatível o ano todo. Segundo a secretária Vera Lúcia, essa técnica é o biscuit. Talvez, um dos motivos para que a ex-farmacêutica Ana Paula tenha optado por essa atividade.

Serviço - Espaço Arte Cidadã: Rua Aura, 71. Vila Mussolini. Horário de funcionamento - de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, e aos sábados, das 9h às 14h. Telefone: 4362-2741.

 

Projeto social ajuda na complementação de renda

Seja como forma de tirar uma renda extra ao fim do mês ou por hobby, o artesanato nacional desenvolveu-se, chegou ao mercado externo e já é responsável por movimentar grande quantidade de capital no País.

Segundo dados da Sutaco (Superintendência do Trabalho Artesanal nas Comunidades), órgão ligado ao governo do Estado de São Paulo, até a primeira quinzena de setembro de 2009, o artesanato movimentou cerca de R$ 12,5 milhões. Nesse período, os artesãos do país exportaram cerca de R$ 172 mil em produtos.

Até este ano, a Sutaco registra 66.536 artesãos cadastrados no Estado de São Paulo. Desse total, 305 estão em Santo André, 1.107 em São Bernardo, 161 em São Caetano e 231 em Diadema.

Um dos principais diferenciais que o setor vem apresentando é a busca por inclusão social e por formas mais organizadas de venda. Muitas associações estão revendo sua forma de atuar para se adaptar ao mercado, transformando o artesanato em negócio, gerando a capacitação e a visão empresarial em comunidades mais carentes.

É o caso do projeto Araçari, em São Bernardo, que começou em 2000 e visa a geração de renda e a inclusão social. Jovens a partir de 16 anos se reúnem para descobrir no artesanato o empreendedorismo.

Com um apelo ecológico, os artesãos fabricam blocos de anotações, cartões de visita, embalagens de presentes e outros materiais com papel reciclado. Os produtos são vendidos no varejo ou no atacado e contam com clientes como a Veja Engenharia Ambiental ou a Fundação Espaço Eco.

A coordenadora do projeto, Vera Lúcia Melo, explicou que os jovens participam de todas as etapas da criação do produto. "O projeto ajuda a dar uma formação empreendedora para esses jovens. Aqui, eles aprendem o comportamento profissional e o quanto o relacionamento interpessoal é importante", pontua. O lucro é divido entre os jovens, que tiram em média R$ 150. É o caso de Kelly Rufino Costa, 24, que soube do curso pelo jornal e agora complementa a renda com os ganhos. (Julia Silva)
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Serviço: Rua Valdomiro Luis,
65 - Bairro Demarchi. Telefone: 4396-7171.




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