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Hunter-Ray sai na frente em São Paulo

Regras e táticas equivocadas derrubam Will Power

Derek Bittencourt
do Diário do Grande ABC
05/05/2013 | 07:42
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Quem vai parar Will Power? Esta foi a pergunta de ontem no Anhembi, local que abriga hoje a quarta etapa da temporada, a São Paulo Indy 300. O australiano, que venceu as três corridas disputadas em solo brasileiro (2010, 2011 e 2012), fez os dois melhores tempos nos treinos livres, e quando tudo parecia se encaminhar para mais um início com amplo favoritismo, o regulamento do qualificatório o derrubou - bem como a tática equivocada em deixar para tentar as voltas rápidas no fim - e ele sai apenas em 22º.

Sem o favorito, Ryan Hunter-Reay teve a vida facilitada e com a volta mais rápida da história do circuito (1min20s431), o norte-americano e atual campeão da categoria sai na frente na corrida que inicia às 12h30 (transmissão da Band) de hoje.

Com volta avassaladora que o levou ao Q3, Tony Kanaan avançou como favorito a sair na ponta da corrida paulista, mas quando era para valer, o baiano não teve o mesmo rendimento. O público se empolgou, levantou nas arquibancadas para empurrar o piloto da KV Racing, mas ele sai em quarto - ao menos como o melhor brasileiro, superando os problemas na mão direita que está com três ligamentos lesionados. Entre eles, largam o venezuelano EJ Viso, em segundo, e escocês Dario Franchitti, em terceiro.

Por questões de tática equivocada para aguardar o melhor momento de buscar tempos mais baixos, e também em função do regulamento do treino classificatório da Indy, que para o treino com bandeira vemelha em caso de acidente perigoso, os dois pilotos da Penske se deram mal. Will Power e Helio Castroneves, além de Bia Figueiredo, tentavam avançar ao Q2 quando James Jakes teve pane no carro, parou no meio do caminho - com princípio de incêndio - e ocasionou a pausa na sessão.

Como não houve tempo hábil para retira-lo da pista, a atividade foi encerrada e tanto o australiano quanto os brasileiros (Bia sai em 16ª e Helinho em 18º) ficaram para trás, com os tempos altos que cravaram até então.

Desta forma, Tony Kanaan, que esteve no primeiro grupo, foi o único brasileiro a avançar à segunda parte do treino. E com uma volta espetacular, cravou 1min20s495 e se credenciou ao Q3 como favorito à pole position. Mas junto dele na briga pela ponta estavam James Hinchcliffe, EJ Viso, Dario Franchitti, Ryan Hunter-Reay e Scott Dixon.

Três pilotos da Andretti, dois da Chip Ganassi e um da KV Racing, cada um com uma nacionalidade diferente. E quem se deu bem foi o norte-americano, atual campeão da categoria e que já colecionou dois vices em São Paulo.

MAIS RÁPIDA

De 2012 para este ano, a organização da etapa paulistana realizou modificações em um setor específico do percurso. O ‘S' do samba, localizado logo após a reta do Sambódromo, foi alargado e teve a altura das zebras diminuídas.

Na temporada passada, os pilotos reclamaram que o tamanho do obstáculo fazia os carros alçarem voo e serem lançados em direção ao muro. "Era muito alta. No ano passado tive problemas e bati na saída. Assim como está agora, a curva se torna mais rápida. E nas relargadas, os carros poderão se espremer na curva, mas dando espaço", explicou Helio Castroneves.

As mostras de que o novo design das duas primeiras curvas deixou o traçado mais rápido foi atestada. Até então, a melhor volta da pista paulista foi alcançada por Will Power, em 2012, ao cravar 1min21s271, durante o treino qualificatório.

No entanto, ontem a marca foi superada já na segunda sessão livre. E foi o próprio australiano quem alcançou tal feito, baixando para 1min20s926. Mais tarde, na sessão de classificação, Ryan Hunter-Reay diminuiu ainda mais o tempo e alcançou 1min20s431.

Piloto quer acabar com vices do passado

O norte-americano Ryan Hunter-Reay deu o primeiro passo para deixar para trás os dois vices conquistados na São Paulo Indy 300 nos últimos anos ao conquistar a pole position no treino de ontem à tarde. O piloto da Andretti foi ajudado pela tática mal feita da Penske, que fez Helio Castroneves sair em 18º e Will Power, em 22º. No entanto, ele não vê os concorrentes fora da briga.

"No ano passado, em Baltimore, aconteceu o mesmo comigo, e estava lutando pelo título, e mesmo assim venci a corrida do dia seguinte. Então ele (Power) não está fora da briga. Ele sempre fez um ótimo trabalho aqui, com três vitórias, mas espero fazer um trabalho melhorhoje junto dos meus companheiros", destacou o piloto, que celebrou a pole e elogiou o circuito. "O traçado ficou muito interessante para se andar em ritmo de classificação. Espero trazer alguns bons pontos amanhã".

Ernesto Viso não escondia a felicidade em largar na segunda posição. Companheiro de Hunter-Reay na Andretti, o venezuelano se mostrava bem à vontade e concedeu parte da entrevista em espanhol - compreendeu inclusive questões em português - e outra em inglês. "Estou muito feliz. Temos um carro muito rápido e um equipamento bom. Para ser sincero, não (estou surpreso com a vice-liderança)", disse.

Tetracampeão da Indy e pole position na primeira vez que a categoria desembarcou em São Paulo (2010), Dario Franchitti, quando questionado sobre o que esperava do desempenho do amigo Tony Kanaan, destacou a superação do brasileiro. "Foi impressionante. Este é um traçado muito difícil, o ‘S' do samba) exige muito das mãos e parece que ele não tem dor nenhuma", elogiou o escocês.

Piloto da Chip Ganassi, ele ainda comentou as decisões erradas que acabaram fazendo com que as Penske de Helio Castroneves e Will Power largassem no fim do pelotão. "É sempre grande risco quando você espera até o último momento para ir à pista com os pneus vermelhos (macios). Apesar de estar mais emborrachada, é arriscado. Todos já passamos por isso e hoje foi o dia da Penske", afirmou.

LAMENTO

Largando bem longe das primeiras colocações, Will Power lamentou os ocorridos no treino que o impediram cravar voltas rápidas e se classificar ao Q2. "Foi falta de sorte, esta que vou precisar na corrida. Não é impossível vencer, mas largar em 22º é muito difícil", opinou o australiano.

Brasileiros prontos para batalha

O brasileiro Tony Kanaan não poderia comemorar de forma mais especial o quarto lugar na SP Indy 300. Isso porque o baiano completa hoje 200 Grandes Prêmios consecutivos na categoria. Sua intenção é quebrar o recorde do ex-piloto e atual dono de sua equipe, a KV Racing, Jimmy Vasser. "Ele tem 211 e talvez bata até o fim do ano", disse o baiano, que para celebrar o fato corre com capacete comemorativo. Caso ela siga correndo normalmente a temporada, alcança a marca na etapa de Baltimore, em 1º de setembro.

E que ninguém chegue perto de Kanaan falando em aposentadoria. "Nem penso nisso. Tenho muito etanol e gasolina para queimar, mas com essa luta constante por patrocínio, é capaz de me pararem", afirmou o piloto, que quer ficar pelo menos mais cinco temporadas na categoria norte-americana antes de possível migração à Stock Car.

Sobre o classificatório e o quarto lugar, o brasileiro não escondia a alegria. "O dono da minha equipe até me perguntou se não quero machucar também a mão esquerda", brincou o piloto, que está com a direita lesionada. E não é porque alguns dos favoritos largam mais atrás que o baiano se tranquiliza. "A posição de largada conta muito pouco. Amanhã (hoje) é a hora da verdade", disse.

Kanaan cravou a segunda volta mais rápida da história do circuito (1min20s495), no Q2, e quando a fez, um motivo o fez perder a concentração. "Quando completei a volta até me desconcentrei ao ver toda a arquibancada em pé", afirmou.

SENTIMENTOS OPOSTOS

Vítimas do fim precoce da sessão de treinos no Q1 em função da bandeira vermelha ocasionada pelos problemas no carro de James Jake, Helio Castroneves e Bia Figueiredo demonstraram sentimentos diferentes sobre ficarem respectivamente nas 18ª a e 16ª colocações. "Tinha grandes expectativas e não vou largar tão bem. Vamos ter que mudar a estratégia para manter a liderança do campeonato). O Takuma (vice) e o Dixon (terceiro) saem à frente e isso preocupa, mas não vamos perder a confiança. Pelo contrário, vamos fazer de tudo. Estamos bem confiantes", projetou Helinho, que coleciona retrospecto positivo vindo do fundo: em 2008, em Detroit, largou em 28º e venceu. Mais positivista, a brasileira não reclamou. "A ideia era ficar no top15, então sair em 16º não é ruim", emendou Bia.




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