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Jovens de fé

Estimulados pela família, adolescentes buscam na religião força para superar momentos difíceis

Tauana Marin
Do Diário do Grande ABC
14/10/2018 | 07:08
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Denis Maciel/DGABC


Conforme ditado bíblico, a fé (re)move montanhas. Muitas pessoas podem atrelar a crença àqueles mais experientes, mas, em meio a esse sentimento difícil de decifrar, jovens se debruçam sobre a religiosidade a fim de enfrentar as adversidades da vida. Eles buscam, por meio da fé, combustível para continuar em frente com mais profundidade. Em geral, passam a seguir os passos da espiritualidade por terem em seu convívio referências de pessoas praticantes da fé, como os avós e pais. “Desde pequeno observava meu avô, hoje falecido. Ele era devoto de Nossa Senhora e sempre admirei o apego, a fé, que dedicava à santa. Então, enquanto criança, ficava curioso e tinha vontade de nutrir um sentimento como esse, inabalável”, conta Gabriel Campos Rosa, 16 anos, de Santo André.

Segundo o garoto, sejam nos momentos bons ou ruins, rezar a ela sempre lhe deu forças para não desistir. “Meus pais, por um período, ficaram separados, e mesmo eu sendo pequeno e não sabendo muito o que estava acontecendo, recorri a Nossa Senhora. Hoje somos uma família unida novamente. A fé é um sentimento, não temos como explicá-la, porém, temos como sentí-la, e isso pode ajudar muito na percepção de vida de cada indivíduo”, explica Gabriel.

Frequentar a igreja e pedir ajuda a Nossa Senhora Aparecida, cujo dia foi comemorado na sexta-feira, é um refúgio quando os problemas aparecem e, de imediato, não têm solução, na visão da andreense Karine Aparecida Melendes, 17 anos. “Ver pessoas que se alimentam desse sentimento para seguirem otimistas na vida é algo que inspira.”

Apesar de frequentar a igreja quando mais nova, Karine passou a ir sozinha há dois anos. “Através da minha avó, que sempre me contava as histórias a respeito da santa (Nossa Senhora), e também sobre Jesus, é que me despertei para a fé.” Ela conta que, por meio da sua crença, já superou momentos difíceis. “Um deles, durante a gestação da minha cunhada, em que havia riscos e complicações para o bebê, rezei muito e me senti bastante confiante. Todos os dias rezávamos o terço (oração que contempla determinadas passagens da vida de Jesus Cristo e de sua mãe, a Virgem Maria, segundo a doutrina da Igreja Católica). Graças a Deus a gestação e o nascimento foram normais, tranquilos.”

A curiosidade de Laura de Barros Noé Siqueira, 16 anos, também de Santo André, a fez pesquisar sobre a questão da fé. “Sempre ouvi as histórias que minha mãe e avó contavam. Via a crença em Nossa Senhora e busquei entender isso, me apeguei a essa força.” A garota conta que desde pequena era levada à igreja, o que também contribuiu para que desenvolvesse sua religiosidade. “Ela (Nossa Senhora) é esse canal da graça (do desejo alcançado). É intermédio quando peço ajuda. Eu mesma sou um milagre. Minha mãe não poderia ficar grávida por causa de um acidente que teve um ano antes do meu nascimento. Mas, mesmo assim, conseguiu engravidar. No início, os médicos não conseguiam ouvir meu coração bater. Foi então que minha mãe foi a uma igreja e pediu a Nossa Senhora. Hoje, estou aqui. Com 15 dias de vida meus pais me levaram à Capela de Nossa Senhora, em Aparecida (São Paulo).”

Os três jovens ouvidos pelo D+ frequentam atualmente a Paróquia Nossa Senhora do Paraíso, em Santo André, e fazem parte do grupo Talitha Ku – expressão hebraica que quer dizer “Jovem, levanta-te”, onde se reúnem todos os sábados, além de desenvolverem outros trabalhos no local. Os amigos fizeram catecismo (ensino oral da religião cristã, dos seus mistérios, princípios e código moral, que prepara as crianças para a primeira eucaristia) e também a Crisma (estudo direcionado a adolescentes). Mais do que a religião em que foram criados, os jovens demonstram que, em tempos de discordância política, social e cultural, a fé é um dos pilares, senão o maior, que os mantêm confiantes e em paz de que tudo dará certo. “Acredito que o que acontece na vida (de bom ou ruim) é a motivação para continuarmos seguindo e buscando, sempre, o alto (a fé, Deus)”, exemplifica Karine.
 




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