O ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Jorge Hage, disse nesta segunda-feira que, apesar dos avanços nos últimos anos, o país precisa de reformas na legislação e no sistema político para combater a corrupção. Ele participou de uma mesa-redonda na Reitoria da Universidade de Brasília, em comemoração ao Dia Mundial contra a Corrupção.
Segundo Hage, a CGU tem aplicado penalidades dentro da própria administração sem esperar pela Justiça, com a demissão de mais de 1,5 mil agentes públicos por atos de improbidade e de corrupção nos últimos cinco anos. A Controladoria também tem procurado incrementar a abertura de todas as despesas públicas no Portal da Transparência da CGU, que mostra todos os gastos federais.
Hage também destacou que o governo federal pretende multiplicar a iniciativa da CGU. “Além disso, estamos celebrando convênios com outras instituições, inclusive estaduais, para criar controladorias nos Estados para que os governos estaduais reproduzam essas experiências”, destacou.
Para que o combate à corrupção seja bem-sucedido, no entanto, Hage assumiu que ainda falta um longo caminho. “Precisamos mexer em coisas mais profundas que demoram mais: reforma política, financiamento de campanhas, superar a barreira do sigilo bancário e fiscal que, no Brasil, se tornou um biombo para proteger criminoso de colarinho branco e acelerar a reforma das leis processuais”, disse.
Coordenador da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção, o deputado Paulo Rubem Santiago (PDT-PE) disse que a corrupção mata e aumenta a exclusão social e que o Estado brasileiro é tolerante com ela. Segundo ele, a corrupção cria a cultura do medo e do silêncio, principalmente no interior do país.
O deputado listou ainda alguns itens que classifica como “anabolizantes” para a corrupção: foro privilegiado, elaboração de orçamentos para entidades filantrópicas, generalização do sigilo bancário e corporativismo do Poder Legislativo e dos partidos. Ele também disse que é necessário que sejam rompidos os laços de dependência entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, como a nomeação pelo presidente da República de ministros para o STF (Supremo Tribunal Federal) e para o STJ (Superior Tribunal de Justiça).