Política Titulo Editorial
A praga do caixa dois
Do Diário do Grande ABC
21/05/2018 | 11:56
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Empresas estão proibidas há quase três anos de fazer doações de dinheiro para campanhas eleitorais. Em 17 de setembro de 2015, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu, por 8 votos a 3, declarar inconstitucionais as normas que permitiam a pessoas jurídicas financiarem candidatos. Foi a maneira encontrada para estancar o escândalo revelado pelas investigações do chamado Mensalão do PT, quando se expôs a promiscuidade entre os poderes econômico e político no Brasil. Na melhor acepção do termo toma lá dá cá, companhias financeiramente poderosas bancavam gastos eleitorais elevados de olho em futuros contratos públicos.

A medida que se pretendia moralizadora, todavia, não passou no primeiro teste. A eleição para prefeito em 2016 foi a primeira a se realizar sob as novas regras. Segundo as prestações de contas apresentadas à Justiça, todos os candidatos obedeceram à legislação. Mas bastou espiadela por baixo do tapete para que a sujeira se revelasse...

Operação Prato Feito, deflagrada no começo do mês por Polícia Federal, Ministério Público Federal e CGU (Controladoria Geral da União) em cidades paulistas, paranaenses e baianas, além do Distrito Federal, revelou que companhias do ramo de merenda escolar usaram caixa dois para financiar campanhas de prefeitos. O modus operandi dos empresários envolvidos no esquema consistia em se aproximarem do candidato mais propenso a vencer e, com o argumento de ajudarem a pagar as contas da eleição, capacitarem-se para, dentro da lógica da lei do retorno, assumir futuros contratos com as prefeituras.

Leis, evidentemente, são importantes para coibir a influência do capital financeiro nas eleições e, posteriormente, administrações brasileiras. Mas, como se viu na Operação Prato Feito, o que vai realmente evitar a proliferação de acordos espúrios feitos por baixo do pano e longe dos olhos da opinião pública, como são as tratativas do caixa dois, essa maldita praga que assola a política nacional, é a eterna vigilância de instituições como a PF, a CGU, o MPE e a Justiça Eleitoral.




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