"Meu plano é ser um acionista mais ativista para ajudar a enriquecer a governança do banco na América Latina", disse Marino ao Estado. Em comunicado ao mercado nessa quinta-feira, o Itaú Unibanco informou que o executivo Cesar Blaquier, sócio do banco e presidente do Itaú Argentina assumirá as funções de Marino como diretor coordenador das operações na Argentina, Uruguai e Paraguai, além da gestão de produto e suporte aos negócios da América Latina, que antes estava sob responsabilidade do herdeiro. Milton Maluhy continua como presidente do Itaú CorpBanca no Chile.
Para o novo conselho, o banco indicou nomes da casa: Setúbal, Candido Bracher, presidente da instituição, e Eduardo Vassimon, à frente do Itaú BBA, e executivos externos. Foram convidados Andrés Velasco, ex-ministro da Fazenda do Chile, Angel Corocstégui, ex-Santander e com larga experiência no mercado financeiro, a economista mexicana Sonia Dulá, que atuou como vice-presidente do Bank of America Merril Lynch para América Latina, e Hugo Barra, ex-Xiaomi, que hoje está no Facebook. "Barra é maior referência brasileira hoje no Vale do Silício", disse Marino.
Segundo ele, a ideia é que o novo conselho trace os planos de expansão do banco para a América Latina. O colegiado passará a se reunir oficialmente a partir de 2019, mas os membros vão começar a se encontrar no segundo semestre para "uma imersão" sobre os novos desafios. "Estamos trazendo executivos de fora para provocar novas visões, pensar em novos segmentos, em como expandir a plataforma digital e acelerar a estratégia de latino-americanização do Itaú Unibanco."
O banco começou a se internacionalizar há 11 anos, após a compra do BankBoston. "O resultado da América Latina no balanço era zero. Hoje, a região responde por 26,5% dos empréstimos totais do banco e 8% dos resultados", afirmou. Com a maior integração do Itaú CorpBanca, a expectativa é de que os resultados da região subam para dois dígitos a partir de 2020.
O banco ocupa a vice-liderança no Uruguai e Paraguai, é o quarta maior instituição no Chile e quinta na Colômbia. "Queremos ser o banco de referência digital na América Latina, avançar onde já estamos e estudar novos mercados. Temos presença na Europa e Estados Unidos, mas trabalhamos para focar na América Latina." O acionista não descarta fazer novas aquisições no exterior.
Trajetória
Filho de Milú Villela, maior acionista individual do banco, Marino, 44 anos, engenheiro mecânico formado pela Poli/USP, fez MBA no Instituto de Tecnologia de Massachusetts e estudou gestão familiar em Harvard. O herdeiro chegou a ser apontado como sucessor de Roberto Setúbal, quando o banco anunciou a sucessão.
Segundo Marino, o Itaú Unibanco é uma instituição meritocrática e preocupada com valores e princípios, pensando nas futuras gerações. "Tudo na vida são ciclos. Fecho este com chave de ouro. Trabalho há mais de 22 anos no mercado financeiro (teve passagens pelo banco Garantia e Goldman Sachs, por exemplo), 16 dos quais no Itaú."
No fim de junho, o herdeiro vai para a Universidade Stanford fazer um curso por sete semanas. "Estou me sentindo obsoleto neste mundo mais disruptivo, de novas tecnologias e vanguarda digital. Vou fazer um minissabático para uma imersão de estudos e depois volto para colocar a mão na massa." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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