Atualizada às 16h01

O ex-presidente Luiz Inácio da Silva (PT) disse em discurso neste sábado (7) que vai se entregar à PF (Polícia Federal). Ovacionado pela militância, ele negou os crimes pelos quais foi condenado e garantiu que vai provar sua inocência.

"Vou de cabeça erguida e vou sair de peito estufado de lá", afirmou o petista após cerca de 55 minutos de pronunciamento. "Quero chegar e falar para o delegado que estou a sua disposição e a história daqui a alguns dias vai provar que quem cometeu crime foi o delegado que me acusou, o juiz que me julgou e o Ministério Público que foi leviano comigo."

Lula está com a prisão decretada no caso tríplex do Guarujá desde quinta-feira. Neste sábado, ele deve se render após negociações com a PF (Polícia Federal). "Eu não estou escondido", disse.

O ex-presidente pediu ainda que a militância resista. Para ele, seus ideais permanecerão mesmo após o cárcere. "Minhas ideias estão pairando no ar, não há como prendê-las. Quando eu parar de sonhar, eu sonharei pela cabeça de vocês. Não adianta achar que tudo vai parar quando o Lula enfartar, o meu coração baterá pelo coração de vocês. Por milhões de corações. Não adianta acharem que vão fazer com que eu pare, eu não pararei porque não sou mais um ser humano. Eu sou uma ideia."

Lula disse que é não é contra a Operação Lava Jato, desde que os julgamentos não sejam pautados pela imprensa, duramente criticada em seu discurso. “Não pensem que eu sou contra a Lava Jato. Tem que pegar bandido que roubou e prender. Todos nós queremos isso. Todos nós, a vida inteira, dizíamos: 'só prende pobre, não prende rico'. (…) Agora, qual é o problema? É que você não pode fazer julgamento subordinado à imprensa porque, no fundo, no fundo, você destrói a imagem das pessoas e, depois, os juízes vão julgar e falar: 'eu não posso ir contra a opinião pública, porque a opinião pública está pedindo pra caçar'”, afirmou.

Petista enalteceu também os feitos para os menos favorecidos durante seus mandatos e se intitulou um “construtor de sonhos”. “Há muito tempo atrás eu sonhei que era possível governar envolvendo o pobre, diminuir a mortalidade infantil, colocar o estudante da periferia na universidade. Esse crime eu cometi e eles não querem que eu cometa. Se for por esses crimes, eu vou continuar sendo criminoso nesse País, porque vou fazer muito mais”, prometeu.