Entrevistar humorista nem sempre é fácil. Complicado saber se a pessoa está falando sério ou não consegue deixar a vontade de ser engraçado de lado. Foi dessa forma – como um verdadeiro stand up – que Oscar Filho apresentou seu projeto Cia do Stand Up ao Diário. O grupo de quatro comediantes é a atração de hoje, a partir das 20h30, no palco do Teatro Clara Nunes, em Diadema.

Oscar, pioneiro do stand up do País, foi fundador e integrante do Clube da Comédia, o primeiro show do tipo em São Paulo. A Cia é um dos projetos do humorista de Atibaia, Interior da Capital. “No grupo, cada um tem um ponto forte. Juntos temos mais força, mais ou menos como a Marvel faz com cada herói”, explica.

O ex-integrante do programa CQC atribui uma característica a cada companheiro: “O Guto Andrade foi adotado de uma família indiana. O Gustavo Pompiani é tão gordo que se fizesse cinema teria que ter trilogia para aparecer por completo. O Tiago Carvalho é tão feio que para o inferno ele não irá porque o Satanás terá medo. E eu sou tão baixo que minha mãe já me guardou junto com os meus playmobils”, escracha. As apresentações dos quatro integrantes, segundo ele, se misturam.

Questionado sobre como consegue fazer piada depois de tanto tempo em cartaz, ele resume: “Enquanto houver vida, haverá material para a arte”. Oscar acredita que o stand up não é moda e, sim, uma linguagem. “Se tornou conhecido porque não tinha quem fizesse aqui no Brasil de forma pura como hoje. Era sempre mesclado no meio de teatro ou algo do gênero. É poderoso subir ao palco e fazer 300, 400 pessoas rirem de ideias que você teve em casa. E o público reconhece isso. Sendo assim, sempre haverá material e comentários sobre o que acontece na nossa vida e na vida dos outros.”

Há dez anos em cartaz com o Putz Grill, o humorista atribui a questão da produção sobreviver ao fato de o texto ser universal. “Quando criei não queria que ficasse datado. Gosto de fazer o show e não penso em parar, porém quero espaço para novas ideias e pensamentos”, explica. Oscar relembra ‘surpresas’ da plateia. “Já teve quem desmaiasse, porrada por causa de lugares, quem urinasse na poltrona e vaia, mas foi isolado.”

Além dos palcos, ele também está em Xilindró, do Multishow. “A primeira temporada foi despretensiosa. Éramos vários comediantes unidos por um diretor, o Pedro Antônio, que gosta do nosso trabalho. Deu tão certo que houve segunda temporada e, agora, terceira. Me divirto fazendo.” Sobre novos planos profissionais, Oscar, mais uma vez, deixa a comédia falar mais alto. “Em breve, estrearei meu espetáculo de dança do ventre com stand up em uma churrascaria. Será um desafio grande.” Algo a acrescentar? “Milho e alcaparras.” Então tá.

Cia do Stand Up – Apresentação. No Teatro Clara Nunes – Rua Graciosa, 300, em Diadema. Hoje, a partir das 20h30. Ingr.: R$ 25 e R$ 50, vendas no site www.sympla.com.br.