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Empreendedor que está fora da web é invisível, diz especialista

Organizado pelo Diário, Empreendedorismo On-line deu dicas práticas aos 200 presentes

Por Soraia Abreu Pedrozo
Yara Ferraz
28/03/2018 | 07:11
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A empresa que não está na internet é invisível. Foi com esta preocupação, confirmada ontem no Seminário Empreendedorismo On-line – realizado pelo Diário, em Santo André –, que cerca de 200 empreendedores ou aspirantes a terem o próprio negócio se inscreveram. Foram realizadas quatro palestras com foco em dicas para atuar na web e melhorar a performance do negócio.

Apesar da constatação, dados do Sebrae-SP mostram que apenas 34,2% das MPEs (Médias e Pequenas Empresas) estão na internet, e cerca de 14,4% destas empresas possuem sites. Ou seja, 65,8% ainda estão off-line.

Autores da frase que atesta que o empreendedor que não está na web não existe, os cofundadores da Agência Lab, Dennis Campos e Claudio Alves, abordaram, além dessa necessidade, a importância de o proprietário separar a empresa do perfil pessoal, de estar presente em mais de uma plataforma on-line, como site, Facebook e Instagram, entre outros.

Tudo partindo do princípio de que as empresas não podem sofrer da teoria de miopia de marketing. “Isso acontece quando a empresa se concentra mais nos seus produtos e serviços no que no próprio cliente, e acredita que o que faz é o melhor, esquecendo de se preocupar com o mercado e a competitividade”, diz Campos.

Para firmar sua presença on-line, o que pode influenciar diretamente no faturamento, é preciso atuar em quatro pilares. “Gerar conteúdo, estar presente nas mídias sociais, interagir com o cliente via e-mail ou WhatsApp, buscar feedback e constar nas pesquisas dos sites de buscas”, completa Alves.

O gerente do Sebrae-SP Paulo Sérgio Cereda orienta que, antes de ingressar na web, é necessário entender se há demanda para o mercado do produto que deve ser comercializado e oportunidade para o negócio. “O empreendedor precisa entender muito bem o seu cliente e o mercado que irá atuar”, pontua.

“Quem por preço vem, por preço vai embora”, assinala. “O valor mais baixo do produto não fideliza o cliente.” Segundo ele, muito mais interessante do que poucas avaliações positivas na página da internet é um debate sobre o produto, ainda que com queixa, desde que com respostas, pois isso deixa a reputação da empresa maior.

Cereda conta que o Sebrae-SP mantém convênio em que é possível contratar menor aprendiz, treinado pela entidade, para que ele seja responsável pelas mídias sociais da empresa. O único custo seria com o pagamento do salário.

O empresário Vagner Bernardes de Souza, de São Caetano, que atua no ramo de brindes personalizados há seis anos, sente na pele esse problema. Segundo ele, há cinco anos a empresa ganhou site e, há três, Facebook. Apesar do bom retorno, o principal problema é a falta de tempo para as atualizações. “Fiquei muito interessado na questão do menor aprendiz, até porque essa parte de marketing acaba sendo deixada de lado, porque somos só eu e a minha irmã, que cuida da parte financeira e eu, do produto.”

O evento teve patrocínio dos Correios e do governo federal, com apoio do Sebrae-SP, da Agência Lab e da Strong Esags.


'Não estou no mercado digital e vi meu faturamento cair 60%'

O empreendedor andreense Gilmar Nobre atua há 20 anos no setor da construção civil. E, nesse período, sempre realizou seu trabalho sem se preocupar com a concorrência. No entanto, ano passado verificou queda de 60% no faturamento do seu negócio, a Nobre Pinturas e Serviços. “Estou fora do mercado digital. Sempre tive medo de que as pessoas copiassem minhas ideias”, revela. “Hoje (ontem), porém, percebi o quão errado estou. Me encaixo no conceito de miopia de marketing abordado no seminário. Sempre achei que era o melhor no que fazia, sem me preocupar com a concorrência.” Ele disse que vai lançar site oficial, inclusive para vender novo serviço, pois hoje mescla assuntos pessoais e profissionais, um dos pontos condenados pelos especialistas.

O também andreense Rodrigo Monroe, proprietário do espaço de coworking Shelf Brasil, aberto há sete meses na Vila Assunção, é bastante familiarizado com a web, e comercializa produtos de terceiros expostos no espaço colaborativo pelas redes sociais. No entanto, para manter-se inovando e realizando parcerias, diz que precisa descentralizar e delegar, uma das lições aprendidas no evento.


Inovar é exercício diário do empresário

“Ser empreendedor é acordar todo dia com vontade de trabalhar. É gostar de segundas-feiras por pensar que se tem mais cinco ou seis dias de oportunidades pela frente. É amar o que faz”, afirma Eduardo Vilas Boas, professor de empreendedorismo da Strong Esags. “E no mundo on-line criar é fundamental. Inovar é um exercício diário, já que o cliente quer algo novo todo dia.”

Para o especialista, é importante sonhar e imaginar onde e como seu negócio estará em dez anos. No entanto, ele orienta que não é preciso desenvolver algo para “revolucionar o mundo”, mas algo diferente. “Temos exemplos de ondas que vieram e já se foram. Por exemplo, lojas de R$ 1,99 e de paleta mexicana. Com a multiplicação de negócios desses tipos, muitos fecharam as portas, pois não há espaço para tantos assim. E os próximos da lista que devem se atentar são barbearias e hamburguerias gourmets”, alerta. “O que a sua empresa pode fazer para se destacar? Como melhorar seu produto e abordar melhor seu cliente? Devem ser preocupações diárias”, sentencia.

Vilas Boas também aponta que não basta ter site ou perfis nas redes sociais. “Eles não vão vender sozinhos.” Para que a internet dê resultados, é preciso saber com que tipo de usuário se está falando. Pela web, é possível enxergar tendências e oportunidades, monitorar atendimento dos funcionários, ações dos concorrentes e vender. “Aproveite seus pontos fortes, sem ser centralizador. Se não tem perfil para certas funções, monte equipe com pessoas que sejam boas em seus pontos fracos. E aprenda a delegar.”

O empreendedor não deve frear suas ideias pela falta de recursos, orienta. “Mesmo que não tenha verba disponível, às vezes vale arriscar para ampliar o negócio que, quando tiver estatísticas positivas, pode buscar por investidor.”

IMPRESSÕES - Para o secretário de Desenvolvimento Econômico de São Caetano, Silvio Minciotti, o empreendedorismo on-line é algo para se aplicar já. “O empresário não deve postergar a entrada no mundo virtual para não perder oportunidades.” Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo, Hiroyuki Minami, a região está cerca de 30 anos atrasada quanto à imersão no mundo digital. “É preciso correr para fazer frente à concorrência e trabalhar com ferramentas certas.”


Correios dispõem de serviço que permite gastar 47% menos

Os custos logísticos a empresas que atuam com e-commerce são compostos em 63% pelos gastos com frete, 20% com armazenamento e 17% com o custo manuseio. Pensando nisso, e no peso que essas despesas representam ao pequeno empresário, os Correios lançaram solução que, além de profissionalizar o serviço e ser uma ‘mão na roda’ a quem tem pouca equipe e pouco espaço, reduz os custos em até 47%. O Log + faz a coleta do produto, armazena, prepara, distribui, faz logística reversa e gerencia o pós-venda. Por enquanto, há um centro de armazenamento em Cajamar, em São Paulo, e outro em Brasília, o que deve ser expandido para outros Estados ainda neste ano.

Conforme o coordenador de clientes de atacado dos Correios, Thiago Estevão Lopes, independentemente da escolha, essas etapas devem ser prioridade às empresas. “A definição de local apropriado ao estoque é necessário, porque ele precisa de uma gestão. Além disso, se for um produto frágil, é necessário manuseio correto e infraestrutura para empacotá-lo.”

Ele também apresentou o Correios Web Service, pelo qual é possível gerenciar a postagem, imprimir etiqueta padrão de entrega e gerar código de rastreamento por meio de um mesmo sistema. E o Clique e Retire, que permite ao cliente buscar encomendas em unidades com horário estendido, após o envio de SMS, além da logística reversa, que possibilita ao carteiro retirar produto enviado erroneamente, e na mesma hora já entregar o correto.




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