Política Titulo 60 anos em 60 entrevistas
‘O jornal tem papel de impulsionador do desenvolvimento’
Por Soraia Abreu Pedrozo
26/03/2018 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Valter Moura completa, em 2018, 40 anos de atuação na Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo). Em outras palavras, há pelo menos quatro décadas ele acompanha de perto o desenvolvimento econômico de sua cidade e do Grande ABC. Para Moura, o Diário tem papel de agente impulsionador das sete cidades e, muitas vezes, atua como fiscalizador e formador de opinião, objetivando a conscientização da população. Para o futuro, ele acredita ser necessário mobilizar as instituições, sejam públicas ou privadas, a venderem melhor a imagem da região, hoje já não tão rica, mas com capacidade “incrível de transformação.”


O Diário completa, em maio, 60 anos. Ao longo dessas seis décadas, o senhor acredita que o jornal foi importante para o desenvolvimento da economia da região? De que maneira?

Claro, sem dúvida, que o Diário foi de suma importância para a região, além de ter sido uma referência para várias outras cidades do Estado de São Paulo, como o maior veículo regional de comunicação. Completar 60 anos é motivo de orgulho para todos aqueles que aqui residem e trabalham construindo a amplitude do Grande ABC. Parabéns ao Diário e a toda a sua diretoria, aos fundadores, funcionários e colaboradores.

O senhor acredita que o jornal tenha contribuído para o desenvolvimento do comércio e da indústria no Grande ABC? E para o empreendedorismo? Por quê?

Além da informação, o Diário teve e tem o papel de agente impulsionador do desenvolvimento econômico das nossas cidades. Muitas vezes, o jornal fez o papel de fiscalizador, em outras, de formador de opinião, objetivando a conscientização da população para solução dos problemas regionais. Foram muitas as vezes em que o papel do Diário norteou mudanças em rumos de nossa região. Quantas foram as campanhas que mostraram as sinalizações de mudanças no perfil de nosso parque industrial e quantas impactaram positivamente no nosso comércio e no apoio aos nossos empreendedores? Foram incontáveis! O Diário está sempre na vanguarda das ações socioeconômicas da região. Para o empreendedorismo foi fundamental ter abraçado esta causa, contribuído para o crescimento deste setor, que gera iniciativas por necessidade e, em consequência, cria oportunidades de emprego e renda e contribui para o desenvolvimento regional.

Qual foi a maior contribuição do Diário em São Bernardo, em sua avaliação?

Escolher a maior contribuição para São Bernardo é muito difícil, entre tantas ações efetuadas pelo jornal. Prefiro destacar o conjunto da obra e enaltecer que essas ações continuem dia a dia, pois cuidar da nossa cidade e região é uma luta contínua e permanente. Ainda é preciso destacar algumas ações pontuais que o Diário promoveu e que motivaram um comportamento positivo na melhoria do desenvolvimento político, econômico, social e cultural da região, como o Fórum da Cidadania do Grande ABC e o Vote no Grande ABC.

O senhor se lembra quando teve o primeiro contato com o Diário? Como foi?

Meu primeiro contato com o Diário foi na década de 1970, quando tive o privilégio de conhecer os diretores do jornal, através da Rádio Independência, pertencente ao grupo e estabelecida em frente ao meu escritório, naquela época, em São Bernardo.

Lembra-se também quando o Diário publicou a primeira reportagem a seu respeito e por qual razão?

Acredito que a primeira matéria a meu respeito foi no início dos anos 1980, por ocasião do Movimento Popular Jânio Quadros (PTN), que culminou com a realização de um jantar no dia 25 de janeiro de 1981, no Restaurante São Judas, em São Bernardo, com a presença de diversas autoridades dos universos político e empresarial, em homenagem ao ex-presidente da República.

Há quantos anos o senhor atua na Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo)? E na Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado São Paulo)?

Fui convidado a ingressar na Acisbec no ano de 1978, exercendo o cargo de vice-presidente. Naquele ano, a Acisbec estava passando por dificuldades financeiras, com ameaça de ação de despejo do prédio na Rua Marechal Deodoro, no Centro. Superamos essa crise financeira e a Acisbec conseguiu dar a volta por cima com trabalho, dedicação e ousadia, além da construção da sua sede própria, com área de 3.800 metros quadrados, oferecendo aos seus associados e à comunidade amplas instalações para promover o desenvolvimento econômico da cidade. Fui convidado para ingressar na Facesp no início dos anos 1990, representando o Grande ABC e divulgando o potencial econômico da região no Estado de São Paulo e em todo o Brasil.

Quanto tempo o senhor atuou na Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC?

Juntamente com as demais instituições representativas da região, somos fundadores da Agência de Desenvolvimento do Grande ABC, que teve como protagonista o saudoso prefeito Celso Daniel (PT). Exerci a presidência da entidade por dois anos (2011-2013), promovemos a maior feira de produtos e serviços da região, e capacitamos mais de 450 empresas do setor metalmecânico, entre outras ações.

Em algum momento da sua carreira à frente da Acisbec ou da Agência de Desenvolvimento Econômico o Diário lhe foi útil de alguma maneira? Como?

Em todas as ações positivas que promoveram o desenvolvimento local, seja na Acisbec ou na Agência de Desenvolvimento, o Diário foi fundamental para o sucesso desses empreendimentos, divulgando, apoiando e participando com suas opiniões e sugestões.

Em sua opinião, qual a importância do jornalismo regional? E do Diário?

‘A imprensa é a vista da nação. Por ela é que a nação acompanha o que lhe passa ao perto e ao longe, enxerga o que mal fazem, devassa o que lhe ocultam e tramam, colhe o que sonegam, ou roubam, percebe onde lhe almejam, ou destroem, vela pelo que lhe interessa e se acautela do que lhe ameaça’, expressa Rui Barbosa. A imprensa tem papel de extrema relevância na regionalidade. Sabemos da dificuldade em se manter em um mercado competitivo e que, além das dificuldades naturais de qualquer negócio, tem que conviver com a proximidade da cidade de São Paulo e com seus meios de comunicação de estruturas gigantes. Mas nessa disputa, o Diário sempre terá a vantagem de conhecer as necessidades locais e tratá-las com a prioridade necessária. Cabe aqui um depoimento: toda a imprensa regional que encontramos em nossa região foi motivada, sem dúvida alguma, pelo pioneirismo do Diário.

O senhor enxerga o jornal como um canal para os empresários do Grande ABC? E para as indústrias e os comércios regionais? Por que?

É um canal importantíssimo, pois trata das peculiaridades e especificidades locais, divulgando suas dificuldades e conquistas, apresentando soluções e orientando os empresários por meio de seus artigos, reportagens e opinião.

Em sua opinião, o que pode ser feito para ajudar a fortalecer tanto a economia quanto os ramos comercial e industrial na região? E para fortalecer as associações comerciais?

Precisamos repensar, aprimorar e modernizar o Grande ABC. Para isso, acredito ser de suma importância reunir forças, com a participação de todos os segmentos da sociedade, no sentido de realizar grande Fórum de Desenvolvimento Econômico e Social do Grande ABC, para tratar das diretrizes dos próximos 20 anos.

Como o Diário participaria desse movimento?

Com apoio e participação do Diário, o movimento exige grande reflexão sobre o atual quadro político-institucional do País. Quando percebemos que para produzir precisamos obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovamos que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando percebemos que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, ao contrário, são eles que estão protegidos; quando percebemos que, na maioria das vezes, a corrupção é recompensada e a honestidade se converte em autossacrifício, então poderemos afirmar que nossa sociedade está condenada. E para revertermos isso, cabe à imprensa, à mídia em geral, exercer o seu poder de influência. E, ao Diário, exercer o seu papel de formador de opinião para que possamos preparar a nova geração no caminho da democracia, da justiça social e do bem comum de toda nossa região.

Que futuro o senhor espera para o Grande ABC?

Acredito que o Diário poderia mobilizar as instituições, sejam públicas ou privadas, a venderem melhor a imagem de nossa região, que hoje já não é tão rica, mas que tem uma capacidade incrível de transformação, porém, muitas vezes é maltratada pelos moradores.

Como isso seria feito?

Proponho esse desafio de falarmos melhor do lugar onde escolhemos para viver. Somos hoje aproximadamente 2,7 milhões de cidadãos, o que forma a região algo mais do que um poderoso polo industrial, gerador de riquezas, como se originou a partir da década de 1960. Temos uma concentração respeitável no plano demográfico, com seus desafios sociais e econômicos, cuja renda per capita supera a de muitas regiões do País, situando-se bem acima da média nacional. Isso representa um mercado consumidor com grande potencial, com atrativos de investidores nos setores de serviços, comércio, indústria e de infraestrutura. Temos a localização estratégica do Grande ABC: ‘A maior esquina do País’, como afirmou tempos atrás o governador Geraldo Alckmin (PSDB), e que deve ser melhor potencializada.

Para isso é preciso haver mais integração entre as sete cidades, não?

Sem dúvida. Devemos defender a política de integração regional, necessária para termos a região mais competitiva, objetivando melhor qualidade de vida para toda a comunidade. É oportuno lembrar que estamos em ano eleitoral e precisamos imprimir a cultura de política local condizente com a grandeza e o empreendedorismo de nossa região. Acredito que o Diário, em parceria com as associações comerciais, poderá organizar e divulgar eventos para conscientizar os cidadãos, empresários e políticos para pensar a região e promover o desenvolvimento econômico, político, social e cultural, visando o bem-estar da comunidade do Grande ABC.

Valter Moura e o Diário

Nascido no bairro paulistano Ipiranga, em 24 de agosto de 1946, Valter Moura viveu na Capital até completar 19 anos. Depois, mudou-se para São Bernardo, onde estudou na Faculdade de Direito de São Bernardo, e alterou o rumo de sua vida para sempre. Ao completar 40 anos de atividades na Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), ele lembra que seu contato inicial com o Diário foi nos anos 1970, e a primeira reportagem a seu respeito foi publicada na década seguinte, por ocasião do Movimento Popular Jânio Quadros (PTN) e jantar oferecido ao ex-presidente no Restaurante São Judas. 




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