O senhor disse que aceitou disputar o governo porque está atendendo a um chamado de mais de 1.700 tucanos que assinaram um documento defendendo seu nome. Mas como ficam os 3 milhões de eleitores que votaram com a sua promessa de permanecer os 4 anos na Prefeitura? Eles têm menos valor que esses 1.700 tucanos?
Valem tanto quanto. Cada cidadão tem o seu valor. As pessoas votaram em João Doria e Bruno Covas. Você não vota em um indivíduo, mas no conjunto de valores e programas. Os eleitores não ficarão frustrados com Bruno Covas. Com 37 anos, ele é PSDB como eu. Quem votou no PSDB não terá a frustração de ter um prefeito de outro partido. Em São Paulo, com São Paulo e para São Paulo
Você não se incomoda de ter prometido tantas vezes que ficaria os quatro anos e não cumprir isso?
Não vamos deixar a cidade e o Estado de São Paulo. Eu aqui estarei. Quantas vezes na sua vida você teve que modificar ideias, propostas e planejamentos de ordem pessoal, conjugal, familiar e nem por isso foi mal avaliado? Quantas pessoas formam seus casamentos, prometem a eternidade e muitas vezes se separam, sem nem por isso agredir ou se odiar?
É a segunda que vez que o eleitor de São Paulo vota em um tucano e ele deixa a Prefeitura depois de 15 meses...
José Serra foi sucedido por Gilberto Kassab, que foi um prefeito tão bom que foi reeleito. E José Serra foi eleito governador. Se não fosse bom, não teria sido eleito. Essa tese não se aplica.
A reação nas redes sociais após sua decisão de concorrer ao governo foi muito ruim. Já espera que a renúncia será um tema que vai persegui-lo na campanha?
Nada na minha vida foi fácil. E não será. Enfrentamento, adversidades e xingamentos fazem parte de uma estrutura de campanha. Isso não incomoda. É importante eleger Geraldo Alckmin presidente da República, afastar o risco de uma candidatura de extrema esquerda ou extrema direita para o País.
O vice-governador Márcio França se aproximou do PCdoB e deve receber apoio do partido. Ele também está próximo do PDT, o que pode isolar o prefeito na disputa. Seria uma chapa com perfil de centro-esquerda. Como avalia essa movimentação?
Quem faz associação com PDT, PCdoB e partidos de esquerda não é de centro esquerda, mas de esquerda. Nada contra, mas o campo do PSB é a esquerda. O PSB não faz essa aliança apenas aqui. O PSB apoia ostensivamente o PT, PDT, PCdoB, PSOL, Rede, PSTU e partidos de extrema-esquerda nas Regiões Norte e Nordeste do País. Essa é a orientação explícita da sua direção. Estou em outro campo.
Márcio França tem dito que o senhor não foi leal, que lhe ajudou a montar sua ampla aliança em 2016. Diz também que não foi leal ao governador Geraldo Alckmin por pleitear a candidatura ao Palácio do Planalto ano passado. Como responde a isso?
Sou leal ao povo. Devo os votos que recebi ao povo. O povo vai julgar.
A candidatura ao governo de São Paulo foi seu plano B?
Nem A nem B. É o plano governo de São Paulo. Isso vai contribuir para a eleição nacional do Geraldo Alckmin.
Seus adversários entraram na Justiça com uma liminar pedindo a anulação das prévias. Dizem que o processo é fraudulento. Até dirigentes do PSDB reconhecem que não há como evitar fraudes. O processo de prévias é frágil?
O PSDB já fez prévias outras vezes e as contestações dos potenciais derrotados foram exatamente as mesmas. O mesmo José Aníbal de hoje é o de 2015, que esperneou, criticou, entrou na Justiça e perdeu. José Aníbal é um perdedor contumaz. Gosta de seguir a trajetória da derrota. Paciência.
Por que o senhor trata assim seus colegas de partido?
Não tenho obrigação de ser gentil com quem é hostil. Perca com dignidade. Ele está protestando porque sabe que vai perder. Cabe a ele explicar por que acumula tantas derrotas e tanta amargura.
O senhor disse que não precisa do aval do Alckmin para ser candidato a governador...
Ele mesmo disse isso. Essa não é uma frase hostil ao governador. O governador tem dito que é o PSDB que defende o candidato.
O senhor disse em 2017 que seria candidato a governador se Alckmin pedisse. Ele pediu em algum momento?
O governador faz parte do PSDB. O partido não tem dono. Não há uma decisão de um cacique, nem ele se intitula como tal. Alckmin é um democrata que respeita as decisões partidárias.
Vai voltar a usar o mote do não-político?
Vamos usar o mote que for necessário.
Depois de renunciar à Prefeitura para disputar o governo, acredita que as pessoas vão acreditar que o senhor não é político?
Vamos estudar isso. Avaliar. Estou na política.
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