Setecidades Titulo Oportunidade
Universidade é a porta para vida longe do crime

Interno da Fundação Casa em Sto.André realiza sonho de ingressar em curso de Administração

Juliana Stern
Especial para o Diário
19/03/2018 | 07:21
Compartilhar notícia
Nario Barbosa/DGABC


“É meu sonho desde moleque”, comemora William (nome fictício), 19 anos, interno da Fundação Casa Santo André 2 desde 2015, sobre a aprovação no vestibular e início do curso superior de Administração. Desde a semana passada, o calouro passou a frequentar aulas presencias, no período da manhã, na Universidade Anhanguera.

Para que o interno alcançasse seu objetivo, equipe de pedagogos da Fundação Casa acompanhou os estudos e o incentivou a pensar no futuro fora da unidade de ressocialização. E o sucesso não foi fácil. Exigiu persistência, tendo em vista que, em 2016, não conseguiu se classificar no processo seletivo. “Conhecimento e educação me mudaram. Percebi que, se correr atrás do que quero, consigo, mesmo estando neste lugar”, diz William, cujo ato infracional cometido não pode ser divulgado por restrição legal.

Com sorriso estampado no rosto, ele comenta sobre a felicidade da família com o feito. Segundo o interno, a notícia de que foi aprovado no vestibular foi recebida pela mãe. E a empolgação com a nova fase da vida do filho é tamanha que os pais o presenteiam com peças de roupas novas todos os fins de semana. “Está parecendo um closet”, comenta William sobre o quarto onde vive na Fundação Casa.

Em relação ao futuro, o universitário já tem planos ousados para a carreira. “Quero procurar estágio, planejo fazer pós-graduação, talvez até outro curso”, afirma William, que deve deixar o centro de ressocialização em agosto.

EXEMPLO

Por ser atualmente o interno mais velho do centro Santo André 2, William é espelho para os mais jovens, ressalta a pedagoga da unidade Raquel Correia da Silva, 49. “Eles (internos mais novos) pedem para ele (William) ajudar nos estudos e provas. Desde que ele passou no vestibular, todo mundo quer estudar também”, conta a funcionária.

Se para os companheiros de Fundação Casa o agora universitário é exemplo, para Raquel, William é motivo de orgulho. A profissional acredita que o caso dele é exemplo de como a receita para mudar de vida é o estudo. “Esses garotos (internos) têm a ilusão de que vão ter uma vida melhor no tráfico, no crime. Sendo que a única coisa que vão conseguir é morrer cedo ou virar escravo de alguém. Sempre falo para eles que conhecimento é o único bem que não podem roubar”, diz. Em contrapartida, o jovem considera a pedagoga amiga. “Ela me leva para a aula e me busca, prepara lanche. Esses dias até falou o que eu tinha que vestir, que calça branca não combina com chuva”, revela o interno.

William não foi o único jovem da instituição a conquistar vaga no Ensino Superior. Outros seis internos de unidades do Estado ingressaram em universidades com base nas notas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;