O transporte de gado vivo até a Turquia - que envolve a captação de animais de diferentes pecuaristas, o transporte de caminhão até o porto, o embarque, a viagem e o desembarque - leva, em média, cerca de um mês para ser completado.
O embarque do gado no navio pode demorar de cinco a sete dias, dependendo do tipo de caminhão usado para a operação. Em caso de cargas de mais de 25 mil bois, como a da Minerva, as empresas preferem usar caminhões de dois andares, para agilizar o processo - a prática, no entanto, é vedada em portos como o de Santos.
Após o navio zarpar, a viagem até a Turquia - principal destino de animais brasileiros - dura cerca de 16 dias. Uma vez em solo turco, a inspeção e o desembarque da carga estende a operação por mais cinco e sete dias.
Ações movidas por organizações não governamentais levaram a Justiça Federal paulista a agendar uma inspeção no navio que ficou parado em Santos. O laudo judicial detectou "condições de higiene muito precárias" e ambiente "insalubre" para os animais. O documento será uma das bases do recurso que o Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal prepara para apresentar à Justiça.
"É uma atividade que não agrega valor para a economia e só beneficia poucos empresários", diz Vânia Plaza Nunes, diretora técnica da organização não governamental. "A taxa de mortalidade é muito alta, de 10% de um total de 25 mil animais", afirma.
Fonte ligada aos exportadores disse, no entanto, que esse índice de perdas na exportação simplesmente inviabilizaria o negócio e espantaria os compradores. E frisou que a média de mortes seria bem menor, da ordem de 0,1%. Ou seja: cerca de 25 bois, em uma carga de 25 mil, iriam a óbito durante o transporte de navio.
A Associação Brasileira dos Exportadores de Gado (Abeg) disse, em e-mail enviado à reportagem, que existe desinformação em relação à venda de gado vivo e reforçou a preocupação do setor com as condições dos animais durante o processo de exportação.
"O bem-estar animal faz parte da sustentabilidade da atividade. Um boi sem bem-estar causa prejuízos (ao vendedor)", disse a entidade, referindo-se à noção de que o um animal sujeito a altos níveis de estresse pode resultar em produto final de qualidade menor.
Retorno. Líder no segmento, a Minerva se pronunciou sobre as críticas de entidades ambientais por meio de nota. "O manejo do gado (de exportação) segue todos os procedimentos adequados para preservar o bem-estar dos animais durante o transporte, embarque e no decorrer da viagem até o destino". A empresa também lembrou que a atividade é regulada pelo Ministério da Agricultura. Procurado, o ministério não concedeu entrevista. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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